São Paulo, Terça-feira, 23 de Fevereiro de 1999
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CONGRESSO
Fundo nem sempre resolve problemas das nações onde atua, diz senador
ACM critica intromisssão do FMI em problemas internos

da Sucursal de Brasília


O presidente do Senado, Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA), afirmou ontem que o FMI (Fundo Monetário Internacional) não pode ter ingerência sobre os assuntos brasileiros. O ataque ao FMI, feito no discurso de instalação da 51ª legislatura do Congresso, foi aplaudido pelo plenário e elogiado por parlamentares de esquerda.
"Entendemos que o governo necessita ir ao FMI, mas nem por isso o FMI pode se intrometer nos problemas nacionais, sobretudo para criar dificuldades para as camadas mais pobres do Brasil", discursou o senador. Tentando preservar de seus ataques o ministro da Fazenda, Pedro Malan, o presidente do Senado afirmou que ele tem defendido uma posição soberana para o país. "Mas temos de saber que infelizmente este órgão teima em intrometer-se na vida das nações nem sempre para resolver os seus problemas".
ACM recorreu ao escritor Machado de Assis para dar seu recado: "Soberania nacional é a coisa mais bela do mundo, dizia Machado de Assis. Mas, completava um grande mestre, é preciso que seja soberania e que seja nacional".
O governo brasileiro está negociando com o FMI um acordo para receber um socorro internacional de US$ 41,5 bilhões. O dinheiro deve permitir que o país consiga cumprir seus compromissos internacionais.
Como é praxe nesses casos, o FMI impõe condições para o empréstimo, que podem variar de corte de gastos públicos a alterações na política de juros. Na visão do Fundo, trata-se de garantir que o país vá seguir uma política econômica consistente, de forma a poder honrar suas dívidas.
Quando terminou seu discurso, o presidente do Senado foi provocado pelo senador José Eduardo Dutra (PT-SE): "Só faltou mandar o FMI para casa", disse o petista. Ao que ACM respondeu: "Go home" (vá para casa, em inglês).
ACM foi abraçado por Haroldo Lima (PC do B-BA), que disse: "O presidente Fernando Henrique Cardoso enviou um discurso tão chocho e o senhor deu um banho".

Itamar
ACM iniciou seu discurso, feito de improviso a partir de um esboço preparado previamente, combatendo Itamar e cobrando da União ações para socorrer os Estados, por meio de seus organismos, como o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), o Banco do Brasil, a Caixa Econômica Federal e outros ministérios. Disse que as divergências entre Estados e União, que já duram dois meses, não podem mais continuar.
"Para mim, a situação é inteiramente fácil de decisão e já poderia estar plenamente esclarecida. Contratos existentes devem ser e serão cumpridos. Mas, nem por isso, o Executivo poderá deixar de atender aos reclamos dos Estados pelas vias competentes dos seus organismos", disse.
Sem citar Itamar, ACM criticou os governantes que não conseguem sanear suas finanças. Segundo ele, é obrigação dos Estados e da União utilizar bem os recursos de que dispõem.
"Ai daquele que não vir que isso é necessário e que queira, por qualquer outro motivo, por uma intransigência, encobrir uma incompetência. O eleitorado sabe distinguir, na hora própria, aqueles que cumpriram ou não com os seus deveres."


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