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São Paulo, quinta-feira, 23 de janeiro de 2003

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Cúpula do PMDB admite eleger Sarney

RAYMUNDO COSTA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Pressionada pelo Planalto, a cúpula do PMDB chegou ontem a um entendimento preliminar com os dissidentes do partido que deve levar à eleição de José Sarney (AP) à presidência do Senado.
Pelo acordo, a cúpula retira a intervenção no diretório da sigla em São Paulo e apóia Sarney no Senado. Em troca, os dissidentes desistem da convenção que pretendiam fazer em fevereiro para destituir a direção.
O entendimento entre as alas do PMDB foi sugerido pelo futuro líder do governo no Senado, Aloizio Mercadante (PT-SP), em uma conversa anteontem com o líder do PMDB, senador Renan Calheiros (AL). Mas há dificuldades para o acordo ser fechado.
A começar por Renan, que ainda ontem manifestava a intenção de disputar com Sarney a indicação do PMDB para a presidência do Senado. Mas, no governo, acredita-se que a declaração de Renan é um recurso de negociação que ele retira na hora que considerar adequada.
O problema é o que fazer com o líder peemedebista. Até ontem, a sugestão era que ele fosse reconduzido ao cargo. Outra hipótese discutida, sua indicação para líder do governo no Senado, é considerada pouco provável.
Outro obstáculo é a resistência de Orestes Quércia. O ex- governador não se contenta só com a suspensão da intervenção no diretório do partido em São Paulo, que é controlado por ele.
Quércia jogava com a destituição do deputado Michel Temer (SP) da presidência do PMDB, seu adversário na política paulista. Temer, por seu turno, quer ficar até o final do mandato, em setembro. "Pacificar o partido será a grande obra da minha gestão", dizia o deputado ontem.
A tentativa de recomposição interna do PMDB foi objeto de uma série de reuniões, em Brasília, nas últimas 24 horas. A mais importante delas ocorreu no final da manhã e início da tarde de ontem entre Sarney e Temer.
Na avaliação dos peemedebistas a divisão está sendo extremamente danosa para o partido. Todos estariam perdendo: Sarney, porque, para ganhar a presidência do Senado, precisava do apoio ostensivo do Planalto; o governo, por recorrer ao rolo compressor, e a cúpula, por estar levando clara desvantagem com o confronto.
O entendimento mínimo entre os diversos segmentos do PMDB está sendo incentivado pelo governo, muito embora o Planalto tenha resistência à atual direção partidária, que apoiou o governo Fernando Henrique Cardoso e a candidatura presidencial de José Serra (PSDB-SP).

Resistências
Sarney afirmou ontem que sua prioridade é "a pacificação do partido", mas disse que esta enfrenta "resistências". O senador embarca hoje de Brasília para São Paulo, onde tem encontro com Quércia, um dos responsáveis pelas "resistências" a que se referia.
Sarney só não parece disposto a recuar de seu apoio ao senador Pedro Simon (RS) para a liderança do PMDB no Senado, que estaria sendo negociada com Renan.
"Eu participo do acordo com o Simon para fazê-lo líder. Tenho compromisso com ele", disse Sarney à Folha, considerando a possibilidade de eleger Renan para a presidência do PMDB.


Colaborou ELIANE CANTANHÊDE, da Sucursal de Brasília


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