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Sem-terra diz
querer terra,
não programas
TALITA FIGUEIREDO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A sem-terra Marlene Vieira de Lima, 37, entregou ontem ao presidente Lula uma
carta em nome de 12 acampamentos de Goiás pedindo
assentamento. Ela estava encostada no cordão de isolamento quando o presidente
passou e apertou sua mão.
"Aproveitei e coloquei a
carta na mão dele. Ele perguntou pra mim: tem endereço? E eu respondi que
sim." Há quatro anos ela decidiu largar o emprego de
empregada doméstica em
Jandaia (GO), em que ganhava R$ 60, e se mudar para Paraúna (GO), depois de
ter a promessa "dos companheiros" de que em dois meses teria um pedaço de terra
para trabalhar.
Hoje, ainda mora em um
barraco improvisado, sem
luz elétrica, num acampamento da Contag (Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura).
"Não podemos ficar com
os braços cruzados. A gente
quer a nossa terra, não quer
depender desses programas
como Bolsa-Família, Bolsa-Escola", disse ela. A sem-terra tem três filhos - de 15, 18
e 20 anos.
Maria dos Humildes, 37,
mãe de três filhos (um, dois e
três anos), varreu parte do
centro de convenções à espera do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Ela mora
em Flores do Goiás (GO). "A
gente tem que arrumar a casa quando recebe visita."
A chegada de Lula ao Expo-Brasília causou tumulto,
empurra-empurra e muita
discussão. Lula discursou
para 4.000 sem-terra -dezenas deles, de mãos dadas,
formaram um cordão de isolamento de cinco metros.
De acordo com organizadores do MST, os repórteres
fotográficos e cinegrafistas
não poderiam acompanhar
a chegada do presidente porque havia crianças pequenas
no local. Os jornalistas, porém, ultrapassaram o cordão, e a confusão se instalou.
O presidente do PT, José
Genoino, precisou intervir e
segurar integrantes dos movimentos e jornalistas para
evitar que houvesse briga.
Um cinegrafista machucou o lábio e, segundo o
MST, uma criança ficou levemente ferida na boca.
"Gordo"
No início do discurso, Lula
fez uma brincadeira com
Isabel, 10, que o chamou de
"gordo". "Eu não posso me
conformar que uma menininha desaforada, como disse
dom Tomás Balduíno, depois do sacrifício que estou
fazendo para emagrecer, me
chame de "o gordo". Não é
possível", disse.
Foi dom Tomás Balduíno,
da CPT (Comissão Pastoral
da Terra), que, durante a
prece, contou que a menina
afirmou ter ido ao encontro
para "ver o gordo".
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