São Paulo, segunda, 22 de setembro de 1997.



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NO AR
Teledramaturgia

NELSON DE SÁ
da Reportagem Local

Na Globo:
- A musa dos sem-terra vai virar estrela de novela... Vai ser uma prostituta.
Na crescente confusão entre política e teledramaturgia, bem que podiam achar outro papel para a sem-terra.
- Ajudando a construir um novo Brasil... Veja como se faz um Brasil em Ação.
Era Regina Duarte, desde sempre garota-propaganda de FHC, ontem e anteontem nas redes todas. Longo comercial, chamado Brasil Real, trazia "histórias de brasileiros de energia e vida".
Algumas imagens exibiam esportistas -como fez Bill Clinton, ao ligar a retórica de reeleição à Olimpíada.
E o roteiro era aquele, de FHC. "Populares" diziam dos esforços de reação:
- Estamos nos capacitando com competitividade.
E a locução:
- A pequena cidade agora exporta para o mundo.
Capacitação, competição, globalização. E a Globo vem em cima com manchete:
- Como enfrentar o desemprego? Duzentos mil trabalhadores voltam às salas de aula para se reciclar.
FHC, Globo, Regina Duarte -o roteiro é um só.


Em baixa, porém, FHC é obrigado a andar em carro blindado e com colete à prova de balas. Na CBN:
- Tirou o fim-de-semana para descansar, mas do lado de fora, bem em frente ao seu apartamento, trabalhadores aproveitaram a sua presença para manifestações.


Lula, Ciro, ninguém admite o papel de candidato, mas são todos. Diálogo de repórter e Itamar, na Globo News:
- Você vai ser candidato no próximo ano?
- Não... Vamos ver...
Diálogo de outro repórter e Covas, na Globo:
- O senhor não volta atrás na sua decisão?
- Ah, essa é uma pergunta que não se faz.




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