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GOVERNO
Demissão do presidente do BNDES teria sido acertada há uma semana; Gros é cotado para o cargo
Tápias pede a demissão de Calabi
Ichiro Guerra/Folha Imagem
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Andrea Calabi (esq.) e Alcides Tápias, após reunião do Conselho Nacional de Desestatização |
ELIANE CANTANHEDE
Diretora da Sucursal de Brasília
DAVID FRIELANDER
da Reportagem Local
O ministro Alcides Tápias (Desenvolvimento) demitiu ontem o
presidente do BNDES (Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social), Andrea Calabi.
O ministro vinha reclamando
há tempos, inclusive com o presidente Fernando Henrique Cardoso, do estilo de Andrea Calabi. O
ministro fala de menos e o presidente do BNDES falava demais.
Tápias afirmava que não tinha
afinidade com seu subordinado.
A demissão de Calabi estava
praticamente acertada entre Tápias e FHC há uma semana, mas
até ontem à noite não havia confirmação do Planalto.
O substituto de Calabi deve ser
o ex-presidente do Banco Central
Francisco Gros, nome indicado
por Armínio Fraga, atual presidente do BC, que também não
simpatizava com Calabi.
As últimas declarações de Calabi que irritaram Tápias foram em
relação à reestruturação do setor
petroquímico. Tápias reclamou
que era um setor muito delicado,
que envolve muito dinheiro e que
as declarações de Calabi poderiam atrapalhar toda a operação.
Calabi apoiava as pretensões do
Grupo Ultra par adquirir o controle da Copene, com o apoio do
senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA).
Serra
Calabi foi indicado para o cargo
pelo ministro José Serra (Saúde) e
participa do grupo considerado
"desenvolvimentista" ou "nacionalista". Queria limitar os financiamentos a empresas estrangeiras que comprassem estatais brasileiras.
Calabi e Tápias participaram
ontem da reunião do Conselho
Nacional de Desestatização
(CND) no Palácio do Planalto, cuja pauta foi a privatização do setor
elétrico. Depois eles discutiram
investimentos com o presidente
da Volkswagen e deram entrevista juntos. Saíram dali e foram para o Ministério do Desenvolvimento. No gabinete do ministro,
tiveram a conversa definitiva. A
demissão de Calabi, que já reclamava de desconforto na sua relação com Tápias, foi considerada
como conflito de estilos. O ministro se sentia desautorizado por
Calabi, que, teoricamente, era seu
subordinbado.
Ontem à noite, Calabi declarou:
"Formalmente, eu hoje estou presidente do BNDES. Qualquer pergunta deve ser dirigida ao ministro Tápias, porque o cargo pertence a ele. Qualquer decisão pertence a ele". Calabi volta hoje para
o Rio, onde tem almoço marcado
com o comitê empresarial da
América Latina.
Muitos, entretanto, acham que
o BNDES tem mais poder político
e econômico do que o próprio
Ministério do Desenvolvimento.
O ministro trabalha com três
nomes para o cargo, mas não
abriu nenhum deles nem para
seus assessores mais diretos.
Desde que foi idealizado pelo
ex-ministro Luiz Carlos Mendonça de Barros, que era das Comunicações e seria transferido para a
nova pasta, o ministério já trocou
de nome e está no terceiro ministro.
Seria Ministério da Produção e
virou Ministério do Desenvolvimento. Seu primeiro ministro foi
Celso Lafer. O segundo foi Clovis
Carvalho, e o terceiro é Tápias.
O BNDES é um órgão cada vez
mais estratégico para o governo
FHC, porque dispõe de muitos recursos para financiar projetos de
estímulo sobretudo à indústria
nacional.
Calabi, que foi cotado para o
Ministério do Desenvolvimento
quando Tápias assumiu, queria
dar uma guinada "nacionalista"
no BNDES.
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