São Paulo, sexta-feira, 22 de novembro de 2002

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PAINEL

Ganhar tempo
O PT pedirá uma trégua de um ano ao funcionalismo público federal. Sem recursos para dar um aumento real em 2003, o partido tentará convencer a categoria a não fazer greves no primeiro ano do governo Lula com a promessa de oferecer um salário maior a partir de 2004.

Companheiro adversário
A trégua está sendo costurada por deputados do PT e pelos principais sindicatos de funcionários públicos. A maior preocupação da sigla é com os professores das universidades federais, que estão com os salários defasados e cujo sindicato é ligado ao PSTU, que, a princípio, não apóia o governo Lula.

Falta de opção
Lula insiste para que seu vice, José Alencar (PL-MG), aceite ocupar um ministério. Assim, atenderia aos mineiros que o apoiaram (Aécio Neves e Itamar Franco) e compensaria a falta de quadros do PL que sejam do agrado da cúpula do PT.

Antes prevenir
José Alencar, entretanto, não está disposto a ser ministro. Prefere ser apenas vice. Dirigentes do PT também são contrários à indicação. Argumentam que, em caso de um escândalo, a demissão do vice poderia causar uma crise institucional.

Nova roupagem
O centro de saúde que Lula "inaugura" hoje com o nome de sua mãe na cidade onde nasceu, Caetés (PE), funciona desde 93. Passou agora por reforma para receber o presidente eleito, que irá ao local pela primeira vez. Entre pintura, colocação de azulejos e revestimentos nas paredes, foram gastos R$ 7.000.

Ponto turístico
A Prefeitura de Caetés, do PT, decretou ponto facultativo hoje e encomendou projeto de réplica da casa onde Lula nasceu. Será erguida no terreno original. Se preciso, o prefeito espera contar com a ajuda do governo federal para construir também um centro cultural no lugar.

Horário do rush
Lula está decidido a morar mesmo no Alvorada, acompanhado apenas da mulher, Marisa. Seus filhos continuarão em São Bernardo. Um dos motivos para a escolha foi a curta distância até o Planalto. Se ficar na Granja do Torto, ele enfrentará trânsito para chegar ao trabalho.

Baixo clero
O PPS espera receber hoje, no encontro de José Dirceu com Roberto Freire (PE), um convite formal para que a sigla faça parte do governo. Mas a lista inicial de três ministeriáveis da legenda aumentou para cerca de dez. Inclui agora parlamentares de menor expressão política.

Rinha de galo
A bancada do PT no CE, que tem à frente o deputado estadual José Guimarães, irmão de José Genoino, vai brigar para que as direções de BNB (Banco do Nordeste do Brasil), Funasa e Incra, hoje no Estado sob controle do grupo de Tasso/Ciro Gomes, fiquem com os petistas.

Medo de solidão
Waldomiro Fioravante (PT-RS) concluiu, analisando a MP que tratou da estrutura para a transição do governo, que FHC criou cargos para que possa ter mais dois assessores quando deixar a Presidência. Hoje ex-presidentes têm direito a quatro colaboradores e também a dois carros oficiais com motoristas.

Fim de festa
Segundo Fioravante, com a MP, baixada em outubro, FHC passará a contar a partir de janeiro, em caráter vitalício, com mais dois assessores de salários mensais de R$ 6.300. O total de despesas mensais com o ex-presidente pode chegar a R$ 32 mil.

Projeto segunda-feira
O Instituto Teotônio Vilela, do PSDB, já recebeu mais de 200 currículos de tucanos que ficarão desempregados após o final do governo de FHC.

TIROTEIO

De João Felício, presidente da CUT, sobre Paulinho, da Força Sindical, ter-lhe acusado de destruir direitos dos trabalhadores:
- A CUT defende mudanças na CLT que não comprometam os direitos dos trabalhadores. O que mais dói ao Paulinho é saber que 41% dos parlamentares eleitos pelo PT são oriundos da CUT e que, de quebra, elegemos o Lula. Ao mesmo tempo, ele foi reprovado pelas urnas.

CONTRAPONTO

Mudança de hábito

O presidente da Câmara, deputado Aécio Neves (PSDB-MG), reuniu-se anteontem com o secretário-adjunto de Estado dos EUA para Assuntos do Hemisfério Ocidental, Otto Reich. O americano veio ao país preparar a visita que o presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, fará aos EUA em 10 de dezembro.
No encontro, Aécio reclamou do protecionismo americano e da dificuldade de exportar produtos brasileiros para os EUA.
No meio da reunião, chegou ao local uma comissão de deputados do PT e do PC do B para conversar com Reich. Os parlamentares ouviram o final da reclamação de Aécio.
Na saída, Aldo Rebelo (PC do B-SP) ironizou a postura do presidente da Câmara:
- Você foi mais duro com ele do que eu, que sou comunista!
Aécio, rindo, respondeu:
- Estou adorando essa minha estréia na oposição.


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