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RAZÃO DE VOTO
13 e/ou 45
MAURO FRANCISCO PAULINO
O primeiro turno evidenciou a influência provocada
pela eleição presidencial na definição de voto para governo. Diversos candidatos do PT tiveram suas votações vitaminadas pelo
desempenho de Lula na disputa
presidencial. Em São Paulo, José
Genoino atropelou Paulo Maluf
nas últimas semanas de campanha e conquistou a vaga no segundo turno obtendo mais de 2
milhões de votos de vantagem. O
inverso também aconteceu: nos
Estados em que o candidato do
PSDB ao governo liderava, casos
de SP e MG, Serra melhorou seu
desempenho nos últimos dias.
E agora no segundo turno, como o eleitor paulista está combinando seu voto? As pesquisas realizadas na última sexta-feira pelo
Datafolha revelam que a maioria
do eleitorado (67%) demonstra
fidelidade partidária e pretende
digitar duas vezes o mesmo número no próximo domingo. A dupla do PT, Lula e Genoino, é a opção de 35% dos eleitores paulistas. A dobradinha do 45 é a opção
de 32%, isto é, votarão em Serra
para presidente e em Alckmin para governador. Isso mostra que há
uma divisão equilibrada entre
oposição e situação na maioria
do eleitorado do Estado. Dentre
os 33% que sobram, 17% optam
pela dupla Lula/Alckmin, e ainda
3% preferem Serra e Genoino.
Para entender melhor essas
combinações vale a pena observar alguns cruzamentos. A dupla
petista, por exemplo, é citada
muito mais pelos homens (41%)
do que pelas mulheres (30%). Já,
ao contrário, a combinação de
candidatos tucanos agrada mais
às mulheres (36%) do que aos homens (29%). Os simpatizantes do
PSDB optam mais pela dupla tucana (82%) do que os do PT pela
dupla petista (76%). Entre os que
aprovam o governo Fernando
Henrique Cardoso, a maioria
(56%) forma a chapa Serra/Alckmin. Por outro lado, ao destacar
os eleitores da cidade de São Paulo, apenas metade (49%) dos que
aprovam a administração de
Marta Suplicy optam pela dupla
Lula/Genoino. A coerência pára
por aí. Entre os que têm mais simpatia pelo PT, 17% escolhem Lula
para presidente, mas preferem
Alckmin para governador. Essa
mesma combinação é feita por
10% dos simpatizantes do PSDB.
Já a dupla Serra/Genoino atinge
apenas 1% entre os simpatizantes
de cada partido.
Entre os que avaliam o governo
Fernando Henrique como ótimo
ou bom, cerca de um em cada cinco eleitores paulistas (19%) escolhe Lula para presidente e Genoino para governador. Mas a aparente incoerência joga nos dois times: na cidade de São Paulo, entre os que aprovam a gestão Marta Suplicy 22% optam por votar
em Serra para presidente e em
Alckmin para governador.
Nestes últimos dias de campanha será interessante acompanhar essa parcela de cerca de um
quinto do eleitorado paulista que
demonstra infidelidade na formação das chapas e que podem
definir a eleição. Nesse estrato, a
dupla Lula/Alckmin está em vantagem, e isso é o que proporciona
a liderança do peessedebista. Caso parte desses eleitores decidam-se pela fidelidade tucana, deixando de votar em Lula para votar
em Serra, a opção não terá peso
significativo na disputa presidencial, mas garantirá a vitória de
Alckmin. Se a fidelidade pender
para o lado petista poderá ser o
suficiente para que Genoino reverta a desvantagem.
A observação dessas combinações de voto na próxima pesquisa
poderá revelar se a fidelidade
partidária dessa parcela do eleitorado paulista irá pender para
algum lado ou se irá prevalecer a
infidelidade.
MAURO FRANCISCO PAULINO,
diretor-geral do Datafolha, escreve
às terças-feiras nesta coluna
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