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Chefe da PF em São Paulo diz que
detectou problemas com agente
DA REPORTAGEM LOCAL
O superintendente da Polícia
Federal de São Paulo, Francisco
Baltazar da Silva, afirmou ontem
que foi ele quem descobriu a situação irregular do agente federal
César Herman Rodriguez, preso
durante a Operação Anaconda.
Rodriguez estava cedido ao gabinete do juiz federal João Carlos da
Rocha Mattos, também preso.
Em escuta telefônica feita pelo
setor de inteligência da própria
Polícia Federal, Rodriguez conversa com uma agente federal
chamada Tânia. Ela fala que haveria um encontro entre Rodriguez,
Tânia, Baltazar e o juiz federal Casem Mazloum. Tânia ainda fala
que Baltazar autorizaria a permanência dos dois na Justiça se Mazloum oficializasse o pedido.
A conversa foi interpretada por
procuradores da República como
uma possível forma de proteção
de Baltazar aos dois agentes. Rodriguez é apontado pelo Ministério Público Federal como o principal responsável pela parte operacional da suposta quadrilha que
venderia sentenças judiciais, entre outros crimes.
A facilidade do contato do agente com juízes seria fundamental
para sua atuação, segundo a Procuradoria da República.
Ontem foi a primeira vez que
Baltazar falou com a imprensa sobre a escuta telefônica na qual é citado. Ele disse que em fevereiro,
quando assumiu a superintendência, mandou fazer um inventário de móveis e carros e também
um levantamento de todos os servidores da PF.
"Foi quando fui informado por
minha assessoria que nós tínhamos dois funcionários cedidos à
Justiça Federal. Por requisição judicial, eles estavam prestando serviços de segurança a magistrados.
Determinei que isso fosse sanado", disse Baltazar.
Segundo ele, os dois agentes estavam a serviço da Justiça Federal
sem a liberação do Ministério da
Justiça, como prevê a cessão de
servidores do Poder Executivo ao
Poder Judiciário. O superintendente disse que então encaminhou o caso ao ministério.
"Depois disso veio à toda essa
operação [Anaconda] e o envolvimento do funcionário César Herman", disse Baltazar. Segundo ele,
os dois agentes cedidos também
não estavam prestando contas de
suas atividades na Justiça Federal.
Apesar de falar sobre o caso,
Baltazar disse que desconhece o
conteúdo das escutas. "Eu não sei
em que contexto isso aparece nas
gravações porque eu não tive
acesso a elas", afirmou.
Questionado se queria ter acesso às escutas, Baltazar evitou opinar. "Se eu não tive antes, agora
também é indiferente", afirmou.
O superintendente se negou, no
entanto, a falar sobre a Operação
Anaconda, ocorrida no último dia
30, que terminou na prisão do delegado da Polícia Federal José Augusto Bellini -cargo de confiança na corporação- e do agente
Rodriguez. A operação foi feita
por policiais de outros Estados, e
a PF de São Paulo não foi avisada,
o que provocou uma crise entre
policiais paulistas e a Direção Geral da PF. "Já foram dadas todas as
explicações necessárias sobre a
Operação Anaconda. Foi uma
operação feita por Brasília e vocês
devem se dirigir a Brasília. É um
caso sobre o qual não tenho mais
nada a dizer", afirmou Baltazar.
(GILMAR PENTEADO)
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