São Paulo, terça-feira, 23 de março de 2004

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Evento discute se esquerda também era golpista em 64

DA SUCURSAL DO RIO

Esquerda e direita eram igualmente golpistas em 1964? A polêmica dividiu historiadores e cientistas políticos que participaram, ontem, do primeiro dia do seminário sobre os 40 anos do regime militar, promovido pela FGV (Fundação Getúlio Vargas), UFF (Universidade Federal Fluminense) e UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro).
O clima de golpismo generalizado foi defendido por três pesquisadores do período: Maria Celina D'Araújo (FGV), Carlos Fico (UFRJ) e Jorge Ferreira (UFF). O historiador Jacob Gorender, Caio Navarro de Toledo (Unicamp) e Maria Aparecida de Aquino (USP) disseram ser contra a tese.
O historiador Celso Castro (FGV) foi conciliador: "Por um lado, temos que evitar o papel de vitimização das esquerdas, como se elas, coitadinhas, não tivessem noção do que estavam fazendo. Elas eram atores naquele tenso jogo político que foi o governo João Goulart".
Até os anos 90, a historiografia defendia a tese de que o golpe foi ato exclusivo da direita. Hoje, isso é revisto. Segundo Navarro de Toledo, as chamadas esquerdas que cercavam Jango foram responsáveis pelo "agravamento do processo político" que resultou no golpe, mas não tinham a intenção de pôr fim à ordem democrática. "A idéia de que o golpe de 64 foi preventivo é errada." (MFM)


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