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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/ ELEIÇÕES NO PT
Com apenas mil votos separando Pomar de Pont, possível anulação de urnas se torna decisiva para apontar quem irá para o segundo turno
Recursos podem definir rival de Berzoini
CONRADO CORSALETTE
DA REPORTAGEM LOCAL
O discurso da direção petista de
que as irregularidades apontadas
na eleição interna do partido não
iriam influir no resultado da disputa começou a mudar ontem,
com a diminuição da diferença de
votos entre os candidatos à presidência do PT Valter Pomar, da
Articulação de Esquerda, e Raul
Pont, da Democracia Socialista.
Separados por pouco mais de
mil votos, segundo a última parcial divulgada pelo partido, Pomar e Pont terão nos pedidos de
anulação de urnas uma arma para
chegar ao segundo turno da eleição e enfrentar o candidato do
Campo Majoritário, Ricardo Berzoini. "A tendência é haver uma
disputa acirrada pelo segundo lugar, o que torna decisiva a votação
de recursos nas instâncias estaduais e nacional", afirmou Francisco Campos, secretário de Mobilização do PT e coordenador do
PED (Processo de Eleição Direta).
A apuração parcial de votos vindos de 3.158 cidades do país apontava, às 16h de ontem, Berzoini na
liderança, com 42,5% (116.702 votos). Pomar aparecia com 15%
(41.085 votos) e Pont, com 14,6%
(39.967 votos). Plinio de Arruda
Sampaio, apoiado pela corrente
Ação Popular Socialista, era o
quarto, com 13%, seguido de Maria do Rosário, do Movimento PT,
com 12,9%. Markus Sokol e Gegê,
candidatos de correntes ultra-radicais do partido, apareciam com
1,4% e 0,7%, respectivamente.
De acordo com o último boletim, 293.912 votos haviam sido
apurados até as 16h, de uma projeção de 305 mil votantes nas eleições de domingo passado. O texto
ressaltava que ainda era impossível saber quem seria o adversário
de Berzoini no segundo turno.
Correligionários de Pont tinham como certa a virada sobre
Pomar por conta de votos vindos
principalmente de Minas Gerais,
onde apenas 60,8% da apuração
havia sido realizada até as 16h.
O prazo para que os candidatos
entrem com recursos pedindo
impugnação de urnas ou recontagem de votos acaba amanhã. Os
recursos serão analisados, primeiro, nos diretórios estaduais
petistas e, só depois, se houver
contestação, chegarão à direção
nacional. O prazo para que os dirigentes nacionais dêem a palavra
final é 6 de outubro, três dias antes
da realização do segundo turno.
Integrantes da Ação Popular
Socialista, de Sampaio, e da Democracia Socialista, de Pont, preparam contestações. Eles alegam
ter havido transporte irregular de
militantes e pagamento indevido
de anuidades atrasadas no dia da
eleição -petistas deveriam estar
em dia com o partido para votar.
Coordenador do Campo Majoritário, Francisco Rocha -o Rochinha-, não crê em mudança
significativa de resultado com os
recursos. "Foi a eleição mais tranqüila que já vi no PT", disse ele.
Esquerdas
Pont e Pomar têm um acordo
para união de forças, independentemente de quem se mantenha na disputa. Maria do Rosário,
apesar de integrar uma corrente
mais moderada, também promete se unir contra o Campo Majoritário. Seu grupo, o Movimento
PT, no entanto, pode se dividir.
Sampaio voltou a dizer ontem
que ainda não decidiu seu futuro
-o que inclui uma eventual saída
do PT. Ressaltando não estar fazendo um juízo de valor, admitiu
que, caso Pont passe para o segundo turno, as chances de união
dos grupos da chamada esquerda
petista são maiores. "O Raul
[Pont] pode aglutinar mais."
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