São Paulo, terça-feira, 22 de outubro de 2002

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ROBERTO REQUIÃO

Pesquisa do Ibope mostra alteração de posições na campanha pelo governo do Paraná

Pela 1ª vez à frente, candidato defende suas promessas

MARI TORTATO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CURITIBA

Senador da República com mandato por expirar no final do ano, Roberto Requião (PMDB) tenta voltar ao governo do Paraná usando como arma um discurso de oposição declarada e contundente ao grupo do governador Jaime Lerner (PFL).
Com 46% das intenções de voto na pesquisa Ibope divulgada ontem, Requião aparece, pela primeira vez, numericamente na frente de Alvaro Dias, com 42%. A margem de erro é de 2,3 pontos.

Agência Folha - Contrariando seu partido, o sr. apóia Lula e tenta marcar a dobradinha Lula-Requião no segundo turno. Mas o que espera de um eventual presidente petista em relacionamento político?
Roberto Requião -
Sou amigo do Lula, penso da mesma forma que ele, condeno o neoliberalismo, quero a volta do desenvolvimento, o crescimento das empresas e da política de emprego. Será um relacionamento extraordinário.

Agência Folha - Esse relacionamento se confirma na hipótese de ser eleito o candidato apoiado pelo seu partido, José Serra?
Requião -
Essa hipótese não existe mais. Só um tolo pensaria nela. O Serra já perdeu a eleição.

Agência Folha - O sr. conta com adesões do PT, PPS, PV, mas também recebeu apoios de pessoas do PFL e de partidos de "direita". São manifestações confortáveis?
Requião -
Minha aliança é a de homens íntegros contra a corrupção, é uma opção ética.

Agência Folha - O sr. promete redução de 40% do custo da energia a empresas que se instalarem no Paraná. Em que base financeira sustenta a proposta, sem colocar a Copel [estatal de energia" em risco?
Requião -
Não sou irresponsável. Estou trabalhando com dados concretos. Trata-se de uma proposta resolvida do ponto de vista administrativo-financeiro. Quando o Paraná exporta energia para São Paulo, vende pela metade do preço de mercado. Proponho 40% de desconto para usar no território do Paraná. Portanto, já estou dando à Copel 10% a mais do que ela obtém na exportação. E estou dando para o Estado 27% de ICMS em cima disso.

Agência Folha - Outra proposta sua é distribuir um litro de leite ao dia a cada criança carente que ainda não tenha ingressado na escola. Não é um mote populista? De onde virá o dinheiro?
Requião -
R$ 30 milhões por ano é nada. Não vi nenhum safado dizer que a merenda tem que ser suspensa. Mas não vou tirar da verba da educação. Virá da economia da verba de publicidade.

Agência Folha - Sua principal proposta, de geração de emprego com isenção de impostos a empresas de pequeno porte, não estará atrelada à renúncia fiscal?
Requião -
Não é renúncia. O atual governo fez isso para as multinacionais, com diferimento da data de pagamento. Elas estão sendo compelidas a pagar em 26 anos, sem juros e correção. Nada impede de fazer a mesma coisa para pequenos empresários.

Agência Folha - O sr. é tido como uma pessoa de temperamento difícil. O adversário de segundo turno o acusa de desequilíbrio emocional. Por que o sr. é tão refratário a uma pergunta que o desagrade?
Requião -
Não sou frouxo, não sou banana. Tenho as minhas convicções e, quando articulo as minhas propostas, as resolvo financeira e administrativamente. Não gosto de conversa enrolada.

Agência Folha - O sr. fala em interromper contratos de concessionárias de rodovias com pedágio, rever contratos com montadoras e associação da companhia de água e esgoto com multinacionais. Não corre o risco de instalar a paralisia do Estado por embates judiciais?
Requião -
Não há direito adquirido contra o interesse público. Contratos que não foram publicados não têm valor legal e são nulos. E também não vou transformar o governo numa comissão de inquérito, quem cuida disso é o Ministério Público e a Justiça.



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