São Paulo, terça-feira, 22 de outubro de 2002

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NO AR

"Jogo jogado"

NELSON DE SÁ
EDITOR DA ILUSTRADA

Para Franklin Martins, falando de Lula e José Serra, é "jogo jogado". Paulo Maluf nem deu o seu apoio porque, disse, "o Lula não precisa, ele já está eleito".
É o que se ouve, aqui e ali, mas a cobertura prossegue como se nada tivesse mudado depois dos 66% a 34%.
O tucano e o petista, este com medo de ser acusado de "sapato alto", falam como candidatos, prometem etc. E os telejornais dão tempo igual.
Como se houvesse jogo.
 
O que mudou foi a retórica dos marqueteiros tucanos Nizan Guanaes e Rui Rodrigues -que não leva a fama, mas deveria, desde FHC.
O esperado pronunciamento de Serra, precedido por uma conversão do tucano aos temas de família e moral, revelou-se afinal "decepcionante", como comentou a CBN.
O que realmente aconteceu entre sexta e domingo, para que tal decepção se impusesse, deve ficar para esses livros de história instantânea.
Mas registre-se o telefonema de José Dirceu, o operador de Lula, para FHC. E registre-se a carta de d. Paulo Evaristo Arns, Antonio Candido e outros ao mesmo FHC.
E registre-se que ela recebeu destaque no Jornal Nacional de sábado. Do JN:
- Nela (a carta), eles elogiam o clima de liberdade e respeito à cidadania nos dois mandatos, mas fazem um apelo para que as conquistas sejam mantidas no segundo turno.
As conquistas se mantiveram, domingo. Mas Lula tem "medo" e abraçou o mote.
Ontem, comparou o discurso do adversário ao dos generais em 1970, para eleger candidatos da Arena.
Já na noite anterior, na Band, havia insinuado que o tucano seria incapaz de manter uma "relação democrática com o Congresso".
 
Pelo visto no fim de semana, no horário eleitoral, a atenção maior de petistas e governistas é o Rio Grande do Sul.
O programa serrista mostrou uma família gaúcha cujas terras teriam sido invadidas pelo MST, mais a locução:
- O medo se espalhou.
Entre respostas, mais ataques, ações na Justiça, o Rio Grande do Sul se mostra a batalha final do "jogo jogado".
Ainda sobre essa tão acirrada disputa, registre-se o conflito das pesquisas.
De um lado, a RBS local -e a Globo nacional- anunciam uma diferença de 23 pontos em favor de Germano Rigotto. Do outro lado, na concorrência da RBS, anuncia-se que a frente que Rigotto tem sobre Tarso Genro caiu, no mesmo período, para 7,9 pontos.
É uma divergência e tanto.



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