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CRISE FEDERATIVA
Signatário da "Carta de Porto Alegre", governador reafirma decisão de não ir a encontro com FHC
Itamar diz ter errado ao assinar manifesto
PATRÍCIA ANDRADE
da Reportagem Local
O governador
mineiro, Itamar
Franco
(PMDB), afirmou ontem que
cometeu um
"erro" ao assinar a "Carta de
Porto Alegre".
O texto foi produzido pelos governadores de oposição durante
encontro realizado na capital gaúcha no dia 5 de fevereiro.
Ele disse que cometeu dois equívocos relativos à assinatura de documentos. O primeiro foi o texto
chamado "Só Diretas", assinado
por lideranças políticas que se
comprometiam a não participar
do Colégio Eleitoral, que elegeu indiretamente Tancredo Neves, em
1985. O segundo, disse, foi a "Carta
de Porto Alegre".
"Eu quero deixar claro, aqui na
presença do José Dirceu, que não
estou pedindo nada aos governadores. Mas é claro que vou ter sempre cuidado ao assinar as coisas.
Não me peçam para assinar mais
nada", disse, lembrando que a suspensão das sanções a Minas foi
uma condição colocada na Carta.
Itamar deu essa declaração ao lado
do presidente do PT, deputado José Dirceu, em São Paulo.
O peemedebista reafirmou que
não vai à reunião dos governadores com o presidente Fernando
Henrique. Ele disse que só participaria do encontro se o governo federal suspendesse os bloqueios de
repasse de recursos para o Estado.
"Enquanto o governo continuar
amesquinhando Minas, enquanto
tiver fazendo o bloqueio dos nossos recursos, não posso ir."
Itamar preferiu não criticar a decisão de seus colegas de oposição
de ir à reunião. "Eu fiquei perplexo
no primeiro momento. Hoje, encaro com a maior naturalidade. Não
estou pedindo a ninguém que deixe de se encontrar com Sua Excelência", afirmou.
Itamar aproveitou a entrevista
para, mais uma vez, criticar FHC.
Ele acusou o governo federal de
não estar pagando em dia a contribuição do Brasil a organismos internacionais, como a Unesco (Organização das Nações Unidas para
a Educação, Ciência e Cultura) e a
OEA (Organização dos Estados
Americanos).
O governador foi embaixador do
Brasil na OEA, entre setembro de
1996 e novembro de 1997.
"Nós entendemos que, pela primeira vez na história republicana,
o presidente comunica aos organismos internacionais problemas
dos Estados. Isso é quebra de princípio constitucional. E quando o
governo brasileiro não paga organizações internacionais, como a
Unesco? Isso é calote? Eu estive na
OEA e quantas vezes ficávamos
ameaçados de não votar por falta
de pagamento?" Para Itamar,
quem tem de iniciar o diálogo,
num "gesto de grandeza", é FHC.
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