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São Paulo, quinta-feira, 23 de janeiro de 2003

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FÓRUM SOCIAL

Governo Lula deu, por meio de patrocínio da Petrobras e do Banco do Brasil, R$ 1,3 milhão para o evento

Porto Alegre faz fórum "chapa-branca"

RAFAEL CARIELLO
ENVIADO ESPECIAL A PORTO ALEGRE

O governo do PT, por meio de um patrocínio da Petrobras e do Banco do Brasil, deu R$ 1,3 milhão para o terceiro Fórum Social Mundial, encontro que começa hoje, em Porto Alegre, e que foi criado para se contrapor ao modelo "neoliberal" de globalização.
Ontem, véspera da abertura do evento, que vai até o dia 28 e para o qual são esperadas 100 mil pessoas, segundo os organizadores, ainda não se via nenhum cartaz ou anúncio da Petrobras (o Banco do Brasil teria o seu símbolo impresso nas publicações do evento) no prédio da PUC-RS, um dos locais onde o fórum será realizado.
O financiamento foi negociado na semana passada, segundo Cândido Grzybowsky, que faz parte do comitê organizador. "O governo interveio. Foi a forma encontrada para nos apoiar", disse.
Segundo Grzybowsky, a Petrobras forneceu um patrocínio de R$ 850 mil, e o Banco do Brasil, de R$ 464 mil. O custo do fórum, calculado por organizadores, é de US$ 4 milhões (R$ 14 milhões).
A negociação com as estatais foi feita pelo assessor especial da Presidência Oded Grajew, segundo ele mesmo disse à Folha. Na semana passada, Grajew, além de assessor de Luiz Inácio Lula da Silva, ainda era membro do comitê brasileiro do fórum. O empresário e idealizador do encontro disse ontem ter se desligado da organização no início da semana.
Integrantes de algumas organizações que estarão na capital gaúcha a partir de hoje criticaram, conforme a Folha publicou domingo, a confusão criada entre sociedade civil e governo pelo fato de Grajew acumular as funções.
Ele disse haver se desligado do comitê para evitar essa sobreposição de funções. O Fórum Social pretende ser um local de encontro de movimentos da sociedade civil, desvinculado de qualquer função governamental ou partidária.

Fórum atraente
A negociação com as estatais, no entanto, se deu ainda quando o empresário acumulava a assessoria especial da Presidência com a posição no comitê brasileiro do Fórum Social Mundial.
"Se abríssemos uma concorrência internacional, qualquer governo iria querer apoiar", disse Grajew. Segundo ele, a negociação com as estatais não foi difícil porque "o fórum é atraente". "A marca do fórum vale bilhões."
Para Grajew, o apoio do governo é importante para marcar uma posição de vanguarda nas questões sociais. "O Brasil não vai ser líder na produção de armamentos, mas vai ser uma liderança social mundial", afirmou ele.
O Fórum Social Mundial começa oficialmente hoje e contará com mais de 1.700 mesas de discussão, todas de alguma forma destinadas a encontrar alternativas para o atual modelo de globalização, combatido pelas organizações que criaram o encontro de Porto Alegre em oposição ao Fórum Econômico Mundial, que reúne a nata do pensamento econômico ortodoxo todo ano, em Davos, na Suíça.
Às 14h de hoje ocorrerá uma solenidade de instauração na PUC-RS, com a presença do governador Germano Riggoto (PMDB) e do prefeito de Porto Alegre, João Verle (PT). A partir das 17h, uma marcha "pela paz e contra a guerra", com percurso estimado de 3 km, irá do mercado público central da cidade até o anfiteatro Pôr do Sol, às margens do Guaíba.


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