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FHC critica precipitação no
julgamento de "atos públicos"
da Sucursal de Brasília
O presidente Fernando Henrique Cardoso afirmou ontem que
"é extremamente arriscado fazer
parte de qualquer administração
pública" por causa do "nível de
precipitação de julgamento dos
atos" públicos.
"Rapidamente, as pessoas passam de levemente suspeitas a condenadas na hora, e às vezes a suspeita é vã", afirmou o presidente.
Logo em seguida, ao ser indagado se a afirmação havia sido feita
em referência ao ministro da Defesa, Elcio Alvares, e à sua ex-assessora pessoal, Solange Antunes
Resende -que está sob suspeita
da CPI do Narcotráfico-, FHC
negou a comparação e se irritou.
"Não inventem o que eu não
disse e não venham confundir as
coisas. Chega. Vocês sabem que
não é", afirmou enfaticamente o
presidente. "Se aparecer qualquer
afirmação minha (insinuando
que ele citou o caso Elcio), desminto de antemão. Eu nem pensei nesse assunto."
FHC também negou que tenha
tratado sobre o assunto ainda que
indiretamente. "Não é nenhuma
indireta. É direta, a eles. É para
eles", afirmou FHC, apontando
para um grupo de servidores presentes à cerimônia de entrega do
segundo Prêmio de Qualidade do
governo federal.
O presidente completou: "Estou
incentivando (os funcionários)
apesar das dificuldades que nós
temos o tempo todo. Eu pluralizei". Segundo FHC, os servidores
públicos "são julgados e a toda
hora exigidos".
Para o presidente, "às vezes até
há indícios (de irregularidades)",
mas "depende de que caso" .
"Mas eu não pensei em ninguém.
Chega", insistiu.
Durante o discurso, FHC havia
dito que o funcionário público
"arrisca-se, o tempo todo, ao tomar decisões". "E sabe Deus como é que essas decisões vão ser
interpretadas por terceiros, de
boa ou de má-fé."
Segundo o presidente, os servidores públicos -ele, inclusive-
precisam ter maior capacidade de
desempenho para "responder
àqueles que, por justas razões,
têm certas dúvidas quanto à capacidade do servidor para realizar o
que é necessário que se realize".
FHC disse ainda, em tom de
brincadeira, que não queria falar
de questões salariais dos servidores porque "o pessoal da equipe
econômica" não estava presente à
cerimônia.
Os servidores estão sem reajuste
há cinco anos e o Ministério do
Planejamento anunciou que não
há aumentos salariais previstos
para o ano 2000.
(WILLIAM FRANÇA)
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