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ALIADOS EM CRISE
Para governador, debate não pode ficar restrito ao Congresso
Itamar pede mobilização nas ruas em favor de CPI
DA AGÊNCIA FOLHA
O governador de Minas Gerais,
Itamar Franco (PMDB), defendeu
em São Paulo uma "mobilização
nacional nas ruas" pela instalação
de uma CPI no Congresso para
apurar denúncias de corrupção.
Ele e o presidenciável Ciro Gomes (PPS) reiteraram ontem as
críticas ao presidente Fernando
Henrique Cardoso e à base aliada
do governo no Congresso.
"Se o próprio Congresso Nacional está com dificuldades de criar
uma CPI, se o presidente da República impede essa CPI, esse debate tem que ser levado para fora.
Ele não pode ficar cingido hoje ao
Congresso", disse Itamar.
Durante uma palestra em Porto
Alegre, Ciro afirmou que FHC, o
senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA) e o presidente do
Senado, Jader Barbalho (PMDB-PA), "têm razão" em suas divergências mútuas. ""Há um espetáculo vulgar em que ACM, Jader e
FHC trocam acusações ficando
nós outros cá com a sensação de
que todos têm razão no que estão
dizendo", disse.
Militares
O governador mineiro voltou a
afirmar que a corrupção no governo FHC "é endêmica". Para
ele, só a pressão dos setores organizados da sociedade evitará que
o debate sobre o tema fique restrito ao Congresso.
"Por que (o debate) não pode ficar cingido ao Congresso Nacional? Porque, infelizmente, parte
dos congressistas não permite a
criação da CPI. Eu já fui parlamentar durante 16 anos e sei que é
complicado", disse.
Itamar voltou a defender o envolvimento de militares no combate à corrupção no país. O governador fez questão de explicar que
a participação dos militares ficaria restrita aos oficiais da reserva,
e que as Forças Armadas não participariam como instituição.
"Agora, esses idiotas que ficam
falando em golpismo, onde é que
eles estavam em 1964 e em 1968,
quando do AI-5? Eu estava lá na
Prefeitura de Juiz de Fora, estava
no Senado, podendo ter meu
mandato cassado na defesa da democracia. E onde eles estavam? O
próprio presidente da República
estava no exterior", disse.
Articulação
Itamar está em São Paulo desde
anteontem, fazendo articulações
políticas. Acompanhado dos assessores Henrique Hargreaves e
Alexandre Dupeyrat, que foram
ministros quando Itamar ocupou
a Presidência (1992-1994), o governador mineiro se reuniu com
o diretor-executivo do Ibope,
Carlos Augusto Montenegro.
O grupo discutiu pesquisas sobre a viabilidade de Itamar vira a
ser candidato a presidente. Para o
governador mineiro, a prioridade
é tentar viabilizar a tese de uma
candidatura própria de seu partido. "O PMDB, se não tiver candidato, está liquidado", afirmou.
No início de abril, Itamar vai
discutir o assunto com o senador
Pedro Simon (PMDB-RS). Simon
teve sua pré-candidatura à Presidência lançada em novembro
passado. Itamar ainda não oficializou sua pretensão, mas se movimenta como candidato.
Desde o lançamento da candidatura Simon, comenta-se no
PMDB que o senador estaria apenas esquentando a vaga a ser
eventualmente ocupada por Itamar. Ambos são amigos pessoais.
O próprio retorno de Itamar ao
PMDB, avalizado pela cúpula que
hoje controla o partido -Jader
Barbalho (presidente do Senado),
Eliseu Padilha (Transportes),
Geddel Vieira Lima (líder na Câmara) e Michel Temer (ex-presidente da Câmara)- é um indício
forte de que o partido pretende
usar o governador mineiro como
opção caso não vingue uma aliança com os tucanos em 2002.
Em uma análise sobre os cenários para a sucessão de FHC em
2002, Ciro afirmou que, ""se Itamar hegemonizar o PMDB, significa que o PMDB terá se mudado
para o campo da oposição. Se isso
acontecer, o PMDB fará parte da
coalizão de oposição".
De acordo com o presidenciável
do PPS, "hoje quem manda no
PMDB é o Jader Barbalho".
(PAULO MOTA e LÉO GERCHMANN)
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