São Paulo, sexta-feira, 23 de março de 2001

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PAINEL


Mercado futuro
A queda na Bolsa de Valores aumentou o poder de barganha de parlamentares da base aliada que negociam não assinar o pedido de CPI da corrupção. Usam o argumento do governo: a investigação traria ainda mais instabilidade econômica ao país.

Plano B
A oposição estuda mudar de estratégia e tentar uma CPI apenas no Senado, onde considera possível obter as 27 assinaturas. A CPI conjunta depende do apoio de 171 deputados. Ontem, contabilizavam-se 128 votos favoráveis à apuração na Câmara.

Papel secundário
Paulo Souto e Waldeck Ornélas, os dois senadores carlistas, ainda não assinaram o pedido de CPI. Provocação petista: "O coronel ACM está perdendo as estrelas de sua patente ou tudo isso é só mais um jogo de cena".

Outra convicção
FHC tentou, mas não convenceu José Alencar a refutar a CPI. Ontem, o peemedebista escreveu ao tucano: "Como democrata, (...) desejo anunciar a disposição de dar voto favorável a todo pedido de inquérito parlamentar que concorra para desfazer o clima de desencanto que tomou conta da população".

Além do muro
Um senador tucano prometeu ontem à oposição assinar a CPI da corrupção se faltar apenas um nome para aprová-la.

Ajuda do vizinho
Celso Lafer (Relações Exteriores) esteve na quarta na Bolívia buscando um acordo para a construção de mais um gasoduto entre os dois países. É uma amostra da preocupação do governo com a crise energética.

Outro lado
Segundo o Ministério da Saúde, Borborema (SP) não recebeu recursos para dengue nos últimos dois anos porque não prestou contas do dinheiro repassado à cidade pelo governo em 98.


Reação imediata
Já começou no Congresso o lobby de empresários contra o projeto que eleva a multa do FGTS, em caso de demissão sem justa causa, de 40% para 50%.

Cartão vermelho
A Executiva do PSDB no Espírito Santo reúne-se na próxima segunda para discutir a expulsão do partido do prefeito de Vitória, Velloso Lucas, e do deputado federal Ricardo Ferraço, o mais votado do Estado.

Articulação perigosa
Lucas e Ferraço participaram no último sábado de um ato de oposição ao governador José Ignácio (PSDB), no interior capixaba. A cúpula estadual do partido argumenta que eles cometeram traição ao governador.

Mérito alheio
Versão do Planalto para o aumento da taxa de juros: FHC não sabia de nada. Diz que o BC é independente para tomar esse tipo de decisão. Comentário na oposição: "É o tipo de discurso conveniente para evitar responsabilidades quando, como ontem, o efeito é negativo".

Iniciativa privada
O encontro entre Itamar Franco e Roberto Jeha, vice-presidente da Fiesp, anteontem, não surpreendeu a entidade. Nacionalista, em posição isolada na federação, ele tem defendido em conversas reservadas até a hipótese de uma chapa Itamar-Ciro.

Opinião autorizada
Autor de "O ócio criativo", o sociólogo italiano Domenico de Masi telefonou para Marta Suplicy. Elogiou a realização de sessões de psicodrama em mais de 160 pontos da cidade.

Visita à Folha
Sérgio Besserman Vianna, presidente do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), visitou ontem a Folha, onde foi recebido em almoço. Estava acompanhado de Luiz Mario Gazzaneo, gerente de Comunicação Social do IBGE.

TIROTEIO

De Paulo Hartung (ES), líder do PPS no Senado, sobre a proposta de agenda positiva do governo FHC:
- Que agenda positiva é essa? Aumento da CPMF, aumento da multa do FGTS, aumento do desconto do FGTS, aumento da taxa de juros... Isso é o círculo vicioso da crise.

CONTRAPONTO

Sindicalista ilustre

O presidente Fernando Henrique Cardoso reuniu-se anteontem com dirigentes de centrais sindicais para divulgar o pagamento da multa do FGTS.
A única central sindical que não enviou representantes à reunião foi a CUT (Central Única dos Trabalhadores), que foi excluída das negociações.
No início da reunião, o deputado federal Luiz Antônio Medeiros (PL-SP), líder da Força Sindical, perguntou se a CUT não havia sido convidada.
A resposta de FHC surpreendeu os presentes:
- Eu sou o representante da CUT. Sou sociólogo, e o sindicato da minha categoria é filiado à CUT.
Em meio à gargalhada geral, Medeiros retrucou:
- Se o senhor é o representante da CUT, não vale. Porque sociólogo é tudo funcionário público. E funcionário público não recebe fundo de garantia.


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