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São Paulo, sábado, 22 de novembro de 2003

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OPERAÇÃO ANACONDA

Nova etapa da investigação é para descobrir esquemas de lavagem do dinheiro obtido com venda de sentenças

PF faz blitz em casas de câmbio e agências

ANDRÉA MICHAEL
IURI DANTAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A Polícia Federal deflagrou ontem nova etapa da Operação Anaconda. Cumpriu seis mandados de busca e apreensão em casas de câmbio, corretoras de valores e agências de viagens em São Paulo e São José dos Campos (SP).
Há indícios de que as empresas serviam para lavar o dinheiro obtido pela suposta quadrilha, revelada pela investigação, que praticava extorsão, intermediava a manipulação de inquéritos policiais e vendia sentenças judiciais.
Em entrevista coletiva, ontem em Brasília, o delegado Reinaldo de Almeida César, porta-voz da operação, informou a conclusão da análise de inteligência sobre os 1.300 quilos de documentos e equipamentos apreendidos no último dia 30. A documentação foi encaminhada à desembargadora Therezinha Cazerta, relatora do processo no Tribunal Regional Federal da 3ª Região.
A Folha apurou que uma das casas de câmbio vistoriadas foi a Santur, localizada na avenida Brigadeiro Faria Lima, no Itaim Bibi (zona oeste de São Paulo).
Impedido de fornecer detalhes porque o processo corre sob segredo de Justiça, o delegado confirmou a quebra de sigilos bancário e fiscal de envolvidos na quadrilha. As contas mostraram, segundo César, que alguns dos suspeitos possuem patrimônio incompatível com os rendimentos.
O caminho do dinheiro recebido pela suposta quadrilha é o foco da PF agora. O Departamento de Recuperação de Ativos Financeiros do Ministério da Justiça está analisando os documentos apreendidos para, por meio de acordos de cooperação internacional, conseguir a quebra de sigilo de contas bancárias no exterior -por ora, os alvos são Suíça, Áustria, Estados Unidos, Uruguai e Ilhas Cayman.
Os indícios até agora reunidos mostram que a suposta quadrilha, além de remeter dinheiro do Brasil para outros países, levava quantias em espécie e depositava direto nos bancos no exterior.
Para reforçar os pedidos de quebra -e obter a ajuda das autoridades estrangeiras-, a PF levantará indícios das viagens de integrantes da suposta quadrilha aos países nos quais sua movimentação financeira será investigada.
A PF trabalha também para descobrir de quem são alguns imóveis já identificados nas investigações -se os suspeitos são os proprietários ou se há registros em nome de laranjas, por exemplo.

Documentos em São Paulo
O TRF recebeu ontem os documentos da Polícia Federal que estavam em Brasília. Pela manhã, eles foram transportados de avião para o Aeroporto Internacional de Guarulhos, na região metropolitana de São Paulo. De lá, seguiram em um caminhão, escoltado por 14 carros da Polícia Federal, para o prédio do tribunal.
Batedores da Polícia Militar também acompanharam o caminhão e fecharam as transversais das ruas pelas quais ele passou, de modo a evitar os semáforos.
Os documentos serão lidos pela desembargadora Therezinha Cazerta e só depois poderão ser consultados pelos advogados dos acusados. O gabinete dela está guardado por seguranças.


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