São Paulo, Quarta-feira, 22 de Dezembro de 1999


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FHC critica precipitação no julgamento de "atos públicos"

da Sucursal de Brasília

O presidente Fernando Henrique Cardoso afirmou ontem que "é extremamente arriscado fazer parte de qualquer administração pública" por causa do "nível de precipitação de julgamento dos atos" públicos.
"Rapidamente, as pessoas passam de levemente suspeitas a condenadas na hora, e às vezes a suspeita é vã", afirmou o presidente.
Logo em seguida, ao ser indagado se a afirmação havia sido feita em referência ao ministro da Defesa, Elcio Alvares, e à sua ex-assessora pessoal, Solange Antunes Resende -que está sob suspeita da CPI do Narcotráfico-, FHC negou a comparação e se irritou.
"Não inventem o que eu não disse e não venham confundir as coisas. Chega. Vocês sabem que não é", afirmou enfaticamente o presidente. "Se aparecer qualquer afirmação minha (insinuando que ele citou o caso Elcio), desminto de antemão. Eu nem pensei nesse assunto."
FHC também negou que tenha tratado sobre o assunto ainda que indiretamente. "Não é nenhuma indireta. É direta, a eles. É para eles", afirmou FHC, apontando para um grupo de servidores presentes à cerimônia de entrega do segundo Prêmio de Qualidade do governo federal.
O presidente completou: "Estou incentivando (os funcionários) apesar das dificuldades que nós temos o tempo todo. Eu pluralizei". Segundo FHC, os servidores públicos "são julgados e a toda hora exigidos".
Para o presidente, "às vezes até há indícios (de irregularidades)", mas "depende de que caso" . "Mas eu não pensei em ninguém. Chega", insistiu.
Durante o discurso, FHC havia dito que o funcionário público "arrisca-se, o tempo todo, ao tomar decisões". "E sabe Deus como é que essas decisões vão ser interpretadas por terceiros, de boa ou de má-fé."
Segundo o presidente, os servidores públicos -ele, inclusive- precisam ter maior capacidade de desempenho para "responder àqueles que, por justas razões, têm certas dúvidas quanto à capacidade do servidor para realizar o que é necessário que se realize".
FHC disse ainda, em tom de brincadeira, que não queria falar de questões salariais dos servidores porque "o pessoal da equipe econômica" não estava presente à cerimônia.
Os servidores estão sem reajuste há cinco anos e o Ministério do Planejamento anunciou que não há aumentos salariais previstos para o ano 2000.
(WILLIAM FRANÇA)

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