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CONGRESSO
Fundo nem sempre resolve problemas das nações onde atua, diz senador
ACM critica intromisssão
do FMI em problemas internos
da Sucursal de Brasília
O presidente
do Senado, Antonio Carlos
Magalhães
(PFL-BA), afirmou ontem que
o FMI (Fundo
Monetário Internacional) não pode ter ingerência sobre os assuntos brasileiros. O
ataque ao FMI, feito no discurso de
instalação da 51ª legislatura do
Congresso, foi aplaudido pelo plenário e elogiado por parlamentares de esquerda.
"Entendemos que o governo necessita ir ao FMI, mas nem por isso
o FMI pode se intrometer nos problemas nacionais, sobretudo para
criar dificuldades para as camadas
mais pobres do Brasil", discursou
o senador.
Tentando preservar de seus ataques o ministro da Fazenda, Pedro
Malan, o presidente do Senado
afirmou que ele tem defendido
uma posição soberana para o país.
"Mas temos de saber que infelizmente este órgão teima em intrometer-se na vida das nações nem
sempre para resolver os seus problemas".
ACM recorreu ao escritor Machado de Assis para dar seu recado: "Soberania nacional é a coisa
mais bela do mundo, dizia Machado de Assis. Mas, completava um
grande mestre, é preciso que seja
soberania e que seja nacional".
O governo brasileiro está negociando com o FMI um acordo para
receber um socorro internacional
de US$ 41,5 bilhões. O dinheiro deve permitir que o país consiga
cumprir seus compromissos internacionais.
Como é praxe nesses casos, o
FMI impõe condições para o empréstimo, que podem variar de
corte de gastos públicos a alterações na política de juros. Na visão
do Fundo, trata-se de garantir que
o país vá seguir uma política econômica consistente, de forma a poder honrar suas dívidas.
Quando terminou seu discurso,
o presidente do Senado foi provocado pelo senador José Eduardo
Dutra (PT-SE): "Só faltou mandar
o FMI para casa", disse o petista.
Ao que ACM respondeu: "Go home" (vá para casa, em inglês).
ACM foi abraçado por Haroldo
Lima (PC do B-BA), que disse: "O
presidente Fernando Henrique
Cardoso enviou um discurso tão
chocho e o senhor deu um banho".
Itamar
ACM iniciou seu discurso, feito
de improviso a partir de um esboço preparado previamente, combatendo Itamar e cobrando da
União ações para socorrer os Estados, por meio de seus organismos,
como o BNDES (Banco Nacional
de Desenvolvimento Econômico e
Social), o Banco do Brasil, a Caixa
Econômica Federal e outros ministérios. Disse que as divergências
entre Estados e União, que já duram dois meses, não podem mais
continuar.
"Para mim, a situação é inteiramente fácil de decisão e já poderia
estar plenamente esclarecida.
Contratos existentes devem ser e
serão cumpridos. Mas, nem por isso, o Executivo poderá deixar de
atender aos reclamos dos Estados
pelas vias competentes dos seus
organismos", disse.
Sem citar Itamar, ACM criticou
os governantes que não conseguem sanear suas finanças. Segundo ele, é obrigação dos Estados e da
União utilizar bem os recursos de
que dispõem.
"Ai daquele que não vir que isso é
necessário e que queira, por qualquer outro motivo, por uma intransigência, encobrir uma incompetência. O eleitorado sabe distinguir, na hora própria, aqueles que
cumpriram ou não com os seus deveres."
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