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TRANSIÇÃO
Lula vê dificuldade de atrair nomes da iniciativa privada a cargos de mais baixo escalão por causa da remuneração
Salários baixos dificultam criação de equipe
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Além do estilo centralizador do
presidente eleito, Luiz Inácio Lula
da Silva, e de sua ordem para que
os petistas mantenham segredo a
respeito das consultas para a formação do ministério, duas outras
razões dificultam e atrasam a
composição da equipe: 1) os baixos salários da cúpula da administração pública e 2) o temor de
que vazamentos melindrem aliados e atrapalhem a votação do Orçamento de 2003.
Ao mesmo tempo em que se
queixa reservadamente do excesso de candidatos ao ministério e
às estatais mais cobiçadas, Lula lamenta a dificuldade de atrair nomes da iniciativa privada devido
aos baixos salários.
O petista recebeu sugestão para
rever algumas carreiras e salários,
mas sua tendência é recusar esse
caminho. Se der aumento, será linear, para todo o funcionalismo.
No meio da pressão para aumento do mínimo para R$ 240 e
aumentar as verbas da área social,
seria um começo ruim, crê Lula,
dar aumentos diferenciados para
uma "elite" pública. FHC já fez
correções assim, deixando o grosso do funcionalismo público sem
reajuste nenhum na maior parte
de seu governo. Lula só deve fazer
o mesmo se terminar 2003 com
perspectiva de crescimento econômico para o resto do mandato.
Ele está preparando um novo
organograma do governo, missão
que está a cargo de Luiz Gushiken, coordenador-adjunto da
equipe de transição.
Atualmente, são 26 cargos no
primeiro escalão, com salário de
R$ 8.500. Pelo valor político dessas posições, há candidato a ministro disposto a ganhar menos
para ocupar a cadeira. Algumas
estatais também têm salários polpudos, maiores do que o da administração direta. Funcionários
dessas empresas, que formam a
administração indireta, poderão
ser requisitados para trabalhar na
administração direta.
As dificuldades para contratar
novos nomes começam no segundo escalão, que tem 1.875 cargos,
com salários entre R$ 6.300 e R$ 8
mil. Há ainda cerca de 20 mil cargos de confiança do terceiro escalão para baixo, com salários entre
R$ 1.220 e R$ 4.850. A necessidade
de prorrogar a cobrança de impostos cuja receita cairia em 2003,
pendente de votação no Congresso, contribui para Lula tratar articulações em segredo.
O vazamento de ministros antes
da votação do Orçamento também pode melindrar políticos
aliados. Esse é um dos motivos
que levam Lula a dizer que só tornará público o ministério por volta de 15 de dezembro, a data-limite para o Orçamento de 2003 ser
aprovado no Congresso.
(KENNEDY ALENCAR E MARTA SALOMON)
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