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São Paulo, quinta-feira, 23 de janeiro de 2003

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PESQUISA

Duzentos municípios têm índice considerado satisfatório, segundo estudo coordenado por professores da Unicamp

42% das cidades têm alta exclusão social

JOÃO BATISTA NATALI
DA REPORTAGEM LOCAL

Dos 5.507 municípios presentes no Censo de 2000, 42% registravam um alto Índice de Exclusão Social. Mas eles só totalizavam 21% da população brasileira.
No extremo oposto, apenas 200 municípios, que somam 25% da população, possuíam um índice considerado satisfatório.
Esses números flutuam num quadro de extrema desigualdade regional, já que 86% dos municípios com maior exclusão social estão no Norte e no Nordeste.
O Índice de Exclusão Social é o mais recente dos muitos indicadores que se propõem a medir o grau de desenvolvimento humano da população. É mais complexo que o IDH (Índice de Desenvolvimento Humano), modelo elaborado pela ONU e que leva em conta a educação, a renda e a longevidade da população.
O novo modelo foi apresentado ontem em São Paulo por Ricardo Amorim e Márcio Pochmann, ambos da Unicamp, que coordenaram por dois anos uma equipe de mais sete pesquisadores da USP e das PUCs de São Paulo e Campinas. Pochmann é também secretário municipal na administração do PT paulistano.
O trabalho, já impresso e intitulado "Atlas da Exclusão Social no Brasil" (Ed. Cortez, 221 págs.) será reapresentado hoje, em Porto Alegre, no Fórum Social Mundial.
Sua vantagem está na incorporação de parâmetros até agora não utilizados por outros medidores, como a proporção de jovens no município, a taxa de homicídios por cada 100 mil habitantes ou a proporção de trabalhadores com carteira assinada.
A desvantagem está na impossibilidade de saber se o atual Índice de Exclusão Social é melhor ou pior que aquele que poderia ser extraído dos resultados dos censos demográficos anteriores.
Outro índice recentemente compilado, o IDH-M (Índice de Desenvolvimento Humano Municipal), elaborado, entre outros, pelo Ipea (Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas), demonstra que, entre 1991 e 2000, caiu de 8,5% para 0,02% o número de brasileiros em municípios sem desenvolvimento satisfatório.
É um quadro bem mais otimista que o obtido pelo Índice de Exclusão Social. Ao levar também em conta o índice de pobreza, a informalidade do emprego e a desigualdade nos níveis de renda, ampliam-se as exigências para que em determinado município a exclusão seja na média menor.
A exemplo do IDH, o Índice de Exclusão varia de 0 (exclusão absoluta) a 1 (inclusão total). São extremos apenas teóricos. O pior resultado brasileiro é obtido por Jordão (AC), com o índice 0,230. E o melhor se encontra em São Caetano do Sul (SP), com 0,864.
Uma coincidência: São Caetano também lidera a lista do IDH-M, anunciada no final do ano passado, enquanto Jordão, segundo aquele mesmo estudo, é o terceiro pior município brasileiro.
Segundo o "Atlas" ontem lançado, São Paulo registra a 30ª melhor posição entre todos os municípios, com Índice de Exclusão Social de 0,667.
Chega a esse patamar com o auxílio de bons resultados em alfabetização (0,911), menor pobreza (0,803) e boa parcela da população jovem (0,792). Mas tem ao mesmo índices muito ruins de desigualdade social (0,485) e emprego com carteira assinada (0,368).
O Rio está mais bem colocado que São Paulo, com 0,694. Também vale para Belo Horizonte, com 0710. Mas são piores que os paulistanos os índices de Salvador (0,597) e Recife (0,594).


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