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D. Mauro volta a criticar
estratégia do Fome Zero
LÉO GERCHMANN
DA AGÊNCIA FOLHA, EM PORTO ALEGRE
O bispo de Duque de Caxias,
dom Mauro Morelli, criticou ontem, em Porto Alegre, a condução
do programa Fome Zero, o qual
chegou a ajudar na implantação.
Afirmou que o assunto não está
sendo tratado com "grandeza" e
que não se deve levar em conta a
proposta de distribuir restos de
comida de restaurantes.
"O mais importante é discutir
qual é o critério da produção agrícola brasileira, se é de lucro, exportação e negócios. Qual o rumo
da economia no sentido de melhorar a política agrária do país?
Há um debate sobre aproveitamento de sobras dos restaurantes.
Está na hora de colocarmos esse
assunto na grandeza que ele merece. Fiquei abismado com essa
sugestão", disse ele.
"Está mais do que comprovado
que frequentemente os alimentos
que sobram nos restaurantes não
estão em condições. Falta interlocução com a sociedade. O governo faz isso quase como uma concessão", afirmou.
D. Mauro fez uma crítica direta
ao ministro José Graziano (Segurança Alimentar): "Se formos nos
reduzir ao Graziano, estamos
mal. Deve haver planejamento."
Críticas a Lula
O presidente Luiz Inácio Lula da
Silva, que chega hoje a Porto Alegre para participar do Fórum Social Mundial, não enfrentará apenas esse tipo de crítica.
O ex-prefeito de Porto Alegre
Raul Pont (PT), um dos principais
representantes da esquerda petista, afirmou que Lula "está legitimando" o Fórum Econômico
Mundial, de Davos, ao participar
dele. "Eu preferiria que ele ficasse
aqui [no Fórum Social], porque,
mesmo indo com uma posição
crítica, você reconhece naquele
lugar um espaço em que vale a pena estar presente. Você o legitima.
Acho inoportuno. Ele deveria jogar seus esforços em direção a organismos internacionais, e não
em simulacros desses organismos", disse Pont.
"Lula tem todas as condições de
encabeçar um movimento com
outros presidentes, outros países,
no sentido de se constituir um organismo internacional de resistência. O Fórum Econômico
Mundial sempre foi um instrumento de difusão, de convencimento de um projeto político.
Nunca se propôs a ser um evento
plural, sempre defendeu um projeto que combatemos."
A respeito das críticas feitas pelo
partido a ações do governo de Lula, Pont diz haver uma "tendência" de o partido votar a favor dos
projetos do Executivo, pois Lula
se comprometeu a consultar o
partido antes de tomar decisões.
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