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PESQUISA
Duzentos municípios têm índice considerado satisfatório, segundo estudo coordenado por professores da Unicamp
42% das cidades têm alta exclusão social
JOÃO BATISTA NATALI
DA REPORTAGEM LOCAL
Dos 5.507 municípios presentes
no Censo de 2000, 42% registravam um alto Índice de Exclusão
Social. Mas eles só totalizavam
21% da população brasileira.
No extremo oposto, apenas 200
municípios, que somam 25% da
população, possuíam um índice
considerado satisfatório.
Esses números flutuam num
quadro de extrema desigualdade
regional, já que 86% dos municípios com maior exclusão social
estão no Norte e no Nordeste.
O Índice de Exclusão Social é o
mais recente dos muitos indicadores que se propõem a medir o
grau de desenvolvimento humano da população. É mais complexo que o IDH (Índice de Desenvolvimento Humano), modelo
elaborado pela ONU e que leva
em conta a educação, a renda e a
longevidade da população.
O novo modelo foi apresentado
ontem em São Paulo por Ricardo
Amorim e Márcio Pochmann,
ambos da Unicamp, que coordenaram por dois anos uma equipe
de mais sete pesquisadores da
USP e das PUCs de São Paulo e
Campinas. Pochmann é também
secretário municipal na administração do PT paulistano.
O trabalho, já impresso e intitulado "Atlas da Exclusão Social no
Brasil" (Ed. Cortez, 221 págs.) será
reapresentado hoje, em Porto
Alegre, no Fórum Social Mundial.
Sua vantagem está na incorporação de parâmetros até agora
não utilizados por outros medidores, como a proporção de jovens no município, a taxa de homicídios por cada 100 mil habitantes ou a proporção de trabalhadores com carteira assinada.
A desvantagem está na impossibilidade de saber se o atual Índice
de Exclusão Social é melhor ou
pior que aquele que poderia ser
extraído dos resultados dos censos demográficos anteriores.
Outro índice recentemente
compilado, o IDH-M (Índice de
Desenvolvimento Humano Municipal), elaborado, entre outros,
pelo Ipea (Instituto de Pesquisas
Econômicas Aplicadas), demonstra que, entre 1991 e 2000, caiu de
8,5% para 0,02% o número de
brasileiros em municípios sem
desenvolvimento satisfatório.
É um quadro bem mais otimista
que o obtido pelo Índice de Exclusão Social. Ao levar também em
conta o índice de pobreza, a informalidade do emprego e a desigualdade nos níveis de renda, ampliam-se as exigências para que
em determinado município a exclusão seja na média menor.
A exemplo do IDH, o Índice de
Exclusão varia de 0 (exclusão absoluta) a 1 (inclusão total). São extremos apenas teóricos. O pior resultado brasileiro é obtido por
Jordão (AC), com o índice 0,230.
E o melhor se encontra em São
Caetano do Sul (SP), com 0,864.
Uma coincidência: São Caetano
também lidera a lista do IDH-M,
anunciada no final do ano passado, enquanto Jordão, segundo
aquele mesmo estudo, é o terceiro
pior município brasileiro.
Segundo o "Atlas" ontem lançado, São Paulo registra a 30ª melhor posição entre todos os municípios, com Índice de Exclusão
Social de 0,667.
Chega a esse patamar com o auxílio de bons resultados em alfabetização (0,911), menor pobreza
(0,803) e boa parcela da população jovem (0,792). Mas tem ao
mesmo índices muito ruins de desigualdade social (0,485) e emprego com carteira assinada (0,368).
O Rio está mais bem colocado
que São Paulo, com 0,694. Também vale para Belo Horizonte,
com 0710. Mas são piores que os
paulistanos os índices de Salvador
(0,597) e Recife (0,594).
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