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SOMBRA NO PLANALTO
Presidente ainda tenta minimizar efeitos negativos do caso Waldomiro no governo
Lula volta a falar da crise em seu programa de rádio
KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Na tentativa de minimizar o
desgaste do caso Waldomiro Diniz, o presidente Luiz Inácio Lula
da Silva usará hoje o seu programa quinzenal de rádio para defender o governo. Está prevista
para depois de amanhã a primeira
reunião de Lula com os principais
ministros a fim de avaliar o efeito
do Carnaval sobre a crise política.
No programa "Café com o presidente", Lula fará a segunda
menção pública ao caso Waldomiro. Esse programa tem grande
repercussão em pequenas e médias cidades, atingido principalmente camadas mais populares.
O governo, que já tem pesquisa
mostrando que a maioria dos entrevistados acha "importante"
uma CPI (Comissão Parlamentar
de Inquérito) sobre o caso Waldomiro, reage à crise de forma mais
agressiva desde que proibiu os
bingos de funcionar na sexta-feira
passada via medida provisória.
Para rebater o discurso da oposição de que há crise de governabilidade, Lula tentará mostrar que
a rotina administrativa continua
intocada. Exemplo: abordará no
rádio os problemas causados pelas enchentes. Deverá dizer que o
governo já anunciou a liberação
de R$ 339 milhões para o combate
aos prejuízos provocados pelas
chuvas, bem como a possibilidade de liberação do FGTS (Fundo
de Garantia do Tempo de Serviço) para pessoas cujas casas foram danificadas ou destruídas
Em relação ao caso Waldomiro,
Lula deverá seguir a linha adotada
na sexta, quando declarou: "O
presidente tem de ser o pai de
uma grande família. Não pune
ninguém. Não castiga ninguém
sem ter certeza do que está fazendo". Deverá repetir que demitiu
Waldomiro e que mandou a PF
(Polícia Federal) investigar o caso.
Voltará a afirmar que não deixará
suspeitas sobre o seu governo sem
apuração firme.
Homem de confiança
Homem da confiança do ministro da Casa Civil, José Dirceu,
Waldomiro aparece em vídeo
gravado em 2002 pedindo propina e contribuição de campanha a
um empresário do ramo do bingo, Carlinhos Cachoeira. Na época, Waldomiro presidia a Loterj
(Loteria do Estado do Rio), no governo Benedita da Silva (PT). Em
2003, Dirceu o nomeou para a
Subchefia de Assuntos Parlamentares da Casa Civil. Nesse cargo,
ele se reuniu com Cachoeira e representantes de empresa interessada em renovar contrato com o
governo federal.
Há alguns auxiliares fazendo
um monitoramento de rotina sobre a repercussão do caso Waldomiro durante o Carnaval. É considerada natural a diminuição do
espaço dado ao escândalo pelos
órgãos de mídia. O Senado, onde
há pedido de CPI, prolongará o
recesso de Carnaval até o início de
março, contribuindo para a tentativa de diminuir a temperatura
política, especialmente em relação a Dirceu -cuja cabeça é pedida pela oposição.
Por ora, a decisão de Lula e da
cúpula do governo é manter Dirceu no cargo. No entanto, nas
análises sobre cenários de evolução da crise, o presidente deixa
claro que a prioridade é preservar
o governo. Ou seja, não descarta
afastar Dirceu temporariamente.
O próprio Dirceu, em conversas
na semana passada, colocou o
cargo à disposição do presidente.
O governo também avalia que,
depois de amanhã, terá mais clara
a repercussão da proibição dos
bingos. Terá também medida da
reação dos bingos, que deverão
iniciar batalha judicial para manter as portas abertas.
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