São Paulo, sexta-feira, 22 de novembro de 2002

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TRANSIÇÃO

Partido quer dois cargos na Mesa em troca do apoio; Inocêncio reclama do aliciamento de pefelistas pelo PL

PFL deve apoiar candidato do PT na Câmara

RAYMUNDO COSTA
RAQUEL ULHÔA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O PFL deve apoiar o candidato que o PT apresentar à presidência da Câmara em troca da primeira vice-presidência e da quarta secretaria, cargos que a sigla pode reivindicar por ter eleito a segunda maior bancada de deputados federais nas eleições de outubro.
O líder pefelista, Inocêncio Oliveira (PE), já está negociando uma composição com o presidente nacional do PT, José Dirceu (SP), que ontem também esteve com o presidente do PFL, Jorge Bornhausen (SC). Em conversa com Dirceu, Inocêncio se queixou do "aliciamento" de deputados do PFL por aliados do PT.
"É uma vergonha. É a negação do que vocês disseram a vida toda", disse Inocêncio ao deputado petista, segundo relato do pefelista. O PFL está particularmente incomodado com o assédio sobre seus deputados que está sendo feito pelo PL. Dirceu teria prometido tomar providências.
A abertura de negociação entre o PFL e o PT praticamente sepulta a idéia de um bloco parlamentar dos pefelistas com o PSDB e o PPB. O tema voltou a ser discutido ontem entre o presidente tucano, José Aníbal (SP), e Bornhausen. "Não devemos afastar [a idéia] de pronto, mas ela é de difícil consecução", disse Bornhausen após a conversa. Para formar um bloco, os partidos perdem uma série de regalias regimentais, de gabinetes à lotação de pessoal.

Divergências
O tucano Aníbal defende a tese segundo a qual os partidos que deram sustentação política ao presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) deveriam permanecer juntos na oposição ao governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Já Bornhausen acredita que o melhor caminho é as siglas tentarem uma ação conjunta em temas como o salário mínimo e a votação de medida provisória 66, da minirreforma tributária.
Na conversa com Dirceu, Inocêncio chegou a afirmar que se disporia a formar um bloco com o PT para assegurar o direito do partido de eleger o presidente da Câmara, caso outras legendas recorressem ao mesmo expediente. "Só quero o respeito às urnas", disse o líder do PFL na Câmara.
Bornhausen é bem mais comedido. "Queremos conversar e participar", disse o senador por Santa Catarina. Segundo ele, não há nenhum compromisso do PFL em apoiar ou rejeitar o acordo entre o PT e o PMDB, pelo qual o primeiro comandaria a Câmara, e o segundo, o Senado Federal.

Erro
Inocêncio considerou um erro o acordo entre as duas siglas, porque na época em que ele foi firmado o PFL tinha o mesmo número de senadores (19) que o PMDB e a segunda maior bancada na Câmara dos Deputados (84 deputados, contra 74 do PMDB). Com a adesão de dois senadores, o PMDB agora é a maior bancada.
A regra, no Congresso, é que o partido com a maior bancada elege os presidentes da Câmara e do Senado. É uma tradição que o PFL se dispõe a respeitar nas duas Casas. Os demais cargos da Mesa são rateados de acordo com o critério da proporcionalidade.
Assim, na Câmara, o PFL indicaria o primeiro vice-presidente ou o primeiro secretário e o quarto secretário. Além disso, deve reivindicar a presidência de três comissões técnicas na Casa.


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