São Paulo, quinta-feira, 22 de setembro de 2005

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PT e oposição partem para briga na sessão conjunta

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Em vez de se concentrarem na obtenção de informações do banqueiro Daniel Dantas, governistas e membros da oposição gastaram parte da sessão de ontem das CPIs dos Correios e do Mensalão se atacando, inclusive com tapas e empurrões.
O momento de maior descontrole foi quando a senadora Heloísa Helena (PSOL-AL) e os deputados João Fontes (PDT-SE) e Eduardo Valverde (PT-RO) deixaram o debate de lado e partiram para a agressão física. A sessão foi suspensa por cerca de 15 minutos.
Valverde pedia a palavra para rebater acusações feitas pelo deputado Eduardo Paes (PSDB-RJ) contra o governo. Fontes, que estava de pé ao seu lado, achava que ele não tinha esse direito e começou a gritar: "Cala a boca! Ladrão! Partido de corruptos!".
O petista rebateu dizendo que Fontes ocupou cargo de confiança no governo de Sergipe, indicado pela "oligarquia". Ele foi presidente da Companhia Energética de Sergipe durante governo do PFL. Heloísa Helena saiu em defesa do colega, chamando Valverde de "cabra safado" aos berros.
O deputado afirmou que ela e Fontes mereceram ser expulsos do PT. Para desabonar a senadora, Valverde disse que Heloísa Helena votou contra a cassação do senador Luís Estevão (DF). "Seu adversário ACM disse, na época, que foi porque transou com ele [Estevão]!", disse Valverde.
Nesse momento a senadora partiu para cima do deputado e apontou uma caneta para seu rosto. "Se é para falar de sexualidade dizem que o senhor é envolvido com rede de prostituição, pedofilia e gasta dinheiro roubado em esquema de transporte nas festas da Jeany Mary Corner [apontada como agenciadora de garotas de programa]", disse ela.
Valverde, que estava sentado, deu um empurrão em Heloísa Helena. Ela partiu para cima dele e chegou a dar um tapa, mas foi contida pela deputada Laura Carneiro (PFL-RJ), que pedia calma enquanto a imobilizava. Em socorro da senadora, João Fontes partiu para cima de Valverde e foi contido pelos parlamentares.
Procurado ontem à noite por telefone, Luiz Estevão disse que esse não era um assunto sobre o qual poderia se manifestar. Também classificou de "rasteiro" o argumento usado na discussão durante a CPI. "Não tenho nada a ver com isso. É uma briga entre duas pessoas na qual foi usado um recurso rasteiro, grosseiro", disse.
O tom subiu novamente quando o deputado Antônio Carlos Magalhães Neto (PFL-BA) disse que o governo petista é o mais corrupto da história. "A família ACM entende de corrupção, pode falar de cátedra", interrompeu o deputado Fernando Ferro (PT-PE). "Além de se descolarem da realidade, eles se tornaram histéricos", rebateu ACM Neto.
Nesses momentos Dantas assumia um papel de espectador e ria. O banqueiro chegou a gargalhar quando a deputada Zulaiê Cobra (PSDB-SP) fez um comentário sobre seu timbre de voz.
"Já vi que o senhor Daniel Dantas, como todo rico, fala baixo. Eu tenho que ficar mais rica para falar mais baixo. Pobre é uma desgraça, fala muito alto", disse ela. (FK, LS e RV)


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