São Paulo, Terça-feira, 23 de Fevereiro de 1999
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CRISE FEDERATIVA
Signatário da "Carta de Porto Alegre", governador reafirma decisão de não ir a encontro com FHC
Itamar diz ter errado ao assinar manifesto

PATRÍCIA ANDRADE
da Reportagem Local


O governador mineiro, Itamar Franco (PMDB), afirmou ontem que cometeu um "erro" ao assinar a "Carta de Porto Alegre".
O texto foi produzido pelos governadores de oposição durante encontro realizado na capital gaúcha no dia 5 de fevereiro.
Ele disse que cometeu dois equívocos relativos à assinatura de documentos. O primeiro foi o texto chamado "Só Diretas", assinado por lideranças políticas que se comprometiam a não participar do Colégio Eleitoral, que elegeu indiretamente Tancredo Neves, em 1985. O segundo, disse, foi a "Carta de Porto Alegre".
"Eu quero deixar claro, aqui na presença do José Dirceu, que não estou pedindo nada aos governadores. Mas é claro que vou ter sempre cuidado ao assinar as coisas. Não me peçam para assinar mais nada", disse, lembrando que a suspensão das sanções a Minas foi uma condição colocada na Carta. Itamar deu essa declaração ao lado do presidente do PT, deputado José Dirceu, em São Paulo.
O peemedebista reafirmou que não vai à reunião dos governadores com o presidente Fernando Henrique. Ele disse que só participaria do encontro se o governo federal suspendesse os bloqueios de repasse de recursos para o Estado.
"Enquanto o governo continuar amesquinhando Minas, enquanto tiver fazendo o bloqueio dos nossos recursos, não posso ir."
Itamar preferiu não criticar a decisão de seus colegas de oposição de ir à reunião. "Eu fiquei perplexo no primeiro momento. Hoje, encaro com a maior naturalidade. Não estou pedindo a ninguém que deixe de se encontrar com Sua Excelência", afirmou.
Itamar aproveitou a entrevista para, mais uma vez, criticar FHC. Ele acusou o governo federal de não estar pagando em dia a contribuição do Brasil a organismos internacionais, como a Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura) e a OEA (Organização dos Estados Americanos).
O governador foi embaixador do Brasil na OEA, entre setembro de 1996 e novembro de 1997.
"Nós entendemos que, pela primeira vez na história republicana, o presidente comunica aos organismos internacionais problemas dos Estados. Isso é quebra de princípio constitucional. E quando o governo brasileiro não paga organizações internacionais, como a Unesco? Isso é calote? Eu estive na OEA e quantas vezes ficávamos ameaçados de não votar por falta de pagamento?" Para Itamar, quem tem de iniciar o diálogo, num "gesto de grandeza", é FHC.


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