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São Paulo, domingo, 23 de fevereiro de 2003

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AGENDA PETISTA

Para 76%, Previdência deve "resguardar vínculo entre contribuição e benefícios"; 70% não querem direitos diferenciados

Maioria do conselho aprova reforma de Lula

FERNANDO RODRIGUES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Uma pesquisa realizada pelo governo com os 82 integrantes do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social revelou que a maioria dos membros apóia reformas no sistema de Previdência de acordo com o que defende a equipe econômica.
A Folha teve acesso ao resultado de quatro das 25 perguntas feitas aos conselheiros. Para 76% dos entrevistados, o sistema de Previdência Social deve "resguardar o vínculo entre a contribuição e os benefícios".
Em outra questão, os integrantes do conselho foram indagados se a Previdência Social que o governo vai implementar deve ser um sistema em que "todos são iguais" e que não existam "direitos diferenciados". Nesse caso, 70% dos conselheiros responderam afirmativamente.
Para 84%, o futuro sistema previdenciário também deve ter o objetivo de "aumentar a poupança interna" para ajudar no desenvolvimento econômico do país -numa clara referência ao poder que terão os futuros fundos públicos de pensão complementares.
Finalmente, para 65% dos entrevistados, a Previdência deve ser um um "instrumento de combate à pobreza". Apesar de alto, esse foi o menor percentual de aceitação nas perguntas sobre o sistema previdenciário.
A pesquisa foi aplicada pela Fundação Getúlio Vargas. A tabulação ficou pronta na sexta-feira. Seu conteúdo completo será divulgado depois de amanhã, quando haverá uma reunião do Conselho Social.

Planalto
As respostas obtidas foram comemoradas dentro do Palácio do Planalto. A idéia inicial do governo federal era exatamente criar uma rápida maioria a favor de suas propostas.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva já decidiu que o melhor sistema de Previdência é o de regime único para todos os trabalhadores, da iniciativa privada ou estatal. O problema é que dentro do Congresso Nacional não há consenso a respeito. Essa foi uma das razões para Lula montar o Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social. A posse dos conselheiros foi no último dia 13.
Com a pesquisa realizada sobre diversos temas, a reunião da próxima terça-feira já servirá para o conselho encaminhar algum tipo de sugestão ao governo. Isso permitirá ao Planalto acelerar a redação de sua proposta de emenda constitucional para a Previdência.
As respostas da ampla maioria dos conselheiros foram interpretadas pelo Palácio do Planalto como uma aprovação do PL-9 (projeto de lei complementar número 9), que trata da Previdência de futuros servidores públicos.
O PT enfrenta sérias resistências a esse projeto dentro da base aliada no Congresso. Para citar dois exemplos, são contra a votação imediata do PL-9 na Câmara o líder petista, Nelson Pellegrino (BA), e o líder do governo, Aldo Rebelo (PC do B-SP).
As perguntas em que os conselheiros dizem ser a favor de vincular a contribuição ao benefício e evitar direitos diferenciados foram feitas direcionadas para o PL-9. O projeto propõe que novos servidores públicos tenham um sistema de Previdência igual ao da iniciativa privada, pagando para ter uma aposentadoria máxima equivalente hoje a R$ 1.561. Para complementar esse valor, o empregador (no caso, o Estado) faria um fundo para o qual contribuiria junto com um pagamento extra também do funcionário.


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