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Procuradoria diz ter prova de ida de
Waldomiro à Caixa no ano passado
IURI DANTAS
MARTA SALOMON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O Ministério Público Federal
obteve documentação que comprova uma visita de Waldomiro
Diniz, ex-subchefe de Assuntos
Parlamentares da Casa Civil, à sede da CEF (Caixa Econômica Federal) no dia 25 de março do ano
passado, véspera de uma reunião
entre os diretores do banco e executivos da GTech do Brasil, multinacional que gerencia o sistema
de loterias do país.
Em depoimento à Polícia Federal, o ex-presidente Antonio Carlos Lino Rocha e o diretor de Marketing, Marcelo Rovai, ambos da
GTech disseram que Waldomiro
vinculou a renovação de contrato
com a Caixa à contratação de Rogério Tadeu Buratti como consultor por um valor que acabou sendo reduzido para R$ 6 milhões.
Buratti foi secretário de Governo
do ministro Antonio Palocci Filho
(Fazenda) durante sua gestão na
Prefeitura de Ribeirão Preto.
Buratti será intimado a depor
na PF na semana que vem, para
esclarecer as informações dadas
pelos executivos. Em entrevistas
recentes, ele afirmou desconhecer
Waldomiro Diniz.
Ainda não se sabe com quem
Waldomiro se encontrou no dia
25 de março do ano passado. Procuradores obtiveram na quinta-feira uma cópia do CD de arquivo
da portaria do prédio da Caixa em
Brasília, no qual ficam registrados
os nomes e documentos de todos
que entram no edifício.
A Caixa informou que desconhece o conteúdo do CD e considera que o Ministério Público extrapolou suas funções ao "confiscar" o disco, que seria o original.
O banco preparava no início da
noite de ontem uma representação judicial contra o procurador
Marcelo Serra Azul, com base na
Lei Orgânica do Ministério Público. Segundo o banco, deveria ter
havido um requerimento oficial
das informações, concedendo
prazo de dez dias para que o CD
fosse entregue.
A assessoria de imprensa de
Serra Azul afirmou que ele agiu
dentro do permitido pela lei, pois
não teria havido busca e apreensão, apenas a requisição do CD à
equipe de segurança que prontamente o entregou.
"Pessoa influente"
Na reunião do dia 26 de março,
o banco estatal agendou para dali
a cinco dias a assinatura do contrato com a GTech. Na manhã de
31 de março, Waldomiro informou aos executivos que uma
"pessoa influente", que seria Buratti, os procuraria. À tarde, Paulo
Bretas, vice-presidente de Logística da CEF e coordenador da negociação com a GTech, telefonou informando de "pendências jurídicas" sobre o contrato, que só foi
renovado no dia 8 de abril. A Caixa sempre negou qualquer contato de Waldomiro com Bretas.
Em março do ano passado,
Waldomiro ainda ocupava a subchefia de Assuntos Parlamentares
do ministro-chefe da Casa Civil,
José Dirceu.
O Ministério Público Federal e a
Polícia Federal investigam se
Waldomiro praticou corrupção e
tráfico de influência interferindo
na renovação de contrato da Caixa com a GTech.
Waldomiro foi exonerado "a
pedido" no dia 13 de fevereiro,
quando foi divulgado vídeo em
que pedia propina ao empresário
de jogos Carlos Augusto Ramos, o
Carlinhos Cachoeira. Este mesmo
empresário combinou o primeiro
encontro de Waldomiro com Rovai e Lino Rocha, da GTech, em
janeiro do ano passado.
Depoimento
O presidente da CEF, Jorge Mattoso, dará explicações hoje, às 10h,
na CFC (Comissão de Fiscalização e Controle) do Senado sobre a
renovação do contrato entre a
instituição e a GTech.
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