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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/A HORA DE DIRCEU
Deputado diz que relator recomendou sua cassação por suposto aval a empréstimos a Valério e agora nega existência desses empréstimos
Dirceu vê "fracasso" e contradição em CPI
FÁBIO ZANINI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O ex-ministro da Casa Civil José
Dirceu acusou ontem a CPI dos
Correios de ter "fracassado" em
suas investigações. Ameaçado de
cassação, o deputado petista respondeu irritado ao relator da comissão, Osmar Serraglio (PMDB-PR), que adiantou que pedirá seu
indiciamento no relatório final.
"O relator da CPMI dos Correios tirou conclusões precipitadas, não conseguiu sustentar as
acusações e agora quer encobrir o
fracasso das investigações levantando novas suposições infundadas", disse Dirceu, por meio de
nota da sua assessoria.
Segundo o ex-ministro, Serraglio está promovendo "perseguição política" e baseia sua conclusão em uma contradição. "De forma precipitada, sem considerar as
provas em contrário, ele [Serraglio] propôs que eu fosse submetido a processo disciplinar porque
teriam me apontado como avalista dos empréstimos feitos pelo senhor Marcos Valério. Agora, ele
afirma que os empréstimos não
existem", afirmou.
O ex-presidente nacional do PT
José Genoino também se manifestou ontem a propósito da declaração de Serraglio à Folha. Ele
foi citado como um dos nomes na
lista dos indiciados ao fim da CPI.
"Quero dizer, primeiro, que não
há decisão da CPI [sobre indiciamento]. Quero também dizer que
os empréstimos tomados pelo PT
foram legais. Estão registrados na
nossa contabilidade, declarada à
Justiça Eleitoral", disse Genoino.
Indagado pelos empréstimos
não-contabilizados, citados pelo
ex-tesoureiro petista Delúbio
Soares, ele respondeu: "Isso não é
comigo. Eu nunca tratei disso".
Serraglio não foi localizado para
responder às declarações.
Semana decisiva
Dirceu enfrenta uma semana
decisiva para salvar seu mandato.
Hoje, a Comissão de Constituição
e Justiça da Câmara deve aprovar
relatório que acata em parte recurso do petista, reconhecendo
que existe efeito suspensivo sobre
o processo enquanto houver recursos. Isso significará que o Conselho de Ética deverá novamente
enviar o processo à Mesa Diretora
da Câmara. Como o intervalo regimental é de duas sessões entre o
envio e a votação em plenário, o
destino de Dirceu pode ser decidido apenas na quarta-feira da semana que vem.
Integrantes do Conselho de Ética vão apresentar requerimento
em plenário para cancelar o intervalo, mas as chances de aprovação são remotas.
O ex-ministro intensificou ontem sua campanha para escapar
da cassação. Ele acredita que lentamente vêm melhorando seus
prospectos juntos aos deputados,
embora a afirmação seja de difícil
verificação.
Hoje, deve começar a ser distribuído aos 513 parlamentares um
panfleto de quatro páginas feito
por sua assessoria com o título "13
Manipulações no Processo contra
José Dirceu". Foram impressos
3.000 exemplares com um resumo da versão do ex-ministro para
cada uma das acusações que sofre. Ele reconhece que existiu um
"sistema ilegal de financiamento
de campanhas eleitorais do PT e
de partidos aliados", mas novamente rechaça que tenha tido participação nisso.
O folheto será distribuído também em um ato de apoio a Dirceu
marcado para hoje à noite em
Brasília, organizado pelo diretório regional do PT, a exemplo de
outros que já ocorreram em São
Paulo, Rio e Minas Gerais.
Ao mesmo tempo, dois modelos de outdoors estão sendo veiculados por simpatizantes de Dirceu. Um deles, assinado apenas
por "Militantes do PT", foi colocado ontem próximo ao aeroporto de Brasília.
Outro modelo deve estrear
amanhã em São Paulo, Rio e Brasília. É uma iniciativa do escritor
Fernando Morais, que diz ter obtido os espaços gratuitamente de
um empresário do ramo de outdoors que é seu amigo.
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