|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
TRANSIÇÃO
Partido quer dois cargos na Mesa em troca do apoio; Inocêncio reclama do aliciamento de pefelistas pelo PL
PFL deve apoiar candidato do PT na Câmara
RAYMUNDO COSTA
RAQUEL ULHÔA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O PFL deve apoiar o candidato
que o PT apresentar à presidência
da Câmara em troca da primeira
vice-presidência e da quarta secretaria, cargos que a sigla pode
reivindicar por ter eleito a segunda maior bancada de deputados
federais nas eleições de outubro.
O líder pefelista, Inocêncio Oliveira (PE), já está negociando
uma composição com o presidente nacional do PT, José Dirceu
(SP), que ontem também esteve
com o presidente do PFL, Jorge
Bornhausen (SC). Em conversa
com Dirceu, Inocêncio se queixou
do "aliciamento" de deputados
do PFL por aliados do PT.
"É uma vergonha. É a negação
do que vocês disseram a vida toda", disse Inocêncio ao deputado
petista, segundo relato do pefelista. O PFL está particularmente incomodado com o assédio sobre
seus deputados que está sendo
feito pelo PL. Dirceu teria prometido tomar providências.
A abertura de negociação entre
o PFL e o PT praticamente sepulta
a idéia de um bloco parlamentar
dos pefelistas com o PSDB e o
PPB. O tema voltou a ser discutido ontem entre o presidente tucano, José Aníbal (SP), e Bornhausen. "Não devemos afastar [a
idéia] de pronto, mas ela é de difícil consecução", disse Bornhausen após a conversa. Para formar
um bloco, os partidos perdem
uma série de regalias regimentais,
de gabinetes à lotação de pessoal.
Divergências
O tucano Aníbal defende a tese
segundo a qual os partidos que
deram sustentação política ao
presidente Fernando Henrique
Cardoso (PSDB) deveriam permanecer juntos na oposição ao
governo de Luiz Inácio Lula da
Silva (PT). Já Bornhausen acredita que o melhor caminho é as siglas tentarem uma ação conjunta
em temas como o salário mínimo
e a votação de medida provisória
66, da minirreforma tributária.
Na conversa com Dirceu, Inocêncio chegou a afirmar que se
disporia a formar um bloco com o
PT para assegurar o direito do
partido de eleger o presidente da
Câmara, caso outras legendas recorressem ao mesmo expediente.
"Só quero o respeito às urnas",
disse o líder do PFL na Câmara.
Bornhausen é bem mais comedido. "Queremos conversar e participar", disse o senador por Santa
Catarina. Segundo ele, não há nenhum compromisso do PFL em
apoiar ou rejeitar o acordo entre o
PT e o PMDB, pelo qual o primeiro comandaria a Câmara, e o segundo, o Senado Federal.
Erro
Inocêncio considerou um erro o
acordo entre as duas siglas, porque na época em que ele foi firmado o PFL tinha o mesmo número
de senadores (19) que o PMDB e a
segunda maior bancada na Câmara dos Deputados (84 deputados, contra 74 do PMDB). Com a
adesão de dois senadores, o
PMDB agora é a maior bancada.
A regra, no Congresso, é que o
partido com a maior bancada elege os presidentes da Câmara e do
Senado. É uma tradição que o PFL
se dispõe a respeitar nas duas Casas. Os demais cargos da Mesa são
rateados de acordo com o critério
da proporcionalidade.
Assim, na Câmara, o PFL indicaria o primeiro vice-presidente
ou o primeiro secretário e o quarto secretário. Além disso, deve reivindicar a presidência de três comissões técnicas na Casa.
Texto Anterior: Salários baixos dificultam criação de equipe Próximo Texto: Frases Índice
|