São Paulo, quinta-feira, 22 de setembro de 2005

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Pai e filho negam acusações na Justiça

LILIAN CHRISTOFOLETTI
DA REPORTAGEM LOCAL

o ex-prefeito Paulo Maluf e o filho Flávio negaram, ontem, em juízo, terem movimentado milhões de dólares, como acusou o Ministério Público Federal. Pai e filho, que estão presos na carceragem da Polícia Federal desde o último dia 10, foram interrogados ontem pelo juiz substituto da 2ª Vara Federal, Paulo Alberto Sarno. Os dois respondem a processo pelos crimes de evasão de divisas, formação de quadrilha, corrupção e lavagem de dinheiro.
Maluf foi o primeiro a ser interrogado. Durante a sessão, que durou cerca de quatro horas, o ex-prefeito disse que não conhece o doleiro Vivaldo Alves, conhecido como Birigüi -que declarou à Polícia Federal ter enviado US$ 161 milhões dos Maluf aos Estados Unidos.
"Ele negou tudo, negou tudo. Negou qualquer relação com o doleiro", afirmou o advogado de Maluf, Ricardo Tosto. A audiência foi fechada e o processo corre sob segredo de Justiça.
Ao juiz Maluf afirmou que o réu é o doleiro e que este é que deveria estar preso. Negou ainda qualquer tentativa de impedir o depoimento de Birigüi. Disse ao juiz que estava sendo chantageado pelo doleiro. Após deixar a sala de audiências, Maluf reclamou de cansaço.
Flávio também negou qualquer movimentação de dinheiro ilegal no exterior. Confirmou ter falado por telefone com Birigüi, mas negou ter o intuito de coagi-lo.
Maluf e Flávio foram transferidos da carceragem da Polícia Federal, na Lapa, ao prédio da Justiça Federal, em dois carros distintos da polícia. Cada um foi escoltado por dois agentes. Os dois não foram algemados.
Maluf e Flávio entraram no prédio da Justiça Federal cumprimentando os funcionários. O ex-prefeito era mais efusivo. Sorrindo, distribuiu apertos de mão. Segundo servidores da Justiça, Flávio parecia abatido.
Pela manhã, antes de ser conduzido à Justiça Federal, Maluf havia solicitado a presença de um médico, alegando indisposição. A entrada do médico, porém, foi vetada pela Polícia Federal, porque ele não apresentou autorização judicial para entrar no prédio.

Manifestação
Cerca de dez estudantes com os narizes pintado de vermelho e os rostos de verde-e-amarelo protestaram ontem em frente ao prédio da Justiça Federal, enquanto o ex-prefeito era interrogado, com cartazes pedindo a manutenção da prisão de Maluf, os estudantes gritaram "Ão, ão, ão, habeas corpus não".
O pedido de habeas corpus de Maluf e Flávio, no entanto, estava sendo julgado no Superior Tribunal de Justiça, em Brasília -e foi negado.
Um desses estudantes, Fernando Moreno, 18, vestido com uma camiseta branca, uma bermuda preta, tênis e um skate na mão, disse que, apesar de conhecer pouco o que o ex-prefeito fez de errado na administração pública, ele é o símbolo da corrupção no Brasil, e que por isso a prisão dele é importante.


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