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UNIÃO X ESTADOS
Suspensão de contratos de financiamento externo prejudica principalmente projetos de transporte
MG e RS podem deixar de receber US$ 1,1 bi
da Sucursal de Brasília
A suspensão dos contratos de financiamento externo dos governos de Minas e do Rio Grande do
Sul prejudicará a execução de projetos nas áreas de educação, transporte, combate à pobreza e benefícios a pequenos agricultores.
No total, os dois Estados podem
deixar de receber US$ 1,1 bilhão.
O Ministério da Fazenda decidiu
retirar o aval da União para programas que já foram aprovados
para esses dois Estados e suspendeu o encaminhamento de novas
propostas ao Senado.
A medida, manifestada em nota
do Ministério da Fazenda, se deve
ao fato de Minas ter optado por
uma moratória no pagamento da
dívida com a União e de o Rio
Grande do Sul ter depositado parcela de janeiro na Justiça.
Os contratos pactuados pelo governo gaúcho com organismos internacionais são de US$ 327 milhões (os programas "Corredores
de Exportação", "Nacional de Melhorias e Reformas de Estradas",
"Pró-Rural", "Pró-Guaíba").
Em exame no Senado e na Cofiex
(Comissão de Financiamento Externo), há US$ 313,4 milhões.
˛
Sem garantias
Ainda no caso do Rio Grande do
Sul, o governo já havia conseguido
US$ 145,5 milhões do Bird (Banco
Mundial) e do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento)
para obras de transporte.
Parte desses recursos foi liberada, mas as novas parcelas que forem desembolsadas não terão
mais a garantia do governo federal.
Essa medida pode cancelar as novas autorizações por parte dos organismos internacionais.
A Cofiex estava preparando também, na mesma área, um projeto
do Eximbank do Japão de US$ 75,5
milhões.
A proposta já estava em análise
no Banco Central para ser encaminhada ao Senado, mas agora está
suspensa.
Dados do Ministério de Orçamento e Gestão mostram que o Estado conseguiu ainda um crédito
de US$ 100 milhões com o Bird para combate à pobreza e ao êxodo
rural no Rio Grande do Sul. A conclusão do projeto vai depender da
disposição do banco de liberar a
parcela.
Os financiamentos com organismos internacionais e agências governamentais estrangeiras têm de
passar pelo crivo da Cofiex.
A comissão autoriza a preparação do projeto, que só é aprovado
depois da análise de endividamento do Estado, feita pela CCF (Comissão de Controle e Gestão Fiscal).
˛
Demissão de pessoal
No caso de Minas Gerais, o Estado deverá perder US$ 170 milhões
para projetos de reformulação administrativa.
Os recursos seriam investidos
em demissão de pessoal e melhoria da máquina arrecadadora.
O Estado já tem em execução um
projeto de melhoria do ensino básico, de um total de US$ 300 milhões, mas com financiamento de
US$ 150 milhões do Bird.
Sem o aval do governo federal,
ficará mais difícil o financiamento
de US$ 165 milhões do Bird para o
projeto de melhoria da malha rodoviária de Minas Gerais, com
uma contrapartida no mesmo valor por parte do Estado.
O projeto prevê a implantação
de mil quilômetros e a recuperação de mais 1.200 quilômetros de
estradas para o escoamento da
produção dos municípios mineiros que ainda não têm acesso por
asfalto, prejudicando as economias locais.
˛
Exceção
Os financiamentos para o programa de reforma administrativa
e para a melhoria da malha rodoviária são as únicas exceções previstas no acordo de renegociação
da dívida, assinado no ano passado entre o governo de Minas Gerais e a União.
Qualquer outro endividamento
externo foi vetado no acordo de
renegociação.
Dos financiamentos já em andamento, o governo estadual tem
US$ 52,7 milhões a receber este
ano para projetos de irrigação no
norte de Minas, de melhoria da
qualidade da educação e de saneamento ambiental, inclusive para
despoluição dos principais afluentes da lagoa da Pampulha, em Belo
Horizonte.
O governo de Minas possui mais
dois projetos de financiamento
junto a instituições de fomento,
que foram vetados no acordo da
dívida e que seriam reavaliados
pelo Cofiex (Comissão de Financiamentos Externo), órgão ligado
à Secretaria do Planejamento da
Presidência da República.
(LÉO GERCHMANN, CARLOS HENRIQUE SANTIAGO e SHIRLEY EMERICK)
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