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SEGUNDO TURNO
Em discurso a prefeitos mineiros, presidenciável tucano afirma que está sofrendo ataques pessoais de petista
Serra diz que Lula vai retaliar não-aliados
PAULO PEIXOTO
RANIER BRAGON
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE
O candidato do PSDB à Presidência, José Serra, disse ontem
que o presidenciável Luiz Inácio
Lula da Silva (PT) poderá retaliar
prefeitos que não sejam alinhados
a ele, caso vença a eleição.
Falando a uma platéia de 420
prefeito mineiros, segundo levantamento do comitê tucano, Serra
disse que sempre tratou, enquanto ministro da Saúde, os prefeitos
de forma equânime. Disse ter ajudado Porto Alegre, "cidade governada pelo PT há mais de 15 anos,
sem olhar coloração partidária".
"Eu não tenho certeza de que
meu adversário, se eleito, fará isso. Não é a experiência que tem se
recolhido pelo Brasil afora, nos
Estados onde [o PT] governa."
O discurso foi feito para prefeitos e outras lideranças, arregimentados pelo governador eleito
de Minas, Aécio Neves (PSDB).
Estavam com Serra sua vice, Rita Camata, o vice-presidente Marco Maciel, o senador Arthur Virgílio (PSDB-AM), o presidente do
PSDB, José Aníbal (SP), o presidente do PMDB, Michel Temer
(SP), e o deputado Francisco Dornelles (PPB-RJ), além de Aécio e o
senador eleito Eduardo Azeredo
(PSDB-MG). Todos discursaram,
mas coube aos tucanos Arthur
Virgílio, José Aníbal e a Serra os
discursos mais inflamados e mais
críticos ao PT e a Lula.
Aníbal foi na mesma linha de
Serra e disse aos presentes, que lotaram o auditório do CDL (Clube
de Dirigentes Lojistas), em meio a
um calor muito forte, que, se o PT
vencer, eles terão o "outro lado"
como principal adversário nas
eleições municipais de 2004.
Depois do discurso, Aníbal afirmou que o PSDB "não tem nenhuma carta na manga" e que esse tom será usado até a eleição para tentar mudar o jogo eleitoral.
O tucano se queixou de Lula, dizendo ser atacado pelo petista. Na
noite de anteontem, durante entrevista na TV Bandeirantes, ele
disse que Serra é uma pessoa "desagregadora". Primeiro, Serra disse que Lula dizia não querer o debate porque alegava falta de tempo, mas que ele foi para a entrevista da Bandeirantes e queria, "inclusive, gravar ao vivo". Usou isso
para dizer que Lula não quer mesmo é debater com ele.
E concluiu: "E fez algo que antes
não tinha feito comigo, e que eu
nunca fiz, nem vou fazer com ele,
nem com nenhum outro: ataques
pessoais. Parece que a paz e o
amor ficaram de lado. E eu não estava lá para rebater".
Serra se defendeu, então: "Afirmações que não correspondem
ao que aconteceu na história, ao
que aconteceu na minha prática.
Se há algo que eu sempre consegui fazer foi somar".
Disse que, como ministro, ligou
para Lula "várias vezes" para pedir que o petista ajudasse a aprovar projetos -citou o que aumenta recursos para a saúde.
"Havia gente do PT boicotando
essa emenda porque dizia que eu,
como ministro, ia faturar, sem
pensar na questão da saúde do
ângulo da população", disse.
Serra repetiu trechos do pronunciamento que fez anteontem
no horário eleitoral: "Eles estão
prometendo mudar tudo para
quem não tem nada e não mudar
nada para quem tem tudo".
Depois, acusou Lula de dizer
uma coisa para os banqueiros e
outra para a população, quando o
assunto é taxa de juros. Repetiu
que a vitória de Lula seria "um estelionato eleitoral como nós nunca vimos desde o Collor, no sentido de não fazer nada daquilo que
está prometendo fazer, ou então,
fazer voltar o Brasil à superinflação e à desorganização da nossa
economia, se tentar cumprir essas
promessas mágicas".
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