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GOIÁS
Documento do Banco Central enfraquece versão de que Valdemar Zaidem Sobrinho foi beneficiário do desvio de R$ 5 milhões
Relatório ajuda advogado no caso Caixego
RONALD FREITAS
DA REPORTAGEM LOCAL
O relatório do Banco Central
descrevendo o caminho percorrido pelos R$ 5 milhões devolvidos
aos cofres da Caixego (Caixa Econômica do Estado de Goiás) desde o BNDES (Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico e
Social) enfraquece a versão de que
o advogado Valdemar Zaidem
Sobrinho foi o grande beneficiário do desvio, ocorrido em 1998.
O dinheiro sacado a mais teria
sido gasto na campanha para o
governo do Estado do senador
Iris Rezende (PMDB), de acordo
com denúncia do Ministério Público. Iris nega ter sido beneficiário do desvio.
Nos últimos dois anos, Zaidem
foi acusado por Edivaldo Andrade, ex-liquidante da Caixego, de
ter ficado com o dinheiro. A versão era reforçada por Isaías Carlos
da Silva, ex-subprocurador-geral
do Estado, que acusava o advogado de lhe ter entregue o dinheiro
devolvido de surpresa aos cofres
da Caixego, em março de 2000,
após o desvio tornar-se público.
Zaidem sempre admitiu ter recebido o cheque de R$ 5 milhões,
com a ressalva de tê-lo endossado
na presença e a pedido de Andrade. "Endossei e entreguei ao Edivaldo", diz. O advogado afirma
que o cheque foi emitido em seu
nome a pedido de Andrade.
Na época, Zaidem era assistente
de Élcio Berquó, representante de
124 ex-servidores da Caixego que
cobravam indenização trabalhista
do banco estadual. Como pagamento por seu trabalho, Zaidem
recebeu R$ 460 mil. "Um valor inferior aos 10% do valor da indenização que eu tinha acertado com
o Berquó", diz o advogado.
Empresa
A versão de Zaidem ganha credibilidade com o relatório do BC.
O documento informa que o dinheiro devolvido à Caixego saiu
dos cofres do BNDES na forma de
empréstimo para uma conta bancária da empresa Alstom do Brasil
Ltda., que manteve contrato de
fornecimento de equipamentos
de geração de energia elétrica com
o governo de Goiás na primeira
gestão de Iris (1983-1987).
Da Alstom, o dinheiro foi para
uma conta da metalúrgica mineira Indústria Ferroviária Nacional
antes de chegar na conta do doleiro Joaquim Elias de Andrade, de
onde saiu para a Caixego.
O desvio foi planejado às vésperas do pagamento da indenização
trabalhista. O valor original era de
R$ 14 milhões, confirmado posteriormente pela Justiça do Trabalho, mas um acordo com os ex-servidores reduziu o montante.
O saque de R$ 10 milhões foi
fruto de "um acerto entre representantes do governo e da Caixego", segundo Zaidem. "Para justificar a sobra, disseram que o dinheiro seria usado para recolhimento de impostos e encargos
trabalhistas", diz o advogado.
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