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FÓRUM SOCIAL
Governo Lula deu, por meio de patrocínio da Petrobras e do Banco do Brasil, R$ 1,3 milhão para o evento
Porto Alegre faz fórum "chapa-branca"
RAFAEL CARIELLO
ENVIADO ESPECIAL A PORTO ALEGRE
O governo do PT, por meio de
um patrocínio da Petrobras e do
Banco do Brasil, deu R$ 1,3 milhão para o terceiro Fórum Social
Mundial, encontro que começa
hoje, em Porto Alegre, e que foi
criado para se contrapor ao modelo "neoliberal" de globalização.
Ontem, véspera da abertura do
evento, que vai até o dia 28 e para
o qual são esperadas 100 mil pessoas, segundo os organizadores,
ainda não se via nenhum cartaz
ou anúncio da Petrobras (o Banco
do Brasil teria o seu símbolo impresso nas publicações do evento)
no prédio da PUC-RS, um dos locais onde o fórum será realizado.
O financiamento foi negociado
na semana passada, segundo
Cândido Grzybowsky, que faz
parte do comitê organizador. "O
governo interveio. Foi a forma encontrada para nos apoiar", disse.
Segundo Grzybowsky, a Petrobras forneceu um patrocínio de
R$ 850 mil, e o Banco do Brasil, de
R$ 464 mil. O custo do fórum, calculado por organizadores, é de
US$ 4 milhões (R$ 14 milhões).
A negociação com as estatais foi
feita pelo assessor especial da Presidência Oded Grajew, segundo
ele mesmo disse à Folha. Na semana passada, Grajew, além de
assessor de Luiz Inácio Lula da
Silva, ainda era membro do comitê brasileiro do fórum. O empresário e idealizador do encontro
disse ontem ter se desligado da
organização no início da semana.
Integrantes de algumas organizações que estarão na capital gaúcha a partir de hoje criticaram,
conforme a Folha publicou domingo, a confusão criada entre
sociedade civil e governo pelo fato
de Grajew acumular as funções.
Ele disse haver se desligado do
comitê para evitar essa sobreposição de funções. O Fórum Social
pretende ser um local de encontro
de movimentos da sociedade civil, desvinculado de qualquer função governamental ou partidária.
Fórum atraente
A negociação com as estatais, no
entanto, se deu ainda quando o
empresário acumulava a assessoria especial da Presidência com a
posição no comitê brasileiro do
Fórum Social Mundial.
"Se abríssemos uma concorrência internacional, qualquer governo iria querer apoiar", disse Grajew. Segundo ele, a negociação
com as estatais não foi difícil porque "o fórum é atraente". "A marca do fórum vale bilhões."
Para Grajew, o apoio do governo é importante para marcar uma
posição de vanguarda nas questões sociais. "O Brasil não vai ser
líder na produção de armamentos, mas vai ser uma liderança social mundial", afirmou ele.
O Fórum Social Mundial começa oficialmente hoje e contará
com mais de 1.700 mesas de discussão, todas de alguma forma
destinadas a encontrar alternativas para o atual modelo de globalização, combatido pelas organizações que criaram o encontro de
Porto Alegre em oposição ao Fórum Econômico Mundial, que
reúne a nata do pensamento econômico ortodoxo todo ano, em
Davos, na Suíça.
Às 14h de hoje ocorrerá uma solenidade de instauração na PUC-RS, com a presença do governador Germano Riggoto (PMDB) e
do prefeito de Porto Alegre, João
Verle (PT). A partir das 17h, uma
marcha "pela paz e contra a guerra", com percurso estimado de 3
km, irá do mercado público central da cidade até o anfiteatro Pôr
do Sol, às margens do Guaíba.
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