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Campanha vai priorizar Previdência
KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Com o slogan "Reformas: o povo quer, o Brasil precisa", a estratégia publicitária e política do governo é pôr a reforma previdenciária em primeiro lugar e insistir
na manutenção quase integral da
proposta fechada com os governadores. A previdenciária virou
prioridade em relação à tributária
por ser mais desejada pelo mercado devido ao efeito positivo de
curto prazo nas contas públicas.
"Não tem bode nem cabra", diz
o presidente Luiz Inácio Lula da
Silva a interlocutores que indagam se a cobrança previdenciária
de servidores inativos é uma medida dura a ser retirada em negociação para facilitar a aprovação
do resto do pacote.
"O presidente opera por consenso. Ele fechou um acordo com
os governadores. Não está nos
planos dele desistir do que acertou quando o projeto já estiver no
Congresso", disse à Folha um
membro da cúpula do governo.
Detalhe: Lula avalia que, aprovada a reforma previdenciária, terá margem para redução da taxa
de juros, o que permitirá um
maior crescimento econômico.
Ganharia o mandato e estaria perto da reeleição em 2006.
No limite, o único ponto negociável da reforma seria o limite de
isenção da cobrança. Lula deverá
insistir no valor de R$ 1.058, a partir do qual haveria tributação de
11%, o acertado com os governadores. Mas o PT já prega R$ 2.400.
O valor de R$ 1.058 é tido como
alto pelos Estados. Elevá-lo poderia minar o custo-benefício da
medida vista como impopular.
No Congresso, Lula pretende
enquadrar os radicais do PT de
cara, dando exemplo aos aliados.
Ele se reunirá com as bancadas de
todos partidos, até da oposição.
Na frente jurídica, emissários de
Lula colheram do STF (Supremo
Tribunal Federal) sinal verde para
apresentar a medida via alteração
constitucional. Tentativas anteriores fracassaram por não trilhar
esse caminho. Apesar de não ser
admitido, um critério para a escolha dos três novos ministros do
Supremo, a ser feita em maio, será
o comprometimento jurídico deles com as reformas.
Campanha
O governo quer levar ao ar ainda nesta semana a campanha publicitária das reformas, priorizando a previdenciária. Pesquisas do
governo mostram respaldo da
população à mudança das regras
de aposentadoria dos servidores.
Os ministros Luiz Gushiken
(Comunicação de Governo) e Ricardo Berzoini (Previdência) fechariam ontem detalhes das peças.
Além de a reforma da Previdência ser a "queridinha" do mercado, outro motivo para o governo
deixar a reforma tributária em segundo plano é a avaliação de Lula
de que falta mais apoio empresarial à proposta tributária. Ele julgou um "alerta" as críticas feitas
na semana passada pelo vice-presidente da República, José Alencar, e o presidente da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de
São Paulo), Horacio Lafer Piva.
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