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PODER CONCENTRADO
Casa Civil controlará também chefes da assessoria parlamentar
Lula centraliza nomeação de cargos nas mãos de Dirceu
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente Luiz Inácio Lula
da Silva assinou decreto por meio
do qual delega competência ao
ministro José Dirceu (Casa Civil)
para aprovar as nomeações dos
principais cargos de confiança do
governo (níveis 5 e 6), que somam
cerca de 1.800 vagas do segundo
escalão. Essa era uma atribuição
do próprio presidente.
Os cargos de direção e assessoramento superior (DAS) de nível
6 são ocupados pelos secretários-executivos dos ministérios, considerados vice-ministros. Os de
DAS 5 são ocupados, por exemplo, pelos secretários-adjuntos.
A nomeação dos cargos de DAS
3 a 4, o terceiro escalão, continua a
ser de responsabilidade direta dos
respectivos ministros, e os nomes
continuam tendo de ser submetidos ao Palácio do Planalto. A diferença é que deverão ser encaminhados à Casa Civil, não mais à
Secretaria Geral da Presidência,
como estabelecia o decreto 4.243,
de maio de 2002.
O ato foi publicado no "Diário
Oficial" da União de ontem e já
está em vigor. Os salários dos níveis 3, 4, 5 e 6 são R$ 1.560, R$
4.850, R$ 6.300 e R$ 7.500, respectivamente. Segundo o texto, Dirceu também controlará a nomeação dos chefes de assessoria parlamentar. Esses funcionários são
responsáveis pelos contatos das
pastas com o Congresso.
Na prática, eles controlam as
audiências de parlamentares com
ministros e dão seguimento aos
requerimentos de informações
-pedidos de informações do
Congresso que o Executivo é obrigado a responder.
A centralização tem como objetivo evitar desgastes com nomeações políticas problemáticas, caso
do ministro dos Transportes, Anderson Adauto (PL). Ele indicou
Sérgio José de Souza, sócio de
uma empresa acusada de envolvimento em um esquema de corrupção na Prefeitura de Iturama
(MG). Souza acabou exonerado,
mas ficou comprovada sua ligação com o ministro.
Além disso, Dirceu tem atuado
até agora como articulador das
negociações políticas para o
preenchimento do segundo e terceiro escalões. Ele nega que haja
trocas por apoio ao governo no
Congresso. Agora, além da articulação, Dirceu poderá fazer as nomeações diretamente, sem precisar passar pelos ministros.
O papel da Casa Civil no governo Lula foi definido por uma medida provisória no primeiro dia
do ano. Seu papel continuou sendo a assistência direta e indireta
nas funções do presidente. Além
disso, se ocupa da coordenação e
integração das ações de governo,
evitando a duplicidade de ações.
Segundo a Casa Civil, o órgão é
"enxuto" e atua de forma "discreta". Cabe à Casa Civil supervisionar as atividades administrativas
da Presidência e da Vice-Presidência. A assessoria da Casa Civil
disse que seria impossível falar
com Dirceu sobre essas mudanças, devido à sua agenda lotada.
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