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Pai e filho negam acusações na Justiça
LILIAN CHRISTOFOLETTI
DA REPORTAGEM LOCAL
o ex-prefeito Paulo Maluf e o filho Flávio negaram, ontem, em
juízo, terem movimentado milhões de dólares, como acusou o
Ministério Público Federal. Pai e
filho, que estão presos na carceragem da Polícia Federal desde o último dia 10, foram interrogados
ontem pelo juiz substituto da 2ª
Vara Federal, Paulo Alberto Sarno. Os dois respondem a processo
pelos crimes de evasão de divisas,
formação de quadrilha, corrupção e lavagem de dinheiro.
Maluf foi o primeiro a ser interrogado. Durante a sessão, que durou cerca de quatro horas, o ex-prefeito disse que não conhece o
doleiro Vivaldo Alves, conhecido
como Birigüi -que declarou à
Polícia Federal ter enviado US$
161 milhões dos Maluf aos Estados Unidos.
"Ele negou tudo, negou tudo.
Negou qualquer relação com o
doleiro", afirmou o advogado de
Maluf, Ricardo Tosto. A audiência foi fechada e o processo corre
sob segredo de Justiça.
Ao juiz Maluf afirmou que o réu
é o doleiro e que este é que deveria
estar preso. Negou ainda qualquer tentativa de impedir o depoimento de Birigüi. Disse ao juiz
que estava sendo chantageado pelo doleiro. Após deixar a sala de
audiências, Maluf reclamou de
cansaço.
Flávio também negou qualquer
movimentação de dinheiro ilegal
no exterior. Confirmou ter falado
por telefone com Birigüi, mas negou ter o intuito de coagi-lo.
Maluf e Flávio foram transferidos da carceragem da Polícia Federal, na Lapa, ao prédio da Justiça Federal, em dois carros distintos da polícia. Cada um foi escoltado por dois agentes. Os dois não
foram algemados.
Maluf e Flávio entraram no prédio da Justiça Federal cumprimentando os funcionários. O ex-prefeito era mais efusivo. Sorrindo, distribuiu apertos de mão. Segundo servidores da Justiça, Flávio parecia abatido.
Pela manhã, antes de ser conduzido à Justiça Federal, Maluf havia
solicitado a presença de um médico, alegando indisposição. A entrada do médico, porém, foi vetada pela Polícia Federal, porque ele
não apresentou autorização judicial para entrar no prédio.
Manifestação
Cerca de dez estudantes com os
narizes pintado de vermelho e os
rostos de verde-e-amarelo protestaram ontem em frente ao prédio
da Justiça Federal, enquanto o ex-prefeito era interrogado, com cartazes pedindo a manutenção da
prisão de Maluf, os estudantes
gritaram "Ão, ão, ão, habeas corpus não".
O pedido de habeas corpus de
Maluf e Flávio, no entanto, estava
sendo julgado no Superior Tribunal de Justiça, em Brasília -e foi
negado.
Um desses estudantes, Fernando Moreno, 18, vestido com uma
camiseta branca, uma bermuda
preta, tênis e um skate na mão,
disse que, apesar de conhecer
pouco o que o ex-prefeito fez de
errado na administração pública,
ele é o símbolo da corrupção no
Brasil, e que por isso a prisão dele
é importante.
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