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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/PALOCCI NA MIRA
Presidente elogia Palocci e afirma que país "navega com tranqüilidade, sem tsunamis"
Lula diz que política econômica é do governo e não de ministro
EDUARDO SCOLESE
PEDRO DIAS LEITE
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Em tom de desabafo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu ontem em solenidade no
Palácio do Planalto a atuação de
Antonio Palocci no Ministério da
Fazenda, disse porém que a política econômica é uma responsabilidade de todo o governo federal e
afirmou que o país está crescendo
mesmo diante de uma "crise do
denuncismo". Disse ainda que a
"pequenez eleitoral" não vai tirar
a seriedade de sua administração.
Diante de ministros, empresários e parlamentares, mesmo admitindo "não entender muito de
economia", Lula disse durante a
sanção da chamada "medida provisória do bem" que os rumos
dessa política não mudam nem
por razões eleitorais e que -numa comparação do Brasil com
um navio em alto-mar- o país
navega com tranqüilidade sem a
possibilidade de ser atingido por
um "tsunami".
"Que país e que governo cresceriam no ano de 2005 subordinados à crise de denuncismo que
nós estamos vivendo neste país?
Quem suportaria, qual interesse
de um empresário alemão, inglês
ou francês, sueco ou finlandês, venezuelano, argentino, iria querer
investir no Brasil, se ele acessar a
internet e vir a quantidade de matérias negativas contra o país como ele vê?", questionou o presidente, que completou: "Entretanto, mesmo com a profundidade
da crise, mesmo com o denuncismo, até agora não provado, o dado concreto é que a economia
brasileira continua funcionando".
Em seu discurso, que durou
meia hora e no qual por seguidas
vezes socou o púlpito à sua frente,
o presidente disse que a "política
econômica é muito menos mágica e muito mais seriedade".
A solenidade de ontem reuniu
pela primeira vez num evento público os ministros Palocci, Paulo
Bernardo (Planejamento) e Dilma Rousseff (Casa Civil) desde
que as discordâncias entre eles sobre gastos do governo se tornaram públicas. "Como uma boa celeuma não é bom apenas na política e no futebol, ela vale também
para a prática da governabilidade", afirmou o presidente.
Em outra referência às discordâncias entre Palocci e Dilma, disse que, em seu governo, "há espaço para que os ministros possam
ter pensamentos diferenciados".
Diante de Dilma, Lula elogiou
Palocci em pelo menos dois momentos de sua fala improvisada.
Na primeira vez, quando atribuiu
ao ministro o êxito na aprovação
da "MP do Bem": "Eu quero
aproveitar para dizer a todos vocês que esta medida não seria possível de acontecer se não fosse o
trabalho do companheiro Palocci". Depois, já no final de seu discurso, manifestou seu desejo de
manter o ministro no comando
da economia: "Quero dizer para
vocês que o ministro Palocci é o
meu ministro da Fazenda, escolhido por mim".
O presidente fez questão de ressaltar, porém, que a política econômica é do governo, e não de Palocci. "Neste governo, não tem
política econômica do ministro
Palocci, tem política econômica
do governo, que envolve toda a
complexidade do que significa o
governo."
Eleições
Nos primeiros dez minutos, ele
leu o discurso preparado por sua
assessoria, em que dizia que não
mudará sua conduta por conta de
razões eleitorais. "Continuarei fazendo na economia, como em todas as áreas de governo, aquilo
que é melhor para o país. Não
mudarei em nada a minha conduta por razões eleitorais. Estamos
governando para as atuais e para
as próximas gerações, não cortejei
nem cortejarei o êxito fácil."
A seguir, já de improviso, saiu
em defesa da política econômica e
deu novas alfinetadas na imprensa, quando disse ter ficado "estarrecido" ao ver seus elogios a Dilma, na semana passada, nas manchetes dos jornais.
O discurso também foi todo recheado de ataques à oposição. Em
diferentes momentos, em meio a
raciocínios econômicos, o presidente criticou seus antecessores e
ligou a atual crise política a um clima eleitoral motivado por seus
adversários. Na semana passada,
num "lapso", segundo ele, admitiu sua candidatura à reeleição.
Ontem, negou preocupação
com as eleições: "Não estou preocupado. Até porque muita mentira tem perna curta. E o povo brasileiro é mais sábio e mais inteligente do que aqueles que pensam
pequeno podem compreender".
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