São Paulo, terça-feira, 22 de outubro de 2002

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SEGUNDO TURNO

Em discurso a prefeitos mineiros, presidenciável tucano afirma que está sofrendo ataques pessoais de petista

Serra diz que Lula vai retaliar não-aliados

PAULO PEIXOTO
RANIER BRAGON
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE

O candidato do PSDB à Presidência, José Serra, disse ontem que o presidenciável Luiz Inácio Lula da Silva (PT) poderá retaliar prefeitos que não sejam alinhados a ele, caso vença a eleição.
Falando a uma platéia de 420 prefeito mineiros, segundo levantamento do comitê tucano, Serra disse que sempre tratou, enquanto ministro da Saúde, os prefeitos de forma equânime. Disse ter ajudado Porto Alegre, "cidade governada pelo PT há mais de 15 anos, sem olhar coloração partidária".
"Eu não tenho certeza de que meu adversário, se eleito, fará isso. Não é a experiência que tem se recolhido pelo Brasil afora, nos Estados onde [o PT] governa."
O discurso foi feito para prefeitos e outras lideranças, arregimentados pelo governador eleito de Minas, Aécio Neves (PSDB).
Estavam com Serra sua vice, Rita Camata, o vice-presidente Marco Maciel, o senador Arthur Virgílio (PSDB-AM), o presidente do PSDB, José Aníbal (SP), o presidente do PMDB, Michel Temer (SP), e o deputado Francisco Dornelles (PPB-RJ), além de Aécio e o senador eleito Eduardo Azeredo (PSDB-MG). Todos discursaram, mas coube aos tucanos Arthur Virgílio, José Aníbal e a Serra os discursos mais inflamados e mais críticos ao PT e a Lula.
Aníbal foi na mesma linha de Serra e disse aos presentes, que lotaram o auditório do CDL (Clube de Dirigentes Lojistas), em meio a um calor muito forte, que, se o PT vencer, eles terão o "outro lado" como principal adversário nas eleições municipais de 2004.
Depois do discurso, Aníbal afirmou que o PSDB "não tem nenhuma carta na manga" e que esse tom será usado até a eleição para tentar mudar o jogo eleitoral.
O tucano se queixou de Lula, dizendo ser atacado pelo petista. Na noite de anteontem, durante entrevista na TV Bandeirantes, ele disse que Serra é uma pessoa "desagregadora". Primeiro, Serra disse que Lula dizia não querer o debate porque alegava falta de tempo, mas que ele foi para a entrevista da Bandeirantes e queria, "inclusive, gravar ao vivo". Usou isso para dizer que Lula não quer mesmo é debater com ele.
E concluiu: "E fez algo que antes não tinha feito comigo, e que eu nunca fiz, nem vou fazer com ele, nem com nenhum outro: ataques pessoais. Parece que a paz e o amor ficaram de lado. E eu não estava lá para rebater".
Serra se defendeu, então: "Afirmações que não correspondem ao que aconteceu na história, ao que aconteceu na minha prática. Se há algo que eu sempre consegui fazer foi somar".
Disse que, como ministro, ligou para Lula "várias vezes" para pedir que o petista ajudasse a aprovar projetos -citou o que aumenta recursos para a saúde.
"Havia gente do PT boicotando essa emenda porque dizia que eu, como ministro, ia faturar, sem pensar na questão da saúde do ângulo da população", disse.
Serra repetiu trechos do pronunciamento que fez anteontem no horário eleitoral: "Eles estão prometendo mudar tudo para quem não tem nada e não mudar nada para quem tem tudo".
Depois, acusou Lula de dizer uma coisa para os banqueiros e outra para a população, quando o assunto é taxa de juros. Repetiu que a vitória de Lula seria "um estelionato eleitoral como nós nunca vimos desde o Collor, no sentido de não fazer nada daquilo que está prometendo fazer, ou então, fazer voltar o Brasil à superinflação e à desorganização da nossa economia, se tentar cumprir essas promessas mágicas".



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