São Paulo, terça-feira, 23 de março de 2004

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TODA MÍDIA

Cores tucanas

NELSON DE SÁ

No fim da semana passada, José Serra disse ao "Estado" que os governadores tucanos estão fora do encontro da "frente de oposição", quinta que vem, porque "eles não têm que cuidar do cotidiano do embate partidário".
Pode ser, mas se evidenciou um conflito que era preciso amenizar. E ontem "O Globo" trouxe Serra negando a divisão e dizendo concordar até com o discurso pró-Palocci de Tasso Jereissati. Dois líderes serristas no Congresso ecoaram.
No mesmo "O Globo", uma avaliação diferente, de Tereza Cruvinel, dizia que "a unidade tucana está turvada.
Tanto é assim que o velho amigo de Tasso, Ciro Gomes, pode estar a caminho do PTB, que já convidou o governador tucano Aécio Neves. E outro governador tucano, Cássio Cunha Lima, já teria até data de filiação prevista.
Daí talvez o retorno à cena de FHC -que a CBN descrevia ontem como ainda "a grande referência para a oposição", ele que fez jantar preparatório do encontro, ontem à noite.
Mas o que é a "frente" que vem aí, sob as asas de FHC? Jorge Bornhausen traz a lista dos convidados, no site do PFL: ele mesmo, Serra, Brizola e Espiridião Amin. Não fala de Tasso ou Aécio.
 
Entre os confirmados, faltou apenas citar Paulinho, recém-brizolista, mas sobretudo o chefe da Força Sindical -que, coincidência ou não, convoca em seu site manifestações pelo país todo, na véspera da estréia da "frente de oposição".

Globo News/Reprodução
COMBATE Enquanto a Radiobrás anunciava que Lula e o "núcleo duro" passariam "toda a manhã no palácio", José Dirceu surgia ao vivo na Globo News em palestra sobre "inclusão social". Com o logotipo do canal ao fundo, esforçou-se num espetáculo de "combatividade" que ecoou por Rede Globo, CBN, Globo.com, etc.


Problemas

Chico Buarque opinou sobre o governo Lula, e dias depois Caetano Veloso também.
Ricardo Noblat, de "O Dia", perguntou ao músico, que diz ter votado em Lula, "como vai o governo". Resposta:
- Com grandes problemas, no momento... Claro que Serra começaria de cara com uma política menos ortodoxa.
Mas não é Serra a alternativa de que ele mais gosta, ao que parece -e sim o ex-guru de Ciro Gomes e Brizola:
- Gosto é das observações e das sugestões de Mangabeira Unger. Ele aponta saídas.

Futebol

Corre por televisão, rádio e internet uma nova metáfora futebolística, agora para tentar explicar a "indisciplina", como descreveu Boris Casoy, que grassa no governo Lula:
- Falta capitão e técnico.
Ou ainda:
- O capitão sofreu contusão e o time perdeu o rumo.

Cala-boca

Não é capitão nem técnico, mas sobrou para o ministro Luiz Gushiken falar grosso, no Jornal Nacional:
- A liberdade de opinião dos ministros, dos assessores que o presidente escolheu, se restringe às reuniões internas.

Lula lá

Mas Lula ainda tem os seus fãs, pelo mundo afora.
O "Financial Times" trouxe reportagem com o título "Lula planeja ajudar pobres do Brasil a estudar em universidades".
E o "El País", no meio dos choques do atentado e eleição, arrumou tempo para destacar "O sonho de Lula" no caderno "Babelia", com uma crítica de dois livros sobre o presidente, "Tengo un Sueño", do próprio Lula, e "Por fin, Brasil", de duas jornalistas espanholas.

Autorizada

Pedro Bial, apresentador do "Big Brother Brasil 4", divide o tempo com tarefa diferente -ou não. Dele, no "Diário de São Paulo", que é da Globo:
- Estou escrevendo o perfil biográfico do doutor Roberto Marinho. E a pesquisa está sendo fascinante: tive acesso a uma documentação guardada desde o início do século 20 e entrevistei diversas pessoas.
Será, de acordo com Pedro Bial, "uma história do Brasil contada através da biografia do maior empresário do país".

Empregos lá

É corrente, nos comerciais de empresas brasileiras, apelar para o nacionalismo.
O "Wall Street Journal" de ontem ironizava uma situação insólita, mencionando uma propaganda que dizia:
- Muito da América vai nas aeronaves que construímos.
E o slogan, no final:
- Fortalecendo a aviação americana. Criando empregos americanos.
Era da Embraer, que está competindo com empresas americanas por contratos de defesa dos Estados Unidos.

CONTRA TODOS
Não foi o assassinato do líder do Hamas que concentrou a atenção nos EUA, mas um novo livro, lançado ontem, "Against All Enemies" (à dir.), contra todos os inimigos, que jogou George W. Bush nas cordas.
"A Casa Branca está em esforço concentrado de controle de danos", descrevia o "Washington Post". Richard Clarke, ex-assessor de Bush, escreveu (e falou à CBS) que:
- O presidente falhou ao não agir antes do 11/9 contra a ameaça da Al Qaeda, apesar de ter sido avisado.
E mais: já em 12/9 ele teria estimulado o ataque ao Iraque.
O "controle" ocupou a assessora Condoleezza Rice o dia todo, com artigo no "WP" e ao vivo na Fox News, CNN, CBS, ABC e NBC. Como nada funcionava, o porta-voz de Bush saiu acusando Clarke de "ligação com a campanha Kerry".

ENDEREÇOS

"O Estado de S.Paulo" - estado.com.br; "O Globo" - oglobo.globo.com/jornal; PFL - www.pfl.org.br; Força Sindical - fsindical.org.br; Radiobrás - www.radiobras.gov.br; "O Dia" - www.odia.com.br; "Financial Times" -ft.com; "El País" - elpais.es; "Diário de São Paulo" - www.diariosp.com.br; "The Wall Street Journal" -wsj.com; "Washington Post" - www.washingtonpost.com; CBS -cbsnews.com


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