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Cúpula do PMDB admite eleger Sarney
RAYMUNDO COSTA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Pressionada pelo Planalto, a cúpula do PMDB chegou ontem a
um entendimento preliminar
com os dissidentes do partido que
deve levar à eleição de José Sarney
(AP) à presidência do Senado.
Pelo acordo, a cúpula retira a intervenção no diretório da sigla em
São Paulo e apóia Sarney no Senado. Em troca, os dissidentes desistem da convenção que pretendiam fazer em fevereiro para destituir a direção.
O entendimento entre as alas do
PMDB foi sugerido pelo futuro líder do governo no Senado, Aloizio Mercadante (PT-SP), em uma
conversa anteontem com o líder
do PMDB, senador Renan Calheiros (AL). Mas há dificuldades para o acordo ser fechado.
A começar por Renan, que ainda ontem manifestava a intenção
de disputar com Sarney a indicação do PMDB para a presidência
do Senado. Mas, no governo,
acredita-se que a declaração de
Renan é um recurso de negociação que ele retira na hora que considerar adequada.
O problema é o que fazer com o
líder peemedebista. Até ontem, a
sugestão era que ele fosse reconduzido ao cargo. Outra hipótese
discutida, sua indicação para líder
do governo no Senado, é considerada pouco provável.
Outro obstáculo é a resistência
de Orestes Quércia. O ex- governador não se contenta só com a
suspensão da intervenção no diretório do partido em São Paulo,
que é controlado por ele.
Quércia jogava com a destituição do deputado Michel Temer
(SP) da presidência do PMDB,
seu adversário na política paulista. Temer, por seu turno, quer ficar até o final do mandato, em setembro. "Pacificar o partido será a
grande obra da minha gestão", dizia o deputado ontem.
A tentativa de recomposição interna do PMDB foi objeto de uma
série de reuniões, em Brasília, nas
últimas 24 horas. A mais importante delas ocorreu no final da
manhã e início da tarde de ontem
entre Sarney e Temer.
Na avaliação dos peemedebistas
a divisão está sendo extremamente danosa para o partido. Todos
estariam perdendo: Sarney, porque, para ganhar a presidência do
Senado, precisava do apoio ostensivo do Planalto; o governo, por
recorrer ao rolo compressor, e a
cúpula, por estar levando clara
desvantagem com o confronto.
O entendimento mínimo entre
os diversos segmentos do PMDB
está sendo incentivado pelo governo, muito embora o Planalto
tenha resistência à atual direção
partidária, que apoiou o governo
Fernando Henrique Cardoso e a
candidatura presidencial de José
Serra (PSDB-SP).
Resistências
Sarney afirmou ontem que sua
prioridade é "a pacificação do
partido", mas disse que esta enfrenta "resistências". O senador
embarca hoje de Brasília para São
Paulo, onde tem encontro com
Quércia, um dos responsáveis pelas "resistências" a que se referia.
Sarney só não parece disposto a
recuar de seu apoio ao senador
Pedro Simon (RS) para a liderança do PMDB no Senado, que estaria sendo negociada com Renan.
"Eu participo do acordo com o
Simon para fazê-lo líder. Tenho
compromisso com ele", disse Sarney à Folha, considerando a possibilidade de eleger Renan para a
presidência do PMDB.
Colaborou ELIANE CANTANHÊDE, da
Sucursal de Brasília
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