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São Paulo, sábado, 22 de novembro de 2003

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Chefe da PF em São Paulo diz que detectou problemas com agente

DA REPORTAGEM LOCAL

O superintendente da Polícia Federal de São Paulo, Francisco Baltazar da Silva, afirmou ontem que foi ele quem descobriu a situação irregular do agente federal César Herman Rodriguez, preso durante a Operação Anaconda. Rodriguez estava cedido ao gabinete do juiz federal João Carlos da Rocha Mattos, também preso.
Em escuta telefônica feita pelo setor de inteligência da própria Polícia Federal, Rodriguez conversa com uma agente federal chamada Tânia. Ela fala que haveria um encontro entre Rodriguez, Tânia, Baltazar e o juiz federal Casem Mazloum. Tânia ainda fala que Baltazar autorizaria a permanência dos dois na Justiça se Mazloum oficializasse o pedido.
A conversa foi interpretada por procuradores da República como uma possível forma de proteção de Baltazar aos dois agentes. Rodriguez é apontado pelo Ministério Público Federal como o principal responsável pela parte operacional da suposta quadrilha que venderia sentenças judiciais, entre outros crimes.
A facilidade do contato do agente com juízes seria fundamental para sua atuação, segundo a Procuradoria da República.
Ontem foi a primeira vez que Baltazar falou com a imprensa sobre a escuta telefônica na qual é citado. Ele disse que em fevereiro, quando assumiu a superintendência, mandou fazer um inventário de móveis e carros e também um levantamento de todos os servidores da PF.
"Foi quando fui informado por minha assessoria que nós tínhamos dois funcionários cedidos à Justiça Federal. Por requisição judicial, eles estavam prestando serviços de segurança a magistrados. Determinei que isso fosse sanado", disse Baltazar.
Segundo ele, os dois agentes estavam a serviço da Justiça Federal sem a liberação do Ministério da Justiça, como prevê a cessão de servidores do Poder Executivo ao Poder Judiciário. O superintendente disse que então encaminhou o caso ao ministério.
"Depois disso veio à toda essa operação [Anaconda] e o envolvimento do funcionário César Herman", disse Baltazar. Segundo ele, os dois agentes cedidos também não estavam prestando contas de suas atividades na Justiça Federal.
Apesar de falar sobre o caso, Baltazar disse que desconhece o conteúdo das escutas. "Eu não sei em que contexto isso aparece nas gravações porque eu não tive acesso a elas", afirmou.
Questionado se queria ter acesso às escutas, Baltazar evitou opinar. "Se eu não tive antes, agora também é indiferente", afirmou.
O superintendente se negou, no entanto, a falar sobre a Operação Anaconda, ocorrida no último dia 30, que terminou na prisão do delegado da Polícia Federal José Augusto Bellini -cargo de confiança na corporação- e do agente Rodriguez. A operação foi feita por policiais de outros Estados, e a PF de São Paulo não foi avisada, o que provocou uma crise entre policiais paulistas e a Direção Geral da PF. "Já foram dadas todas as explicações necessárias sobre a Operação Anaconda. Foi uma operação feita por Brasília e vocês devem se dirigir a Brasília. É um caso sobre o qual não tenho mais nada a dizer", afirmou Baltazar. (GILMAR PENTEADO)


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