São Paulo, domingo, 22 de dezembro de 2002

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Chuva alaga escola de assentamento

DA AGÊNCIA FOLHA, EM PONTA PORÃ

Em uma escola de ensino fundamental que funciona no núcleo do MST, na fazenda Itamarati, onde vivem 320 famílias, o planejamento do ano letivo depende dos períodos de estiagem. É que o pouco teto que resta, de palha, não protege os estudantes das chuvas. Em dias de temporais, as aulas são canceladas. Mantida pela gestão petista de Ponta Porã (MS), a escola funciona em barraco feito de ripas de eucalipto e o pouco teto que resta de palha.
A chuva é o drama dos alunos por outro problema: quando chove forte o ônibus escolar não consegue buscá-los. Mesmo se conseguisse, os alunos ficariam encharcados nas quatro salas, divididas por um corrimão de madeira.
A reportagem esteve por dois dias na escola. No primeiro, a aula havia sido cancelada por causa da chuva do dia anterior. No segundo, havia apenas 12 dos 60 alunos matriculados na parte da manhã. E dois dos três professores faltaram. Crianças vermelhas de barro, algumas sem caderno, outras descalças, tentam prestar atenção a uma professora que tem de lidar com alunos da 1ª à 3ª séries.
A maioria não presta atenção, mas duas, com toquinhos de lápis, tentam acompanhar a aula de matemática escrevendo em cadernos vermelhos de sujeira.
"Dependendo do tempo, ficamos uma semana inteira sem dar aulas", afirmou a professora Maria Aparecida Rodrigues, 27.
Para dar aulas durante dois turnos, ela recebe R$ 230, mas diz que gasta dinheiro do próprio bolso para sustentar a escola. "Sou eu que compro o giz".
"Tratamos o assentamento com carinho, mas foi uma mudança muito brusca para o município a chegada dos dos assentados. É como preparar um almoço para cinco pessoas e chegarem 20", disse o prefeito Vagner Piantoni.
Segundo ele, a população do município, que tinha cerca de 63 mil habitantes em 2000, aumentou em mais de 10% com a chegada das famílias ao assentamento. Piantoni disse que não há previsão para resolver o problema de falta de infra-estrutura da escola. Mas Piantoni disse que a situação da escola é opção do MST. "Foi decisão do grupo, que não aceita se misturar com os outros grupos em outras escolas da cidade."
Outra escola, só que estadual, que funciona no acampamento também enfrenta problemas, principalmente a superlotação. Adaptada em antigo dormitório, tem salas pequenas e pouco ventiladas. Há alunos que assistem à aula em pé e outros que têm de sentar do lado de fora. (FM)


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