São Paulo, terça-feira, 22 de outubro de 2002

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RAZÃO DE VOTO

13 e/ou 45

MAURO FRANCISCO PAULINO

O primeiro turno evidenciou a influência provocada pela eleição presidencial na definição de voto para governo. Diversos candidatos do PT tiveram suas votações vitaminadas pelo desempenho de Lula na disputa presidencial. Em São Paulo, José Genoino atropelou Paulo Maluf nas últimas semanas de campanha e conquistou a vaga no segundo turno obtendo mais de 2 milhões de votos de vantagem. O inverso também aconteceu: nos Estados em que o candidato do PSDB ao governo liderava, casos de SP e MG, Serra melhorou seu desempenho nos últimos dias.
E agora no segundo turno, como o eleitor paulista está combinando seu voto? As pesquisas realizadas na última sexta-feira pelo Datafolha revelam que a maioria do eleitorado (67%) demonstra fidelidade partidária e pretende digitar duas vezes o mesmo número no próximo domingo. A dupla do PT, Lula e Genoino, é a opção de 35% dos eleitores paulistas. A dobradinha do 45 é a opção de 32%, isto é, votarão em Serra para presidente e em Alckmin para governador. Isso mostra que há uma divisão equilibrada entre oposição e situação na maioria do eleitorado do Estado. Dentre os 33% que sobram, 17% optam pela dupla Lula/Alckmin, e ainda 3% preferem Serra e Genoino.
Para entender melhor essas combinações vale a pena observar alguns cruzamentos. A dupla petista, por exemplo, é citada muito mais pelos homens (41%) do que pelas mulheres (30%). Já, ao contrário, a combinação de candidatos tucanos agrada mais às mulheres (36%) do que aos homens (29%). Os simpatizantes do PSDB optam mais pela dupla tucana (82%) do que os do PT pela dupla petista (76%). Entre os que aprovam o governo Fernando Henrique Cardoso, a maioria (56%) forma a chapa Serra/Alckmin. Por outro lado, ao destacar os eleitores da cidade de São Paulo, apenas metade (49%) dos que aprovam a administração de Marta Suplicy optam pela dupla Lula/Genoino. A coerência pára por aí. Entre os que têm mais simpatia pelo PT, 17% escolhem Lula para presidente, mas preferem Alckmin para governador. Essa mesma combinação é feita por 10% dos simpatizantes do PSDB. Já a dupla Serra/Genoino atinge apenas 1% entre os simpatizantes de cada partido.
Entre os que avaliam o governo Fernando Henrique como ótimo ou bom, cerca de um em cada cinco eleitores paulistas (19%) escolhe Lula para presidente e Genoino para governador. Mas a aparente incoerência joga nos dois times: na cidade de São Paulo, entre os que aprovam a gestão Marta Suplicy 22% optam por votar em Serra para presidente e em Alckmin para governador.
Nestes últimos dias de campanha será interessante acompanhar essa parcela de cerca de um quinto do eleitorado paulista que demonstra infidelidade na formação das chapas e que podem definir a eleição. Nesse estrato, a dupla Lula/Alckmin está em vantagem, e isso é o que proporciona a liderança do peessedebista. Caso parte desses eleitores decidam-se pela fidelidade tucana, deixando de votar em Lula para votar em Serra, a opção não terá peso significativo na disputa presidencial, mas garantirá a vitória de Alckmin. Se a fidelidade pender para o lado petista poderá ser o suficiente para que Genoino reverta a desvantagem.
A observação dessas combinações de voto na próxima pesquisa poderá revelar se a fidelidade partidária dessa parcela do eleitorado paulista irá pender para algum lado ou se irá prevalecer a infidelidade.


MAURO FRANCISCO PAULINO, diretor-geral do Datafolha, escreve às terças-feiras nesta coluna


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