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BATE-BOCA NO PFL
Carta de baiano deve pôr fim a crise entre caciques pefelistas; processo de expulsão pode ser suspenso
ACM se retrata e diz que Bornhausen é "probo"
RAQUEL ULHÔA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Num gesto de retratação com o
presidente do PFL, Jorge Bornhausen (SC) -com quem teve
um bate-boca e a quem acusou de
"roubar o partido"-, o senador
Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA) encaminhou ontem carta ao
deputado Gilberto Kassab (PFL-SP) defendendo a "conduta e a lisura dos atos" do catarinense na
condução do partido.
Kassab, que é o relator da representação de Bornhausen pedindo
a expulsão de ACM do PFL, afirmou que a carta "satisfaz plenamente" [como retratação] e "servirá para superar o mal-estar que
começou a existir no partido". Na
quinta, ele deverá propor arquivamento do pedido de expulsão.
Na carta, o senador baiano diz
que não quis "injuriar ou caluniar" Bornhausen. "Expressões
que empreguei (...) não representam o meu pensamento em relação ao presidente do partido".
Diz que Bornhausen é um ""bom
presidente" do PFL e que não
quer que "pairem dúvidas sobre a
conduta e a lisura de seus atos na
condução do partido".
O vice-presidente do PFL, senador José Jorge (PE), que assumiu a
presidência do partido com o pedido de licença de Bornhausen
(por 30 dias), considerou a crise
""superada". Segundo ele, o catarinense achou que a carta está "de
acordo com o que ele esperava".
Bornhausen -que não havia sido encontrado pela Folha até o final da tarde- pediu a expulsão
de ACM na reunião da Executiva
da última quinta-feira, por considerar "injúria" e "calúnia" as declarações ditas pelo baiano em
uma discussão, depois reproduzidas na imprensa.
O próprio ACM relatou a jornalistas ter acusado Bornhausen de
"roubar o partido", privilegiando
um grupo político da legenda em
detrimento de outros, principalmente na propaganda partidária.
Depois do bate-boca, o baiano
apresentou requerimento à Executiva cobrando prestação de
contas da utilização dos recursos
partidários.
Carta
Os termos da carta foram previamente submetidos ao presidente do PFL pelos senadores
Marco Maciel (PFL-PE) e José
Agripino (PFL-RN). Ela só foi divulgada após Maciel e Agripino
lhe transmitirem o aval de Bornhausen. O baiano já havia escrito
uma nota antes, mas que não satisfez Bornhausen e não impediu
a apresentação do pedido de expulsão.
O presidente do PFL havia dito
que apresentou o pedido de expulsão em defesa de sua honra e
do seu futuro político. "Abri o
processo. Ele terá de contestar ou
se retratar", disse, na quinta-feira.
O gesto de Bornhausen mobilizou a cúpula do PFL, preocupada
com a divisão do partido num
momento em que a legenda busca
se fortalecer como oposição ao
governo Luiz Inácio Lula da Silva.
Pefelistas ligados a ACM consideraram que, para o perfil do
baiano -considerado "arrogante" e "orgulhoso" por adversários-, a carta é um claro recuo,
embora não haja um pedido de
desculpas explícito.
ACM concluiu: "Conheço o senador Jorge Bornhausen. Sei de
suas qualidades e de sua vida pública proba e honesta. Todos sabem quantas vezes já disse que ele
é um bom presidente. Apenas defendo que o partido, para ser mais
forte, procure ser cada vez mais
aberto e participativo".
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