São Paulo, sexta-feira, 22 de dezembro de 2000

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Dois integrantes permanecem presos em MS


DA AGÊNCIA FOLHA, EM CAMPO GRANDE

A Justiça de Mato Grosso do Sul mantém presos dois integrantes do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) há mais de 15 dias, por não acatarem mandado de reintegração de posse. A prisão de Antonio Francisco da Silva e Edson Miranda ocorreu em 4 de dezembro no fórum de Rio Verde de Mato Grosso, região norte de Mato Grosso do Sul.
Eles foram levados para a delegacia da cidade quando participavam de uma reunião de conciliação, que contava com a participação de um juiz, um promotor e o dono da fazenda invadida.
O juiz Gil Messias Fleming, que determinou a prisão, disse que os sem-terra foram detidos por resistência, esbulho possessório e formação de quadrilha. Somados, esses crimes podem resultar em uma pena que vai de dois a cinco anos de reclusão.
De acordo com o juiz, os sem-terra disseram que não iriam sair da área invadida, "mesmo sabendo que estavam praticando um crime".
Segundo Fleming, "eles se fizeram de desentendidos, foram arrogantes. Isso é um desrespeito à lei. Além do mais, antes da reunião, um oficial de Justiça e um grupo de policiais foram até o acampamento informar sobre o mandado de reintegração e os sem-terra correram com eles de lá", afirmou o juiz.
João Campos, um dos representantes do MST no Estado, disse que a prisão é injusta e desnecessária, "tendo em vista que não há conflitos, nem houve resistência por parte dos trabalhadores".
Segundo ele, um grupo de cem famílias acampou na fazenda Santa Catarina, de 3.000 hectares, há três meses. Os sem-terra exigem que a área seja vistoriada. Para Campos, o caso ainda está em fase de negociação.
O MST entrou com pedido de revogação da prisão, que está sendo analisado pelo Ministério Público. A decisão da Justiça deve ser anunciada até a próxima quinta.
As famílias invasoras permanecem na área, e o MST diz que só saem de lá quando o juiz mandar soltar os dois sem-terra presos.


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