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SUCESSÃO NO ESCURO
Ex-governador gaúcho já negocia filiação ao PPS; senador José Fogaça ainda estuda mudança
PMDB racha no Sul; Britto deve apoiar Ciro
LÉO GERCHMANN
DA AGÊNCIA FOLHA, EM PORTO ALEGRE
Um grupo de políticos liderado
pelo ex-governador do Rio Grande do Sul Antônio Britto decidiu
ontem deixar o PMDB. A tendência é de que esse grupo ingresse
no PPS, compondo com o presidenciável Ciro Gomes.
Britto estava descontente com
os destinos da sigla desde que
perdeu o controle do PMDB gaúcho para os aliados do ministro
dos Transportes, Eliseu Padilha.
Mas a gota d'água para a mudança partidária foi a "forma humilhante" como o senador José
Fogaça (PMDB) foi tratado na
disputa pela presidência do Senado Federal, vencida por Ramez
Tebet (PMDB-RS).
Aliado de Britto, Fogaça fez
mistério sobre a possibilidade de
abandonar o PMDB. "Não sei o
que vou fazer. Meu momento é de
muita emocionalidade para tomar decisões", disse, negando,
por enquanto, a cogitação de que
deixaria a política partidária.
O deputado estadual gaúcho
Bernardo de Souza (PPS) já recebeu um telefonema de Britto confirmando a adesão ao partido na
semana que vem. O presidente
nacional do PPS, senador Roberto Freire (PE), fez contato com
Fogaça para fazer-lhe o convite.
"Na terça ou na quarta divulgaremos nossa decisão, que começou a ser tomada ontem. Divulgaremos juntos o que faremos. A situação de desconforto é visível.
Não posso anunciar nada agora,
nosso grupo é muito coeso, e a
decisão será divulgada em conjunto", afirmou Britto para a
Agência Folha. Hoje ou amanhã,
o ex-governador se reúne com
Bernardo de Souza para acertar
os detalhes do anúncio.
O senador Roberto Freire não
escondeu sua euforia. "É um
avanço muito importante, em
termos regionais e nacionais. O
Britto tem o propósito de, no PPS,
ajudar a costurar a aliança que envolverá o PDT e o PTB", disse.
Governo ou Senado
Por mais que evite especulações,
a mudança de partido credencia
Britto a disputar o governo gaúcho ou uma vaga no Senado. A
possibilidade de ser vice na chapa
de Ciro Gomes é remota, pois não
seria considerada uma boa estratégia ter, na composição, dois políticos de um mesmo partido. A
vaga de vice seria destinada a alguém de uma sigla diferente na
aliança -até o momento, ela está
prometida ao PTB.
A decisão de trocar o PMDB pelo PPS ocorreu em reunião realizada na casa de Britto, que se iniciou na noite de anteontem e se
estendeu até as 4h de ontem.
Os outros integrantes do grupo
são o deputado federal Nelson
Proença e os estaduais Berfran
Rosado, Iara Wortmann, Mário
Bernd e Elmar Schneider. Os deputados estaduais Paulo Odone e
Cézar Busatto ainda decidirão se
acompanham a dissidência. Dentre os que participaram do encontro, o único que decidiu permanecer no PMDB foi o deputado
federal Germano Rigotto.
A bancada do PMDB na Câmara dos Deputados vem encolhendo este ano. Em 14 de fevereiro, o
partido tinha 100 deputados federais. Ontem, a Câmara registrava
92 deputados do partido.
A vitória da ala governista na
convenção nacional fortaleceu a
impressão de que o partido não
terá candidato próprio na eleição
presidencial, o que pode levar a
uma retração ainda maior da
bancada. Por isso muitos deputados estão buscando refúgio em legendas mais competitivas.
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