São Paulo, segunda-feira, 23 de fevereiro de 2004

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"Cabeça de Dirceu é inegociável" diz Genoino

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente nacional do PT, José Genoino, disse ontem que o partido e o governo não aceitam "dialogar com a oposição negociando a cabeça do José Dirceu", ministro da Casa Civil. Ele refutou a avaliação da oposição de que haja crise de governabilidade.
"A permanência do Zé Dirceu na Casa Civil é inegociável. Os adversários uniram o PT, que nunca esteve tão unificado como agora. O governo funciona normalmente. Não existe crise de governabilidade", afirmou.
Genoino reagiu à proposta do líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM), de negociar saída política para a crise que explodiu com o caso Waldomiro Diniz. Arthur Virgílio defende a saída de Dirceu e a criação de uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) no Senado específica sobre Waldomiro. O PT é contra a CPI. Por ora, Lula decidiu manter Dirceu no posto.
"Não podemos tratar o PSDB em bloco. Uma parte da oposição é civilizada, com ela podemos conversar sobre a agenda normal do Congresso. Outra parte é truculenta, como os dois líderes do PSDB no Congresso", disse Genoino, referindo-se a Virgílio e ao deputado federal Jutahy Magalhães (BA), que, agora, é ex-líder tucano na Câmara.
Virgílio voltou a dizer que acha Dirceu "competente", mas acha "insustentável" a permanência do ministro. "O que eu quero saber é onde foram parar as investigações contra o Waldomiro que começaram em julho de 2003. Enviei requerimento à Casa Civil pedindo explicações sobre o alerta da Abin (Agência Brasileira de Informação) à Presidência sobre os processos contra o Waldomiro. A Abin deu cartão vermelho e ele foi nomeado. Quem sustentava este homem? A Abin não vale para nada?", questiona o tucano.
Genoino rebateu: "Não sabia que o senador Arthur Virgílio era tão bem informado sobre a Abin. Eu não sabia disso. Estou tomando conhecimento agora [que funcionários a serem nomeados passam por investigação da Abin]". Segundo o presidente do PT, é papel da oposição "atacar o PT".
A assessoria do presidente do PSDB, José Serra, disse ontem que ele não falou com Dirceu sobre a crise, como o ministro havia dito a políticos em jantar na semana passada.
O senador Paulo Paim (PT-RS) disse que assinará o requerimento de criação da CPI dos bingos. É sua resposta à suspeita de que sua campanha em 2002 tenha sido financiada por dinheiro de empresários gaúchos do ramo do bingo. "Pessoalmente, sou a favor da CPI dos bingos. Só não assinei porque o senador Magno Malta [do PL e autor do requerimento] não me procurou."
(KENNEDY ALENCAR E ANA FLOR)


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