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São Paulo, quinta-feira, 23 de janeiro de 2003

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Sucessão interna causa atrito no PT

DA REPORTAGEM LOCAL

O esvaziamento do PT como partido político é um temor constante para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a cúpula petista que hoje ocupa o Palácio do Planalto. Até o final de fevereiro, os dirigentes partidários que têm cargo no governo terão de se afastar. A sucessão interna está sendo encaminhada com atritos.
O ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu, insiste no nome de Silvio Pereira, hoje secretário de Organização do PT, para a Secretaria Geral do partido. Pereira cuidou do Núcleo de Análise Eleitoral do PT na campanha de 2002, tendo sido o responsável direto pela intervenção em diretórios estaduais que resistiam às alianças nacionais articuladas por Dirceu.
A intervenção no PT de Alagoas, que rejeitou a coalizão com o PL, e a negociação com petistas de Minas e Maranhão, por exemplo, foram obra de Pereira.
Em dezembro, quando o atual ministro da Casa Civil deixou a presidência do PT -para a qual havia sido eleito diretamente com mandato até 2004-, Pereira tentou se viabilizar internamente para sucedê-lo. Foi vetado por Lula, defensor de um nome nacionalmente conhecido. Como secretário de Organização, Pereira foi o operador do PT em nome de Dirceu, que se dedicou mais às articulações com partidos aliados.
Sem obter um ministério, José Genoino aceitou a incumbência de dirigir o PT, como proposta por Lula. O candidato derrotado ao governo de São Paulo evita dizer que há uma crise ou mesmo uma disputa com Dirceu.
Mas preferia ver como o número dois do partido -cargo de Luiz Dulci, hoje na Secretaria Geral da Presidência da República- alguém com um perfil mais próximo do seu, de preferência um parlamentar como Patrus Ananias (MG) ou Jorge Bittar (RJ).
Os dois foram cotados para integrar a equipe de Lula -Bittar para Minas e Energia e Patrus para o Ministério das Cidades- e citados como nomes do PT para a presidência da Câmara.
Na visão de Genoino, Bittar ou Patrus têm votos em seu patrimônio, o que daria mais força política à nova direção. Acredita ser importante a atuação partidária de Silvio Pereira, mas acha que lhe falta visibilidade.
Internamente, Pereira é visto com reservas por suas declarações. Em dezembro, deu entrevista a um grupo de jornalistas para dizer que Dulci -então cotado para a presidência do partido- iria para o governo, o que deixaria o caminho livre para ele próprio assumir o cargo. A entrevista era em "off the record" -quando uma fonte pede que não seja identificada. Uma repórter, que havia chegado atrasada, atribuiu a informação a Pereira, o que causou uma crise no PT.


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