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CONGRESSO
Deputados que mudaram de voto entre os dois turnos da reforma administrativa não devem apoiar o governo
Convertidos votam a favor da estabilidade
LUCIO VAZ
da Sucursal de Brasília
A troca de favores, a liberação de verbas e
até as ameaças
de expulsão não
foram suficientes para garantir
a aprovação do
principal dispositivo da reforma
administrativa -o fim da estabilidade do servidor público.
Muitos dos deputados governistas que viraram o voto e ajudaram
a aprovar o segundo turno da reforma administrativa deverão votar contra o governo no dispositivo que prevê a demissão de servidores por excesso de quadros
(quando os gastos com a folha de
pessoal ultrapassam 60% da arrecadação).
Além da barganha política, outro
fator teve influência na virada de
votos: deputados temiam ser responsabilizados pelo agravamento
da crise financeira do país. Na próxima semana, porém, prometem
votar contra a demissão do servidor por excesso de quadros.
Os líderes governistas avaliam
que o número de dissidentes no
item estabilidade pode chegar a 45.
Faltariam dois votos para aprovar
a quebra da estabilidade. Inseguros, os governistas suspenderam a
votação da reforma anteontem.
Paraná
Oito deputados do PFL do Paraná votaram a favor do texto básico
da reforma em troca da agilização
da votação de três empréstimos
para o Estado, no valor de R$ 900
mil, no Senado.
Os líderes governistas no Senado
vão aprovar o regime de urgência
para votar os empréstimos.
O deputado Fernando Ribas
Carli (PPB-PR) disse à Folha que
também mudou o voto em troca
dos empréstimos.
"O governador (Jaime Lerner)
me pediu. Votei por isso", disse.
No caso da estabilidade, porém,
ele não garante o apoio: "Deixei
registrado que avaliaria os destaques caso a caso. Vou analisar esse
dispositivo".
Questão eleitoreira
O deputado Chicão Brígido
(PMDB-AC) disse que virou o voto
porque o país vive hoje "uma nova conjuntura". "A reforma interessa ao país. Tem horas em que
não se pode pensar só na questão
eleitoreira."
Indagado sobre o dispositivo que
quebra a estabilidade do servidor,
Chicão respondeu: "Nas questões
como a da estabilidade, a gente
não abre mão. Não tem por que
quebrar".
O deputado Carlos Magno
(PFL-SE) mudou de posição e
aprovou o texto básico da reforma.
Mas avisa: "Eu e outros colegas da
bancada vamos votar contra a
quebra da estabilidade".
A posição do deputado Ezídio
Pinheiro (PSDB-RS) é semelhante.
Ele virou o voto e ajudou a aprovar
a reforma.
"Sou favorável a parte da reforma. Mas vou votar contra a quebra
da estabilidade por excesso de
quadros."
Deputados do PFL mudaram o
voto diante da ameaça de expulsão. O líder do partido, Inocêncio
Oliveira (PE), enviou carta aos deputados informando sobre o fechamento de questão na votação
da reforma e avisando que incorreriam em "transgressão disciplinar" os que não acompanhassem a
decisão.
"O partido fechou questão. Se
eu não votasse, poderia ser expulso", disse à Folha o deputado Benedito de Lyra (PFL-AL).
O deputado mostrou os artigos
do estatuto do PFL que prevêem a
expulsão. O artigo 82 diz que os filiados ficarão sujeitos às "medidas disciplinares" quando ficar
provado, por exemplo, que desobedeceram às "deliberações regularmente tomadas em questões de
interesse partidário".
No artigo 83, estão previstas as
medidas disciplinares: advertência, suspensão, destituição de função ou expulsão. O parágrafo 2º
diz que "ocorrerá a expulsão nos
casos de extrema gravidade e de
infidelidade partidária".
A infidelidade partidária, segundo o estatuto do PFL, se caracteriza pela desobediência aos princípios doutrinários e programáticos
e às diretrizes estabelecidas pelos
seus órgãos competentes.
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