São Paulo, terça, 23 de março de 1999
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Carreira pública inclui controle de estatais em 85

Da Redação

O economista Henri Philippe Reichstul volta ao setor público em uma área que já controlou. No início do governo José Sarney (1985-90), ele comandou, por cerca de um ano, a Secretaria de Controle das Empresas Estatais (Sest).
A passagem do economista pelo governo federal coincidiu com a gestão de João Sayad na Secretaria do Planejamento (1985-87).
Quando deixou a Sest, órgão subordinado ao Planejamento, Reichstul assumiu a secretaria geral da pasta em substituição a Francisco Vidal Luna, ficando no posto até Sayad sair do governo.
Ao deixar a secretaria geral, em abril de 1987, Reichstul brincou com jornalistas: "Vocês querem uma declaração? Pois tomem nota: nós, da iniciativa privada, achamos o governo uma eme".
Em 1988, Sayad, Reichstul e Luna criaram o Banco SRL (referência às iniciais dos três sócios), hoje chamado Banco Inter American Express, após uma associação, em 1997, com o braço bancário da American Express, grupo de cartões de crédito dos EUA.
Desde então, Reichstul vinha ocupando uma das vice-presidências do banco, do qual Sayad é presidente (leia texto ao lado).
A proximidade de Sayad é, porém, anterior ao governo Sarney. Na gestão de Sayad na Secretaria da Fazenda de São Paulo (1983-85), Reichstul foi um de seus assessores, atuando no controle das empresas estatais paulistas.
Ainda no primeiro ano do governo Sarney, quando a área econômica se dividiu em dois grandes blocos, um a favor de cortes nos gastos públicos e outro contra, Reichstul foi um dos principais alvos do primeiro grupo, liderado por Francisco Dornelles, então ministro da Fazenda por indicação do presidente eleito Tancredo Neves, que morreu antes de assumir. Sayad comandava o outro bloco.
Na época, Reichstul defendia a permanência de alguns setores sob controle estatal, como petróleo e telecomunicações, e que, antes de eventual privatização, as empresas públicas deveriam ser saneadas.
Já como secretário-geral do Planejamento, participou da equipe que realizou o Plano Cruzado, lançado em fevereiro de 1986.
No ano seguinte, quando o plano mostrava sinais de fracasso, Reichstul defendeu a redução dos gastos públicos em meio a "medidas de ajuste global" do Cruzado.
Na secretaria geral, ele seria o substituto natural de Sayad, mas, sendo francês naturalizado brasileiro, foi em várias oportunidades impedido de assumir interinamente o Planejamento, que tinha então status de ministério -a Constituição em vigor na época reservava o cargo de ministro somente aos brasileiros natos.
Desde 1988, não pode haver distinção entre brasileiros natos e naturalizados, exceto em casos previstos na atual Constituição. Hoje, os cargos reservados só a brasileiros natos são os de presidente e vice-presidente da República, presidente da Câmara ou do Senado, ministro do Supremo Tribunal Federal e integrante das Forças Armadas e carreiras diplomáticas.


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