São Paulo, segunda-feira, 23 de fevereiro de 2004

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Para Wagner, PT não agüenta um soco

LUIZ FRANCISCO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SALVADOR

O ministro do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, Jaques Wagner, comparou ontem o estrago provocado no PT pelo caso Waldomiro Diniz à carreira do pugilista sergipano Adilson Rodrigues, o Maguila.
"O conjunto do PT é igual ao pugilista Maguila: adora bater, mas não agüenta tomar um soco", disse Wagner, que visitou na madrugada de ontem o camarote da cantora Daniela Mercury. Maguila chegou a número dois da Associação Mundial de Boxe, até ser derrubado pelo norte-americano Evander Holyfield no segundo round de uma luta, em 1989.
Segundo Wagner, que no primeiro ano do governo Lula ocupou a pasta do Trabalho (hoje nas mãos de Ricardo Berzoini), o ministro José Dirceu (Casa Civil) errou ao confiar em Waldomiro, ex-subchefe de Assuntos Parlamentares da Presidência, que trabalhava diretamente com ele. "O ministro Dirceu errou ao confiar em uma pessoa que não merece confiança, que está envolvida com a máfia do bingo", disse.
Em sua opinião, o PT vai sair "manchado" do caso Waldomiro. "Nós não temos prática de governo, nós vamos enfrentar muitas dificuldades para sair do problema." De acordo com Wagner, o governo não pode ser julgado pela atitude de um funcionário. "O que nós defendemos é a transparência, o que nós defendemos é uma punição exemplar para todos os envolvidos."
Jaques Wagner disse também que a base governista agiu corretamente ao barrar a criação de uma CPI para investigar as denúncias. "Governo é uma coisa, oposição é outra. Enganou-se quem achava que o PT no governo agiria da mesma forma da época em que era oposição."
No entanto, Wagner reconheceu que, se o caso Waldomiro tivesse ocorrido no governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, o partido teria outra posição e defenderia a instalação imediata de uma CPI.
"Claro que a gente iria defender a CPI. Mas, agora, somos governo, a realidade é muito diferente. Quando a gente vai comprar, a gente quer pagar o menor preço. Quando vamos vender, queremos o melhor resultado. No governo, o PT é comprador."
Para o ministro, o presidente Lula tomou todas as providências para esclarecer as denúncias. "O presidente não vai ficar deitado em cima de um esqueleto. O governo tem de continuar, a nossa proposta é realizar profundas mudanças sociais no Brasil."
Jaques Wagner disse também que a crise provocada pelo caso Waldomiro é o "batismo de fogo do PT". "Seria muita ingenuidade a gente pensar que o governo do PT passaria quatro anos sem nenhum problema. O importante é que tudo será esclarecido e a sociedade será informada de todas as providências que tomamos."


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