São Paulo, quinta-feira, 22 de setembro de 2005

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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/ ELEIÇÕES NO PT

Com apenas mil votos separando Pomar de Pont, possível anulação de urnas se torna decisiva para apontar quem irá para o segundo turno

Recursos podem definir rival de Berzoini

CONRADO CORSALETTE
DA REPORTAGEM LOCAL

O discurso da direção petista de que as irregularidades apontadas na eleição interna do partido não iriam influir no resultado da disputa começou a mudar ontem, com a diminuição da diferença de votos entre os candidatos à presidência do PT Valter Pomar, da Articulação de Esquerda, e Raul Pont, da Democracia Socialista.
Separados por pouco mais de mil votos, segundo a última parcial divulgada pelo partido, Pomar e Pont terão nos pedidos de anulação de urnas uma arma para chegar ao segundo turno da eleição e enfrentar o candidato do Campo Majoritário, Ricardo Berzoini. "A tendência é haver uma disputa acirrada pelo segundo lugar, o que torna decisiva a votação de recursos nas instâncias estaduais e nacional", afirmou Francisco Campos, secretário de Mobilização do PT e coordenador do PED (Processo de Eleição Direta).
A apuração parcial de votos vindos de 3.158 cidades do país apontava, às 16h de ontem, Berzoini na liderança, com 42,5% (116.702 votos). Pomar aparecia com 15% (41.085 votos) e Pont, com 14,6% (39.967 votos). Plinio de Arruda Sampaio, apoiado pela corrente Ação Popular Socialista, era o quarto, com 13%, seguido de Maria do Rosário, do Movimento PT, com 12,9%. Markus Sokol e Gegê, candidatos de correntes ultra-radicais do partido, apareciam com 1,4% e 0,7%, respectivamente.
De acordo com o último boletim, 293.912 votos haviam sido apurados até as 16h, de uma projeção de 305 mil votantes nas eleições de domingo passado. O texto ressaltava que ainda era impossível saber quem seria o adversário de Berzoini no segundo turno.
Correligionários de Pont tinham como certa a virada sobre Pomar por conta de votos vindos principalmente de Minas Gerais, onde apenas 60,8% da apuração havia sido realizada até as 16h.
O prazo para que os candidatos entrem com recursos pedindo impugnação de urnas ou recontagem de votos acaba amanhã. Os recursos serão analisados, primeiro, nos diretórios estaduais petistas e, só depois, se houver contestação, chegarão à direção nacional. O prazo para que os dirigentes nacionais dêem a palavra final é 6 de outubro, três dias antes da realização do segundo turno.
Integrantes da Ação Popular Socialista, de Sampaio, e da Democracia Socialista, de Pont, preparam contestações. Eles alegam ter havido transporte irregular de militantes e pagamento indevido de anuidades atrasadas no dia da eleição -petistas deveriam estar em dia com o partido para votar.
Coordenador do Campo Majoritário, Francisco Rocha -o Rochinha-, não crê em mudança significativa de resultado com os recursos. "Foi a eleição mais tranqüila que já vi no PT", disse ele.

Esquerdas
Pont e Pomar têm um acordo para união de forças, independentemente de quem se mantenha na disputa. Maria do Rosário, apesar de integrar uma corrente mais moderada, também promete se unir contra o Campo Majoritário. Seu grupo, o Movimento PT, no entanto, pode se dividir.
Sampaio voltou a dizer ontem que ainda não decidiu seu futuro -o que inclui uma eventual saída do PT. Ressaltando não estar fazendo um juízo de valor, admitiu que, caso Pont passe para o segundo turno, as chances de união dos grupos da chamada esquerda petista são maiores. "O Raul [Pont] pode aglutinar mais."


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