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ROBERTO REQUIÃO
Pesquisa do Ibope mostra alteração de posições na campanha pelo governo do Paraná
Pela 1ª vez à frente, candidato defende suas promessas
MARI TORTATO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CURITIBA
Senador da República com
mandato por expirar no final do
ano, Roberto Requião (PMDB)
tenta voltar ao governo do Paraná
usando como arma um discurso
de oposição declarada e contundente ao grupo do governador
Jaime Lerner (PFL).
Com 46% das intenções de voto
na pesquisa Ibope divulgada ontem, Requião aparece, pela primeira vez, numericamente na
frente de Alvaro Dias, com 42%. A
margem de erro é de 2,3 pontos.
Agência Folha - Contrariando seu
partido, o sr. apóia Lula e tenta
marcar a dobradinha Lula-Requião
no segundo turno. Mas o que espera de um eventual presidente petista em relacionamento político?
Roberto Requião - Sou amigo do
Lula, penso da mesma forma que
ele, condeno o neoliberalismo,
quero a volta do desenvolvimento, o crescimento das empresas e
da política de emprego. Será um
relacionamento extraordinário.
Agência Folha - Esse relacionamento se confirma na hipótese de
ser eleito o candidato apoiado pelo
seu partido, José Serra?
Requião - Essa hipótese não existe mais. Só um tolo pensaria nela.
O Serra já perdeu a eleição.
Agência Folha - O sr. conta com
adesões do PT, PPS, PV, mas também recebeu apoios de pessoas do
PFL e de partidos de "direita". São
manifestações confortáveis?
Requião - Minha aliança é a de
homens íntegros contra a corrupção, é uma opção ética.
Agência Folha - O sr. promete redução de 40% do custo da energia a
empresas que se instalarem no Paraná. Em que base financeira sustenta a proposta, sem colocar a Copel [estatal de energia" em risco?
Requião - Não sou irresponsável.
Estou trabalhando com dados
concretos. Trata-se de uma proposta resolvida do ponto de vista
administrativo-financeiro. Quando o Paraná exporta energia para
São Paulo, vende pela metade do
preço de mercado. Proponho
40% de desconto para usar no território do Paraná. Portanto, já estou dando à Copel 10% a mais do
que ela obtém na exportação. E
estou dando para o Estado 27%
de ICMS em cima disso.
Agência Folha - Outra proposta
sua é distribuir um litro de leite ao
dia a cada criança carente que ainda não tenha ingressado na escola.
Não é um mote populista? De onde
virá o dinheiro?
Requião - R$ 30 milhões por ano
é nada. Não vi nenhum safado dizer que a merenda tem que ser
suspensa. Mas não vou tirar da
verba da educação. Virá da economia da verba de publicidade.
Agência Folha - Sua principal proposta, de geração de emprego com
isenção de impostos a empresas de
pequeno porte, não estará atrelada à renúncia fiscal?
Requião - Não é renúncia. O
atual governo fez isso para as
multinacionais, com diferimento
da data de pagamento. Elas estão
sendo compelidas a pagar em 26
anos, sem juros e correção. Nada
impede de fazer a mesma coisa
para pequenos empresários.
Agência Folha - O sr. é tido como
uma pessoa de temperamento difícil. O adversário de segundo turno
o acusa de desequilíbrio emocional. Por que o sr. é tão refratário a
uma pergunta que o desagrade?
Requião - Não sou frouxo, não
sou banana. Tenho as minhas
convicções e, quando articulo as
minhas propostas, as resolvo financeira e administrativamente.
Não gosto de conversa enrolada.
Agência Folha - O sr. fala em interromper contratos de concessionárias de rodovias com pedágio,
rever contratos com montadoras e
associação da companhia de água
e esgoto com multinacionais. Não
corre o risco de instalar a paralisia
do Estado por embates judiciais?
Requião - Não há direito adquirido contra o interesse público.
Contratos que não foram publicados não têm valor legal e são nulos. E também não vou transformar o governo numa comissão de
inquérito, quem cuida disso é o
Ministério Público e a Justiça.
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