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LUXO
Sede da Receita é equipada com tapetes paquistaneses e coleção de aparelhos de som
Apreensões "sofisticam" repartição
da Sucursal do Rio
e da Reportagem Local
Depois das lojas especializadas, um dos lugares com maior
concentração de tapetes finos e
aparelhos de som por metro
quadrado talvez seja o gabinete
da superintendência da Receita
Federal em São Paulo.
A Receita escapou da penúria
que atinge a maior parte das re
partições porque nos últimos
dois anos vem se equipando
com mercadoria confiscada no
combate ao contrabando.
Pela lei, cabe à própria Receita
decidir o destino dos produtos
apreendidos. Podem ser leiloados, doados a órgãos públicos
ou incorporados ao patrimônio
do fisco. Como o orçamento anda apertado, o superintendente
de São Paulo, Flávio Del Comuni, prioriza as incorporações.
Só no ano passado, a Receita
confiscou cerca de US$ 1 bilhão,
a preços de mercado, em mercadorias no Estado de São Paulo.
Mas ninguém na Receita sabe
informar quanto disso ficou
com a repartição. Em grande
parte, o processo envolveu computadores, faxes ou telefones,
que ajudam a melhorar o desempenho da instituição.
O que mais chama a atenção,
no entanto, é a quantidade de
artigos requintados e os vários
carros de luxo. No conjunto de
escritórios e salas de espera da
superintendência há dezenas de
tapetes feitos à mão no Paquistão ou na Bulgária. Há também
pelo menos um aparelho de
som em cada escritório.
A Folha teve acesso aos registros das incorporações feitas entre janeiro de 98 e fevereiro deste
ano. Nesses documentos, aparecem mais de 400 aparelhos de
som, 160 tapetes, 80 videocassetes e 60 televisores.
"Televisores e vídeos servem
para o treinamento de funcionários, os aparelhos de som melhoram o ambiente de trabalho", diz Flávio Del Comuni, superintendente da Receita em
São Paulo. "Os tapetes nós preferimos segurar porque, se forem a leilão, o comprador poderá ter um documento para esquentar mercadoria irregular."
O problema é que, só no item
conjunto de som, o fisco atinge a
marca de 1 aparelho para cada
10 funcionários - a Receita tem
4.050 funcionários no Estado.
Todos esses produtos, mais
geladeiras, microondas e veículos, são repartidos entre as várias unidades da Receita no Estado. A delegacia de Taboão da
Serra, na Grande São Paulo, tem
16 funcionários. Mas recebeu 21
conjuntos de som e 4 vídeos.
A Receita incorporou vários
veículos esportivos, picapes e
carros de luxo. Para o gabinete
da superintendência foram destinados meia dúzia de veículos,
entre eles um Honda e um Mazda. "Eu mando gente entregar
documentos à Justiça cinco ou
seis vezes por dia. Não posso pedir que o funcionário use seu
carro para isso", diz Comuni.
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