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SOMBRA NO PLANALTO
Grupo da prefeita, que não mantém boas relações com o chefe da Casa Civil, está próximo de indicar vice na chapa pela reeleição
Marta se fortalece com crise de Dirceu
JOSÉ ALBERTO BOMBIG
JULIA DUAILIBI
DA REPORTAGEM LOCAL
O grupo petista atrelado a Marta Suplicy saiu fortalecido do escândalo de corrupção envolvendo
o ex-funcionário da Casa Civil
Waldomiro Diniz e está próximo
de fechar questão quanto à indicação de Rui Falcão como candidato a vice na chapa para a reeleição da prefeita de São Paulo.
Ao respingar na imagem do ministro José Dirceu, as denúncias
contra Waldomiro acabaram por
enfraquecer a tentativa da Casa
Civil de "emparedar" a prefeita,
impondo a ela um vice de outro
partido -no caso o PMDB.
Dirceu, que não mantém relações muito cordiais com Marta
Suplicy, era o principal defensor
da tese dentro do PT e negociava a
indicação do vice na chapa diretamente com o ex-governador de
São Paulo Orestes Quércia.
A estratégia é dificultar uma
possível candidatura de Marta,
caso ela seja reeleita, ao governo
do Estado em 2006. Com um vice
de outro partido, a petista dificilmente abandonará a prefeitura
para concorrer ao Palácio dos
Bandeirantes, seu principal projeto político. Ela já foi candidata em
1998, quando acabou derrotada.
Dentro do PT, no entanto, outras "estrelas" também acalentam
o sonho de governar o Estado: o
senador Aloizio Mercadante, outro petista que não está entre os
mais próximos da prefeita, o presidente do partido, José Genoino,
e o próprio José Dirceu.
Com o controle do diretório
municipal do PT, restam a Marta
poucos empecilhos para fazer de
Rui Falcão, secretário de Governo
de São Paulo, o seu vice. Entre
eles, a resistência do PMDB, dono
de um considerável tempo de TV,
de compor a chapa com a petista
sem indicar o vice-prefeito.
Mas, sem o impulso do ministro, principal articulador político
do governo Lula e do próprio PT,
a força do PMDB na negociação
se reduz drasticamente.
No PMDB, que integra a base de
apoio ao governo federal, a bancada paulistana de vereadores
aceita fechar o acordo eleitoral
para este ano sem o posto de vice,
contentando-se com uma chapa
proporcional de vereadores e a
promessa de cargos em uma futura administração.
A Quércia, que controla boa
parte do PMDB paulista, caberá
agora aceitar a indicação de Falcão, secretário de Governo de
Marta, como vice ou lançar um
candidato próprio.
Divisão
Durante o ano passado, houve
uma polarização no PT paulistano entre os petistas ligados à prefeita e aqueles próximos de Dirceu, hegemônicos até o final dos
anos 90. A desarticulação teve reflexo na oposição exercida pelo
PT na Assembléia Legislativa, onde a influência de Marta não é tão
forte como na Câmara Municipal.
De um lado, deputados estaduais fiéis à prefeita, como Ítalo
Cardoso, presidente do Diretório
Municipal do PT, trabalhavam
pela candidatura de Falcão. De
outro, nomes mais ligados a Dirceu, como Cândido Vaccarezza,
tentavam fazer valer a tese da
composição com o PMDB.
Mesmo um deputado petista
que não faz parte do grupo de
Marta afirmou à Folha que, com o
caso Waldomiro Diniz, a prefeita
passará a ter controle quase total
do PT paulistano.
Tucanos
Enquanto não define seu pré-candidato a prefeito, o PSDB busca munição para enfrentar o PT.
O partido montou dois grupos de
trabalho para "investigar" o caso
Waldomiro Diniz e o caso Santo
André -denúncias de corrupção
na prefeitura da cidade do ABC
administrada pelos petistas.
Deputados tucanos estiveram,
inclusive, com o procurador-geral
do Estado, Luiz Antonio Marrey,
em busca de informações sobre as
investigações do Ministério Público no caso da cidade paulista.
Ouviram que a evolução da apuração depende da Polícia Civil.
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