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Opções deixam FHC em posição incômoda
do enviado especial ao Rio
Seja qual for a decisão do ex-presidente Itamar Franco -concorrer à Presidência ou ao governo de
Minas em 1998-, o presidente
Fernando Henrique Cardoso ficará em uma posição incômoda.
Se a opção for a Presidência,
FHC terá a inconveniência de tentar a reeleição contra Itamar, que
ao indicá-lo ministro da Fazenda
favoreceu sua candidatura em 94.
Durante a campanha, FHC teria
de dividir com o ex-presidente as
glórias do Plano Real, âncora eleitoral de FHC em 94 e, certamente,
em 98. Além disso, quanto mais
partidos apresentarem candidatos, mais difícil será para FHC se
reeleger ainda no primeiro turno.
Caso não seja candidato à Presidência, Itamar se lançaria para o
governo de Minas Gerais. Nesse
caso, FHC poderia ser constrangido a, no mínimo, não atrapalhar o
ex-presidente, o que criaria muitas
dificuldades com o atual governador, Eduardo Azeredo (PSDB),
que é candidato à reeleição.
A opção por Minas pode criar o
mesmo problema que FHC enfrenta hoje com o governador Mário Covas em São Paulo -um tucano candidato à reeleição tendo
como principal adversário um político que o presidente não quer
ver concorrendo ao Planalto.
A neutralidade na disputa estadual, que o ex-prefeito Paulo Maluf tenta negociar em São Paulo,
Itamar poderia pleitear em Minas.
Política mineira
Após reunião de FHC com Itamar nos EUA há cerca de três meses, surgiram rumores de que o
presidente tentou convencê-lo a
disputar o governo de Minas. Os
tucanos mineiros reagiram duramente e pediram lealdade a FHC.
O PSDB de Minas até hoje reclama do fato de o presidente não ter
apoiado com decisão a candidatura de Azeredo em 94, quando ele
disputou com Hélio Costa, que tinha o apoio do PFL, um dos partidos que dava sustentação a FHC.
Desde então, as críticas de Azeredo, já citado por FHC como um
exemplo de governador, têm sido
constantes. A última foi na semana
passada, quando ele, seguindo o
exemplo de Covas, criticou a perda
dos Estados com a Lei Kandir.
Itamar ainda fala pouco sobre
essa segunda opção, segundo os
seus amigos, mas nunca a descartou -até porque chegar ao Palácio da Liberdade sempre foi um
dos seus grandes desejos políticos.
E, teoricamente, o ex-presidente
teria mais facilidade para articular
a sua candidatura ao governo de
Minas do que à Presidência.
Para a disputa presidencial, Itamar teria que vencer, no PMDB, a
resistência do grupo governista,
que quer aderir à candidatura
FHC, além de possíveis candidatos, como os senadores José Sarney (AP) e Roberto Requião (PR).
Em Minas, sua candidatura pode
unir o PMDB estadual e dois
pré-candidatos podem desistir da
disputa em seu favor: o prefeito de
Contagem, Newton Cardoso
(PMDB), e o ex-deputado Hélio
Costa (PFL), ferrenhos adversários de Azeredo.
(PAULO PEIXOTO)
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