São Paulo, terça-feira, 22 de dezembro de 2009

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Decisão de abandonar peruca é "momento-chave", diz médica

MARIANA VERSOLATO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

No Grupo de Apoio à Mulher com Câncer do Hospital A.C. Camargo, em São Paulo, as 40 participantes recebem apoio de médicos e enfermeiros para lidar com a doença e falam de quimioterapia, nutrição e outros tantos assuntos. Mas as reuniões que fazem mais sucesso são aquelas em que elas trocam experiências sobre como escolher a peruca e maneiras de colocar os lenços na cabeça.
Segundo Fabiana Baroni Makdissi, mastologista e coordenadora do grupo de apoio, a decisão de abandonar a peruca é um momento-chave no processo de recuperação da autoestima. "Muitas dizem, "por menor que seja, é meu"."
A aposentada Ana Maria A. Millas, 58, lembra-se bem de quando voltou a exibir seus próprios fios. "Vi que meu cabelo já estava crescido e aproveitei para doar a peruca a uma amiga, também em tratamento", diz ela, que teve um câncer de mama em 2003 e gostava do efeito moderno do cabelo postiço -muito diferente do seu.
A queda dos fios (causada pelos quimioterápicos) pode implicar um abalo da autoimagem da mulher, segundo Lórgio Rodriguez, coordenador do departamento de psicologia do Icesp (Instituto do Câncer do Estado de São Paulo Octavio Frias de Oliveira).
"Sem o cabelo, a mulher sente uma perda da feminilidade. Às vezes elas nem se reconhecem mais", afirma Makdissi.
A servidora pública Carolina Aragão Silva, 28, disse ter ficado "infinitamente" mais preocupada com a queda do cabelo do que com a retirada da mama. "Morro de medo de a peruca cair na rua", diz ela, que aderiu aos lenços coloridos.


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