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Sucessão interna causa atrito no PT
DA REPORTAGEM LOCAL
O esvaziamento do PT como
partido político é um temor constante para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a cúpula petista
que hoje ocupa o Palácio do Planalto. Até o final de fevereiro, os
dirigentes partidários que têm
cargo no governo terão de se afastar. A sucessão interna está sendo
encaminhada com atritos.
O ministro-chefe da Casa Civil,
José Dirceu, insiste no nome de
Silvio Pereira, hoje secretário de
Organização do PT, para a Secretaria Geral do partido. Pereira cuidou do Núcleo de Análise Eleitoral do PT na campanha de 2002,
tendo sido o responsável direto
pela intervenção em diretórios estaduais que resistiam às alianças
nacionais articuladas por Dirceu.
A intervenção no PT de Alagoas, que rejeitou a coalizão com
o PL, e a negociação com petistas
de Minas e Maranhão, por exemplo, foram obra de Pereira.
Em dezembro, quando o atual
ministro da Casa Civil deixou a
presidência do PT -para a qual
havia sido eleito diretamente com
mandato até 2004-, Pereira tentou se viabilizar internamente para sucedê-lo. Foi vetado por Lula,
defensor de um nome nacionalmente conhecido. Como secretário de Organização, Pereira foi o
operador do PT em nome de Dirceu, que se dedicou mais às articulações com partidos aliados.
Sem obter um ministério, José
Genoino aceitou a incumbência
de dirigir o PT, como proposta
por Lula. O candidato derrotado
ao governo de São Paulo evita dizer que há uma crise ou mesmo
uma disputa com Dirceu.
Mas preferia ver como o número dois do partido -cargo de
Luiz Dulci, hoje na Secretaria Geral da Presidência da República-
alguém com um perfil mais próximo do seu, de preferência um
parlamentar como Patrus Ananias (MG) ou Jorge Bittar (RJ).
Os dois foram cotados para integrar a equipe de Lula -Bittar
para Minas e Energia e Patrus para o Ministério das Cidades- e
citados como nomes do PT para a
presidência da Câmara.
Na visão de Genoino, Bittar ou
Patrus têm votos em seu patrimônio, o que daria mais força política à nova direção. Acredita ser
importante a atuação partidária
de Silvio Pereira, mas acha que lhe
falta visibilidade.
Internamente, Pereira é visto
com reservas por suas declarações. Em dezembro, deu entrevista a um grupo de jornalistas para
dizer que Dulci -então cotado
para a presidência do partido-
iria para o governo, o que deixaria
o caminho livre para ele próprio
assumir o cargo. A entrevista era
em "off the record" -quando
uma fonte pede que não seja identificada. Uma repórter, que havia
chegado atrasada, atribuiu a informação a Pereira, o que causou
uma crise no PT.
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