|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
OPERAÇÃO ANACONDA
Nova etapa da investigação é para descobrir esquemas de lavagem do dinheiro obtido com venda de sentenças
PF faz blitz em casas de câmbio e agências
ANDRÉA MICHAEL
IURI DANTAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A Polícia Federal deflagrou ontem nova etapa da Operação Anaconda. Cumpriu seis mandados
de busca e apreensão em casas de
câmbio, corretoras de valores e
agências de viagens em São Paulo
e São José dos Campos (SP).
Há indícios de que as empresas
serviam para lavar o dinheiro obtido pela suposta quadrilha, revelada pela investigação, que praticava extorsão, intermediava a
manipulação de inquéritos policiais e vendia sentenças judiciais.
Em entrevista coletiva, ontem
em Brasília, o delegado Reinaldo
de Almeida César, porta-voz da
operação, informou a conclusão
da análise de inteligência sobre os
1.300 quilos de documentos e
equipamentos apreendidos no último dia 30. A documentação foi
encaminhada à desembargadora
Therezinha Cazerta, relatora do
processo no Tribunal Regional
Federal da 3ª Região.
A Folha apurou que uma das
casas de câmbio vistoriadas foi a
Santur, localizada na avenida Brigadeiro Faria Lima, no Itaim Bibi
(zona oeste de São Paulo).
Impedido de fornecer detalhes
porque o processo corre sob segredo de Justiça, o delegado confirmou a quebra de sigilos bancário e fiscal de envolvidos na quadrilha. As contas mostraram, segundo César, que alguns dos suspeitos possuem patrimônio incompatível com os rendimentos.
O caminho do dinheiro recebido pela suposta quadrilha é o foco
da PF agora. O Departamento de
Recuperação de Ativos Financeiros do Ministério da Justiça está
analisando os documentos
apreendidos para, por meio de
acordos de cooperação internacional, conseguir a quebra de sigilo de contas bancárias no exterior
-por ora, os alvos são Suíça,
Áustria, Estados Unidos, Uruguai
e Ilhas Cayman.
Os indícios até agora reunidos
mostram que a suposta quadrilha, além de remeter dinheiro do
Brasil para outros países, levava
quantias em espécie e depositava
direto nos bancos no exterior.
Para reforçar os pedidos de quebra -e obter a ajuda das autoridades estrangeiras-, a PF levantará indícios das viagens de integrantes da suposta quadrilha aos
países nos quais sua movimentação financeira será investigada.
A PF trabalha também para descobrir de quem são alguns imóveis já identificados nas investigações -se os suspeitos são os proprietários ou se há registros em
nome de laranjas, por exemplo.
Documentos em São Paulo
O TRF recebeu ontem os documentos da Polícia Federal que estavam em Brasília. Pela manhã,
eles foram transportados de avião
para o Aeroporto Internacional
de Guarulhos, na região metropolitana de São Paulo. De lá, seguiram em um caminhão, escoltado
por 14 carros da Polícia Federal,
para o prédio do tribunal.
Batedores da Polícia Militar
também acompanharam o caminhão e fecharam as transversais
das ruas pelas quais ele passou, de
modo a evitar os semáforos.
Os documentos serão lidos pela
desembargadora Therezinha Cazerta e só depois poderão ser consultados pelos advogados dos
acusados. O gabinete dela está
guardado por seguranças.
Texto Anterior: Ameaça de bomba tira ministra de gabinete Próximo Texto: Chefe da PF em São Paulo diz que detectou problemas com agente Índice
|