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RECONCILIAÇÃO
Após quatro meses e meio sem se falar, presidentes da República e do STF se reaproximam em ato no Planalto
Lula e Corrêa se reúnem em tom cordial
SILVANA DE FREITAS
PATRÍCIA COSTA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Depois de quatro meses e meio
sem se falar, o presidente Luiz
Inácio Lula da Silva e o presidente
do STF (Supremo Tribunal Federal), ministro Maurício Corrêa,
encontraram-se ontem no Palácio
do Planalto e se cumprimentaram, em clima de reconciliação.
Corrêa participou da cerimônia
de sanção de leis que criaram 183
varas federais e 269 varas do trabalho, além de 300 novos cargos
de procurador do Trabalho. O
ministro foi o último a ser convidado entre presidentes de tribunais -às 18h31 de anteontem,
por fax- e só decidiu ir ontem
pela manhã.
Parte do encontro foi em um
hall de acesso restrito do Planalto,
diante de outras pessoas, como o
ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, o procurador-geral
da República, Claudio Fonteles, e
presidentes de outros tribunais.
"O presidente entrou muito alegremente, muito satisfeito e nos
cumprimentou. Estavam lá outros juízes. Em seguida, viemos
para cá [o salão onde ocorreu a
cerimônia]. Foi um gesto de simpatia dele", disse Corrêa.
Ele afirmou que agora aguarda
dois novos encontros: um jantar e
uma reunião no STF para discutir
mudanças na legislação processual que tornem a Justiça mais rápida, "para darmos partida concreta a essa parceria que tem de
ser feita". Segundo o ministro,
Lula não confirmou ainda se estará presente em algum dos dois
eventos.
Principal articulador da aproximação entre Lula e Corrêa, Thomaz Bastos disse que o cumprimento deles foi efusivo. "Só faltaram ficar de mãos dadas."
A última conversa deles tinha sido no início de julho, quando falaram sobre a resistência dos juízes
à perda de direitos na reforma da
Previdência, como a aposentadoria integral.
Antes, Lula havia criticado a
"caixa-preta" do Judiciário, em
defesa da fiscalização da atividade
dos tribunais. Depois, ao assumir
a presidência do STF, Corrêa conclamou a mobilização dos juízes
contra a reforma previdenciária,
em discurso feito diante de Lula,
que não tinha direito à palavra.
A relação entre os dois piorou
quando a revista "Veja" trouxe
uma entrevista na qual Corrêa fez
duras críticas ao presidente. Desde julho, eles estiveram juntos três
vezes, sem se falar.
A reaproximação ocorre no
momento em que o governo decidiu transformar a reforma do Judiciário em prioridade política.
Bastos disse, em discurso, que essa reforma "se encontra incorporada à agenda nacional em caráter
de urgência".
Ela prevê a criação do órgão de
fiscalização das atividades da Justiça, previsto para ter a participação de pessoas de fora do Judiciário. "Há um interesse grande no
controle externo, mas há uma
grande divergência na magistratura. Quem vai decidir é o Congresso Nacional", disse Corrêa.
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