São Paulo, segunda, 22 de setembro de 1997.



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Opções deixam FHC em posição incômoda

do enviado especial ao Rio

Seja qual for a decisão do ex-presidente Itamar Franco -concorrer à Presidência ou ao governo de Minas em 1998-, o presidente Fernando Henrique Cardoso ficará em uma posição incômoda.
Se a opção for a Presidência, FHC terá a inconveniência de tentar a reeleição contra Itamar, que ao indicá-lo ministro da Fazenda favoreceu sua candidatura em 94.
Durante a campanha, FHC teria de dividir com o ex-presidente as glórias do Plano Real, âncora eleitoral de FHC em 94 e, certamente, em 98. Além disso, quanto mais partidos apresentarem candidatos, mais difícil será para FHC se reeleger ainda no primeiro turno.
Caso não seja candidato à Presidência, Itamar se lançaria para o governo de Minas Gerais. Nesse caso, FHC poderia ser constrangido a, no mínimo, não atrapalhar o ex-presidente, o que criaria muitas dificuldades com o atual governador, Eduardo Azeredo (PSDB), que é candidato à reeleição.
A opção por Minas pode criar o mesmo problema que FHC enfrenta hoje com o governador Mário Covas em São Paulo -um tucano candidato à reeleição tendo como principal adversário um político que o presidente não quer ver concorrendo ao Planalto.
A neutralidade na disputa estadual, que o ex-prefeito Paulo Maluf tenta negociar em São Paulo, Itamar poderia pleitear em Minas.

Política mineira
Após reunião de FHC com Itamar nos EUA há cerca de três meses, surgiram rumores de que o presidente tentou convencê-lo a disputar o governo de Minas. Os tucanos mineiros reagiram duramente e pediram lealdade a FHC.
O PSDB de Minas até hoje reclama do fato de o presidente não ter apoiado com decisão a candidatura de Azeredo em 94, quando ele disputou com Hélio Costa, que tinha o apoio do PFL, um dos partidos que dava sustentação a FHC.
Desde então, as críticas de Azeredo, já citado por FHC como um exemplo de governador, têm sido constantes. A última foi na semana passada, quando ele, seguindo o exemplo de Covas, criticou a perda dos Estados com a Lei Kandir.
Itamar ainda fala pouco sobre essa segunda opção, segundo os seus amigos, mas nunca a descartou -até porque chegar ao Palácio da Liberdade sempre foi um dos seus grandes desejos políticos.
E, teoricamente, o ex-presidente teria mais facilidade para articular a sua candidatura ao governo de Minas do que à Presidência.
Para a disputa presidencial, Itamar teria que vencer, no PMDB, a resistência do grupo governista, que quer aderir à candidatura FHC, além de possíveis candidatos, como os senadores José Sarney (AP) e Roberto Requião (PR).
Em Minas, sua candidatura pode unir o PMDB estadual e dois pré-candidatos podem desistir da disputa em seu favor: o prefeito de Contagem, Newton Cardoso (PMDB), e o ex-deputado Hélio Costa (PFL), ferrenhos adversários de Azeredo. (PAULO PEIXOTO)


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