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NO AR
"Jogo jogado"
NELSON DE SÁ
EDITOR DA ILUSTRADA
Para Franklin Martins,
falando de Lula e José Serra,
é "jogo jogado". Paulo Maluf
nem deu o seu apoio porque,
disse, "o Lula não precisa, ele já
está eleito".
É o que se ouve, aqui e ali, mas
a cobertura prossegue como se
nada tivesse mudado depois dos
66% a 34%.
O tucano e o petista, este com
medo de ser acusado de "sapato
alto", falam como candidatos,
prometem etc. E os telejornais
dão tempo igual.
Como se houvesse jogo.
O que mudou foi a retórica dos
marqueteiros tucanos Nizan
Guanaes e Rui Rodrigues -que
não leva a fama, mas deveria,
desde FHC.
O esperado pronunciamento
de Serra, precedido por uma
conversão do tucano aos temas
de família e moral, revelou-se
afinal "decepcionante", como
comentou a CBN.
O que realmente aconteceu
entre sexta e domingo, para que
tal decepção se impusesse, deve
ficar para esses livros de história
instantânea.
Mas registre-se o telefonema
de José Dirceu, o operador de
Lula, para FHC. E registre-se a
carta de d. Paulo Evaristo Arns,
Antonio Candido e outros ao
mesmo FHC.
E registre-se que ela recebeu
destaque no Jornal Nacional de
sábado. Do JN:
- Nela (a carta), eles elogiam
o clima de liberdade e respeito à
cidadania nos dois mandatos,
mas fazem um apelo para que
as conquistas sejam mantidas
no segundo turno.
As conquistas se mantiveram,
domingo. Mas Lula tem "medo"
e abraçou o mote.
Ontem, comparou o discurso
do adversário ao dos generais
em 1970, para eleger candidatos
da Arena.
Já na noite anterior, na Band,
havia insinuado que o tucano
seria incapaz de manter uma
"relação democrática com o
Congresso".
Pelo visto no fim de semana,
no horário eleitoral, a atenção
maior de petistas e governistas é
o Rio Grande do Sul.
O programa serrista mostrou
uma família gaúcha cujas terras
teriam sido invadidas pelo MST,
mais a locução:
- O medo se espalhou.
Entre respostas, mais ataques,
ações na Justiça, o Rio Grande
do Sul se mostra a batalha final
do "jogo jogado".
Ainda sobre essa tão acirrada
disputa, registre-se o conflito das
pesquisas.
De um lado, a RBS local -e a
Globo nacional- anunciam
uma diferença de 23 pontos em
favor de Germano Rigotto. Do
outro lado, na concorrência da
RBS, anuncia-se que a frente
que Rigotto tem sobre Tarso
Genro caiu, no mesmo período,
para 7,9 pontos.
É uma divergência e tanto.
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