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Para Wagner, PT não agüenta um soco
LUIZ FRANCISCO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SALVADOR
O ministro do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, Jaques Wagner, comparou
ontem o estrago provocado no PT
pelo caso Waldomiro Diniz à carreira do pugilista sergipano Adilson Rodrigues, o Maguila.
"O conjunto do PT é igual ao
pugilista Maguila: adora bater,
mas não agüenta tomar um soco", disse Wagner, que visitou na
madrugada de ontem o camarote
da cantora Daniela Mercury. Maguila chegou a número dois da
Associação Mundial de Boxe, até
ser derrubado pelo norte-americano Evander Holyfield no segundo round de uma luta, em 1989.
Segundo Wagner, que no primeiro ano do governo Lula ocupou a pasta do Trabalho (hoje nas
mãos de Ricardo Berzoini), o ministro José Dirceu (Casa Civil) errou ao confiar em Waldomiro, ex-subchefe de Assuntos Parlamentares da Presidência, que trabalhava diretamente com ele. "O
ministro Dirceu errou ao confiar
em uma pessoa que não merece
confiança, que está envolvida
com a máfia do bingo", disse.
Em sua opinião, o PT vai sair
"manchado" do caso Waldomiro.
"Nós não temos prática de governo, nós vamos enfrentar muitas
dificuldades para sair do problema." De acordo com Wagner, o
governo não pode ser julgado pela atitude de um funcionário. "O
que nós defendemos é a transparência, o que nós defendemos é
uma punição exemplar para todos os envolvidos."
Jaques Wagner disse também
que a base governista agiu corretamente ao barrar a criação de
uma CPI para investigar as denúncias. "Governo é uma coisa,
oposição é outra. Enganou-se
quem achava que o PT no governo agiria da mesma forma da época em que era oposição."
No entanto, Wagner reconheceu que, se o caso Waldomiro tivesse ocorrido no governo do ex-presidente Fernando Henrique
Cardoso, o partido teria outra posição e defenderia a instalação
imediata de uma CPI.
"Claro que a gente iria defender
a CPI. Mas, agora, somos governo, a realidade é muito diferente.
Quando a gente vai comprar, a
gente quer pagar o menor preço.
Quando vamos vender, queremos
o melhor resultado. No governo,
o PT é comprador."
Para o ministro, o presidente
Lula tomou todas as providências
para esclarecer as denúncias. "O
presidente não vai ficar deitado
em cima de um esqueleto. O governo tem de continuar, a nossa
proposta é realizar profundas
mudanças sociais no Brasil."
Jaques Wagner disse também
que a crise provocada pelo caso
Waldomiro é o "batismo de fogo
do PT". "Seria muita ingenuidade
a gente pensar que o governo do
PT passaria quatro anos sem nenhum problema. O importante é
que tudo será esclarecido e a sociedade será informada de todas
as providências que tomamos."
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