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São Paulo, sábado, 22 de novembro de 2003

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RECONCILIAÇÃO

Após quatro meses e meio sem se falar, presidentes da República e do STF se reaproximam em ato no Planalto

Lula e Corrêa se reúnem em tom cordial

SILVANA DE FREITAS
PATRÍCIA COSTA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Depois de quatro meses e meio sem se falar, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), ministro Maurício Corrêa, encontraram-se ontem no Palácio do Planalto e se cumprimentaram, em clima de reconciliação.
Corrêa participou da cerimônia de sanção de leis que criaram 183 varas federais e 269 varas do trabalho, além de 300 novos cargos de procurador do Trabalho. O ministro foi o último a ser convidado entre presidentes de tribunais -às 18h31 de anteontem, por fax- e só decidiu ir ontem pela manhã.
Parte do encontro foi em um hall de acesso restrito do Planalto, diante de outras pessoas, como o ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, o procurador-geral da República, Claudio Fonteles, e presidentes de outros tribunais.
"O presidente entrou muito alegremente, muito satisfeito e nos cumprimentou. Estavam lá outros juízes. Em seguida, viemos para cá [o salão onde ocorreu a cerimônia]. Foi um gesto de simpatia dele", disse Corrêa.
Ele afirmou que agora aguarda dois novos encontros: um jantar e uma reunião no STF para discutir mudanças na legislação processual que tornem a Justiça mais rápida, "para darmos partida concreta a essa parceria que tem de ser feita". Segundo o ministro, Lula não confirmou ainda se estará presente em algum dos dois eventos.
Principal articulador da aproximação entre Lula e Corrêa, Thomaz Bastos disse que o cumprimento deles foi efusivo. "Só faltaram ficar de mãos dadas."
A última conversa deles tinha sido no início de julho, quando falaram sobre a resistência dos juízes à perda de direitos na reforma da Previdência, como a aposentadoria integral.
Antes, Lula havia criticado a "caixa-preta" do Judiciário, em defesa da fiscalização da atividade dos tribunais. Depois, ao assumir a presidência do STF, Corrêa conclamou a mobilização dos juízes contra a reforma previdenciária, em discurso feito diante de Lula, que não tinha direito à palavra.
A relação entre os dois piorou quando a revista "Veja" trouxe uma entrevista na qual Corrêa fez duras críticas ao presidente. Desde julho, eles estiveram juntos três vezes, sem se falar.
A reaproximação ocorre no momento em que o governo decidiu transformar a reforma do Judiciário em prioridade política. Bastos disse, em discurso, que essa reforma "se encontra incorporada à agenda nacional em caráter de urgência".
Ela prevê a criação do órgão de fiscalização das atividades da Justiça, previsto para ter a participação de pessoas de fora do Judiciário. "Há um interesse grande no controle externo, mas há uma grande divergência na magistratura. Quem vai decidir é o Congresso Nacional", disse Corrêa.


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