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São Paulo, sábado, 22 de novembro de 2003

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BATE-BOCA NO PFL

Carta de baiano deve pôr fim a crise entre caciques pefelistas; processo de expulsão pode ser suspenso

ACM se retrata e diz que Bornhausen é "probo"

RAQUEL ULHÔA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Num gesto de retratação com o presidente do PFL, Jorge Bornhausen (SC) -com quem teve um bate-boca e a quem acusou de "roubar o partido"-, o senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA) encaminhou ontem carta ao deputado Gilberto Kassab (PFL-SP) defendendo a "conduta e a lisura dos atos" do catarinense na condução do partido.
Kassab, que é o relator da representação de Bornhausen pedindo a expulsão de ACM do PFL, afirmou que a carta "satisfaz plenamente" [como retratação] e "servirá para superar o mal-estar que começou a existir no partido". Na quinta, ele deverá propor arquivamento do pedido de expulsão.
Na carta, o senador baiano diz que não quis "injuriar ou caluniar" Bornhausen. "Expressões que empreguei (...) não representam o meu pensamento em relação ao presidente do partido".
Diz que Bornhausen é um ""bom presidente" do PFL e que não quer que "pairem dúvidas sobre a conduta e a lisura de seus atos na condução do partido".
O vice-presidente do PFL, senador José Jorge (PE), que assumiu a presidência do partido com o pedido de licença de Bornhausen (por 30 dias), considerou a crise ""superada". Segundo ele, o catarinense achou que a carta está "de acordo com o que ele esperava".
Bornhausen -que não havia sido encontrado pela Folha até o final da tarde- pediu a expulsão de ACM na reunião da Executiva da última quinta-feira, por considerar "injúria" e "calúnia" as declarações ditas pelo baiano em uma discussão, depois reproduzidas na imprensa.
O próprio ACM relatou a jornalistas ter acusado Bornhausen de "roubar o partido", privilegiando um grupo político da legenda em detrimento de outros, principalmente na propaganda partidária.
Depois do bate-boca, o baiano apresentou requerimento à Executiva cobrando prestação de contas da utilização dos recursos partidários.

Carta
Os termos da carta foram previamente submetidos ao presidente do PFL pelos senadores Marco Maciel (PFL-PE) e José Agripino (PFL-RN). Ela só foi divulgada após Maciel e Agripino lhe transmitirem o aval de Bornhausen. O baiano já havia escrito uma nota antes, mas que não satisfez Bornhausen e não impediu a apresentação do pedido de expulsão.
O presidente do PFL havia dito que apresentou o pedido de expulsão em defesa de sua honra e do seu futuro político. "Abri o processo. Ele terá de contestar ou se retratar", disse, na quinta-feira.
O gesto de Bornhausen mobilizou a cúpula do PFL, preocupada com a divisão do partido num momento em que a legenda busca se fortalecer como oposição ao governo Luiz Inácio Lula da Silva.
Pefelistas ligados a ACM consideraram que, para o perfil do baiano -considerado "arrogante" e "orgulhoso" por adversários-, a carta é um claro recuo, embora não haja um pedido de desculpas explícito.
ACM concluiu: "Conheço o senador Jorge Bornhausen. Sei de suas qualidades e de sua vida pública proba e honesta. Todos sabem quantas vezes já disse que ele é um bom presidente. Apenas defendo que o partido, para ser mais forte, procure ser cada vez mais aberto e participativo".


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