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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/PAGAMENTO SUSPEITO
Presidente da CPI dos Bingos deve permitir a presença de integrantes da CPI dos Correios em depoimento hoje do presidente do Sebrae
Amigo de Lula deve responder a duas CPIs
DO ENVIADO ESPECIAL A BRASÍLIA
O presidente do Sebrae, Paulo
Okamotto, presta depoimento
hoje à CPI dos Bingos para explicar o pagamento de uma dívida
do presidente Luiz Inácio Lula da
Silva com o PT. Se o objetivo da
oposição se concretizar, talvez
Okamotto receba "visitas" surpresas. Ontem, o deputado Antonio Carlos Magalhães Neto (PFL-BA), integrante da CPI dos Correios, defendeu que membros
desta comissão participassem do
depoimento do amigo de Lula.
O presidente da CPI dos Bingos,
senador Efraim Morais (PFL-PI),
gostou da sugestão. "É possível
que abramos para a CPI dos Correios." A senadora Ideli Salvatti
(PT-SC), integrante da CPI dos
Correios, protestou. "Não há nem
requerimento aprovado para chamar o Okamotto para depor, por
que eles querem ouvi-lo?"
Okamotto pagou um empréstimo de R$ 29,4 mil concedido pelo
PT ao presidente Lula. O pagamento foi feito em quatro parcelas, entre dezembro de 2003 e
março de 2004. De acordo com
Okamotto, foram utilizados recursos dele para a quitação.
O presidente do Sebrae e ex-tesoureiro do PT não apresentou
até hoje, porém, comprovantes
bancários das transações feitas.
O PT afirmou que Lula não contraiu empréstimo com o partido,
e que a transação foi apenas contábil e se referia a despesas com
viagens do presidente e da primeira-dama, Marisa Letícia, durante a campanha de 2002.
Em agosto, quando foi divulgado a dívida de Lula com o PT, o
Planalto disse que o presidente
não tinha conhecimento da dívida nem de seu pagamento.
A oposição suspeita que essa dívida pode ter sido paga com dinheiro das contas de empresas de
Marcos Valério, acusado de ser o
operador do "mensalão".
"Vamos avaliar o depoimento
dele [de Okamotto] para vermos
se é necessário pedir a quebra de
sigilos bancário e fiscal", disse
Efraim Morais. Para o senador Álvaro Dias (PSDB-PR), "sob o
ponto de vista da transparência,
faz sentido convocá-lo". Dias observou, porém, que até agora a
CPI não obteve sucesso na busca
de documentos que desmentissem Okamotto sobre o pagamento da dívida.
(CHICO DE GOIS)
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